segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Diferentes como ELES...



As próximas eleições presidenciais vão apresentar-se como o grande tema de conversa na vida pública portuguesa até meados de Janeiro, isto claro, depois de grandes temas como a 1ª Companhia ou o futebol…
Os últimos dias têm sido um suceder de apresentações e re-apresentações de candidatos supra e infra partidários. Entre eles, muitos mesmo, representantes de todos os espectros e fantasmas da esquerda à direita, e nada de novo:

Jerónimo de Sousa, qual personificação margem-sulista do mito operário de Lula da Silva antes do Mensalão, tem uma verdadeira batalha com Francisco Louçã, pela colocação do PCP e do BE, respectivos partidos, nas posições de segundo partido da esquerda (ou será mesmo o primeiro?).

Por outro lado temos a candidatura desvinculada de um poeta, Manuel Alegre, representante de um partido dentro de outro partido, na campanha para as presidenciais, estilhaçado por mais um erro de casting. Representante também de um Partido Socialista afastado da Terceira-Via, dessa esquerda com tiques neoliberais que só não se confunde com alguns partidos de centro direita pelas bandeiras sociais do costume, rotas e gastas de tanto serem hasteadas em campanha e arrumadas na ressaca eleitoral. No entanto Alegre, faz lembrar uma versão à esquerda de um Manuel Monteiro crispado.

E depois, independentemente de sondagens e das bipolarizações que a Comunicação Social teima em fazer, qual versão politizada de um Smackdown português, a luta livre entre dois colossos da história da Democracia:

Cavaco Silva, o D. Sebastião empoeirado, mistificado por um nevoeiro que ele próprio provocou, a aparecer qual enviado da Providência para o aparelho económico, a personificar aquilo que pode ser uma “maioria absoluta” presidencialista de recurso para uma Direita derrotada em Março e liderada por mais um par de dirigentes transitórios segurados pelos mesmos praticantes-militantes do costume, e também a esperança vã dos reféns das regalias e dos privilégios, da perguicite aguda portuguesa.

E Mário Soares, para mim o verdadeiro e derradeiro ícone da Democracia portuguesa, e que vem meter-se numa luta de rapazinhos como professor de modernidade e inconformismo, superior a todos eles, digo eu, mas que infelizmente cometeu o erro de descer à Terra. Entristece-me ter de baralhar neurónios e emoções com tanto dilema, trilema e quadrilema… Para mim é certamente, quem dos Colossos, merecia a distinção de personagem mais marcante e importante do pós-25 de Abril, mas desde logo se percebe o quão difícil lhe vai ser a campanha, vendo a recepção que tem junto dos habituais comentaristas e da forma como jornais e televisões o vestem de monarca-republicano balofo: enfim, um erro e uma ingratidão sobretudo.

Mas os cinco candidatos são sobretudo um pentilema para quem, farto da indefinição do país, deita o voto na urna como última esperança. Se quiser castigar o governo, não o castiga muito votando em Cavaco Silva, que já se mostrou colaborante com a acção governativa de Sócrates. Votar em Soares, será o mesmo que votar em Sócrates, votar em Alegre será votar contra todos e votar nos outros dois candidatos é participar de uma guerrinha entre a esquerda restritamente urbana de Louçã e a restritamente restrita de Jerónimo de Sousa.

De uma coisa estou certo: nenhum deles é o D. Sebastião pronto a fazer jorrar jazidas de petróleo do Beato que alimentem de dinheiro as regalias de sofá deitado que todos em Portugal anseiam.

O próximo Presidente tem de ser sobretudo um português equilibrado, moderno e que mobilize toda uma nação naquilo que tem e sabe fazer melhor. Já conhecemos estes senhores naquilo que fizeram e não fizeram, e deles deveria sair o que melhor cumpriria estas parcas exigências, mas olho e interrogo-me: Porque não uma mulher?

7 comentários:

Anónimo disse...

Descobri este blog ha pouco tempo e gostei do que li, tens boas ideias e uns bons ideais.
....
Em relação a este post depois do que li, digo o seguinte. Acho que cada vez mais nem o cavaco (porque foi o causador da nossa crise económica)nem o soares (porque já nao tem idade para estas andanças, e pelo que o PS fez com Manuel Alegre) merecem ser os próximos presidentes. É como dizes pq nao uma mulher a presidente, talvez fizesse melhor figura. Abraço

Artaud disse...

Pois... mas parece q n ha nenh1 mulher a candidatar-se...
A questão do voto de confiança em representantes do BE e PCP creio ser algo mais q uma simples "guerrinha" entre "esquerdas" diferentes... haverá algo mais substancial por de trás... talvez algo ideologico?!
Quanto a Mario Soares em nada mereceria essa tal distinção de personagem marcante do pós - 25_04_74; talvez tivesse direito sim no pre25_04,ctd o seu pensamento a partir dai mostrou um homem que levava o "seu" partido para um "centrismo" baralhado. Chegando mm a apontar o dedo a valores e ideias que com tanto furor participou (relembrar relação Cunhal-Soares ants e dps 25_04_74)!!
Mais: a comparação que fazes entre JSousa e L da Silva só demontra uma descrença na possivel organização politica de um país. e essa descrença politica cedo se transformará num conformismo politico
Abraço

Anónimo disse...

Devo desde já dizer que não sendo nenhum amante exagerado da política gosto de debater assuntos com ela relacionados, pois, para mim, é condição essencial de qualquer “bom português” interessar-se pelo tabuleiro onde se joga o nosso futuro.
Sobre as presidenciais gostaria de referir o seguinte:
Quando nasci, em 1986, sua excelência o “ícone da Democracia” era o Presidente da República do nosso tão atrasadinho país de então. Sem dúvida nenhuma, não podemos ser ingratos ao ponto de esquecermos tudo o que Soares fez pelo nosso país. O ingresso de Portugal na altura Comunidade Europeia, processo impulsionado pelo Presidente de então, quiçá tenha sido o momento mais marcante para todos nós, na medida em que, tal nos fez dar um pulo, um grande “pincho” rumo ao desenvolvimento, ao progresso e ao crescimento do nosso país. Hoje, porventura, podemos estar insatisfeitos com a nossa condição de “um dos mais obsoletos estados da União”, porém, temos de olhar para trás e enxergar aquilo que éramos (ou não éramos) e o que actualmente somos.
Sem esquecer tudo o que Soares fez por nós e toda a sua vontade em continuar a fazer, fico profundamente entristecido com o facto de a personagem apresentada pelo PS para a candidatura a Belém, ser a mesma de há 20 anos atrás. Isto demonstra uma falta de renovação política que me deixa desolado e desencantado. Aquele que tem sido apelidado por muitos como o “Pai da Democracia” devia dar lugar aos mais jovens, por ele tão falados. É esse o papel de um pai. Trabalhar, educar, doutrinar para, no fim, depois de feita essa labuta, ceder o lugar a quem também o queira desempenhar, principalmente às gerações mais jovens, àqueles que, conhecedores do mundo moderno, queiram fazer a ponte entre o presente e o futuro e não entre o presente e o passado. Além de tudo isso, Mário Soares tem mostrado fortes incoerências no seu discurso. Quando todos nós estávamos crentes na veracidade das suas palavras (“Basta de cargos políticos, basta de política partidária” – discurso no seu 80.º aniversário) eis que somos confrontados com uma candidatura de um agarrado à política e ao país, enfim, alguém FIDELíssimo ao poder e a cargos públicos.
Do outro lado da barricada está Cavaco Silva, ex-primeiro ministro do país, um economista entendido e um conhecedor da realidade contemporânea. Dele podem dizer os críticos que se trata de mais uma figura agastada, de outros tempos, que também já teve o seu tempo. Logicamente, discordo. Cavaco Silva já foi candidato a Belém, é certo, mas nunca viveu naquele palácio cor-de-rosa, onde até hoje só militantes do partido rosa conseguiram as chaves de entrada. Se queremos a mudança porque não dar a oportunidade a outros, para que novas cores façam história naquele belo palácio.
Como tu dizes, é necessário no nosso país um Presidente moderno e equilibrado. Se fosse eu a escolher, já estava escolhido. Porém o “povo é soberano” e saberá escolher aquele que melhor pode desempenhar um cargo de tal envergadura. Ele que decida. Estou convicto que tomará a decisão certa e que escolherá o homem mais capaz de nos levar para a frente e nos tornar uma nação forte, sã e robusta em termos políticos, económicos e sociais.

Abraço Amigo!
Luís Miguel Sousa

Vítor Pimenta disse...

Porque está na altura de fazer uns pequenos reparos:

caro Artaud: não confundir desvio para o centro com adaptação à realidade, um mundo livre não o é sem as pequenas liberdades de cada um... coisa que se veja em sociedades estalinistas. NEXT!!!

Caro Luís: acredito k sim, pois és um anti-soarista de gema, não fosses um Portista (de Paulo Portas) e respeito claramente a tua opinião; mas Mario Soares assinou o Tratado de Adesão à então Comunidade Europeia como Primeiro-Ministro... os louros (fundos de Coesão) teve-os Cavaco Silva.. terá feito a melhor gestão deles? sim? MRRRRRRRÉÉÉ: Wrong Answer!!!


Ah...E comecem a ler bem... Eu NÃO disse que votava Soares...

Abraço e continuem a dizer mal!

Red Boys ESTAÇÃO disse...

O José Castelo Branco serve?? Ele tanto lhe dá pa direita como pá esquerda, para tras pá frente. ;)
Cavaco the one and only!
Deixem-se de tretas!!
Não tá na hora de ir dar de comer aos trabalhadores Artaud?!

Anónimo disse...

Não consigo entender a comparação do Manuel Alegre com o Manuel Monteiro,qd um foi derrotado num congresso e o outro desacreditado na praça pública, pelo seus camaradas subservientes. Faltou aí falar de outras coisas mais como o facto de Soares ser incoerente e demagogo qdo em 2003 dizia que Cavaco daria um bom Presidente, agora já vem dizer o contrário, que só pensa em economia...e outra, cm pode uma pessoa ser presidente da república qd nem sequer as leis democráticas respeita (isto em relação aos comentários dele, em eleições sucessivas, à boca das urnas) enfim, parece q é emune. Outro registo é o facto de se estar a criar um grande vazio no Partido Socialista, falta de caras novas, cm demonstram as nomeações para cargos governamentais ou empresas governamentais, isto é de facto preocupante pois o PS é um dos maiores partidos deste país.
Sem mais, abraços, fico à espera do feedback

Vítor Pimenta disse...

Caro joão Rodrigues:

Quando comparo Alegre a Monteiro falo da maneira com que ele disparou insinuações e um certo inconformismo demagogo com a república e suas taras durante o congresso de Eleição para Secretário-gera. Nunca soube digerir a derrota que, e apesar de acha-lo uma das faces da boa e verdadeira corrente socialista, teve esse pequeno (grande) senão.

Quanto a Soares... Ele disse muita coisa antes, mas pelos vistos o "panorama e o contexto actual alteraram-se"... E compreendo alguma precipitação em tudo, mesmo o que aponta a Cavaco. Mas a maneira como os MEDIA lhe têm aberto o caminho é revoltante... Ainda ontem, o Jornal da Tarde empontou a reportagem sobre a apresentação da Candidatura de Manuel Alegre para o final do mesmo quando teriam aberto os noticiários com um simples espirro de Cavaco "politico não profissional" Silva...

Quanto a caras novas... não se vêem em lado nenhum... E mantendo as velhas: "porque não uma mulher?"

Abraço e continua a opinar!