sábado, 22 de outubro de 2005

O NEVOEIRO



É cliché... mas os últimos anos não têm sido dos mais saudáveis para o ego nacional. O povo vive emaranhado entre uma resignação fatalista e uma esperança moribunda, entre o Fado e o Nevoeiro… Culpam-se os heróis antigos e os novos, que nem a adrenalina de Afonso Henriques escapa a tanto impropério:" porque nesta altura podíamos ser espanhóis", dizem quase todos, numa de quem quer vender o País como a sua própria alma ao Diabo… Mas a culpa não é do país que pisamos... será antes de cada um de nós?

As Presidenciais de Janeiro tornaram-se o “ringue” sebastianista, onde todos esperam que saia o novo Midas que forre as paredes do País de um ouro que abunde e nos alimente a perguicite portuguesa, só sintomática para cá das fronteiras, o “comprar tudo feito” que os garimpeiros do Amazonas fizeram introduzir na nossa cultura. Desde aí foi sugar sempre, sobretudo as classes altas, desde as colónias africanas aos fundos comunitários que, pretendendo fazer florescer milheirais e infra-estruturas básicas fundamentais, se tornaram os feijões mágicos da Industria da Construção Civil e de um novo-riquismo gritante. O Norte do País, outrora o motor económico, tem-se tornado numa Alemanha de Leste que emperra um país desproporcionado, porque os dinheiros europeus foram desviados, da formação e valorização profissional, para pintar estradas municipais esburacadas de Ferrari’s.

A geração mais nova em idade de trabalhar cai desamparada no mercado de trabalho, empurrada 12 anos desperdiçados num ensino não profissionalizante. Que empresa estrangeira ou nacional quer empregar a quem tem de ensinar como trabalhar? Não bastasse este drama intelectual, arrastam-se os que sobram (e a quem sobra) para a Universidade, vocacionados ou não, para um ensino essencialmente teórico e de tiques salazaristas, de decorar conhecimento em vez de o experimentalizar. A competitividade e a inovação de quem se licencia fica restrita a pequenos oásis num deserto de impreparação.

As dificuldades actuais são o resultado de anos em que não se aproveitou a abundância para as reformas essenciais necessárias que nos poderiam colocar actualmente numa posição bem diferente face a uma crise generalizada e pandémica. Alguns dos culpados encontram-se, nos seus defeitos e virtudes, entre os bustos e múmias que disputam as próximas eleições. Venha o Diabo e escolha, e já agora que nos compre a alma por mais meia dúzia de anos de vacas gordas...
(Foto de Rui Monteiro Santos)

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu kerido... sabes que discordo em muitas coisas que escreveste... O sr mario soares nunca fez nada pelo nosso pais e , além de arrogante e prepotente, nao tem mais qualidades que lhe sirvam de imagem de marca (exceptuando a sua prostata, que segundo afirma, se encontrar em bom estado!).
O Sr Alegre, tem mostrado objectivos muito mais consistentes que os do sr anterior, que pelos vistos vem com uma política do "deixa-andar" já por nós amplamente conhecida! Acho que seria o melhor representante para o maior partido de esquerda, mas enfim!!!
Qto ao SR PROF Cavaco Silva, caso nao saibas, nao vem vinculado a nenhum partido! E vem disposto a trabalhar, coisa que o senhor decrépito soares desconhece!
Nao me extendo mais, pois teria muito k escrever...
Vê se ganhas JUIZO e defendes o Alegre!!!
beijinhos

Cavaquista até ao fim!!!