sexta-feira, 3 de março de 2006

O Fantasma da Quercus rota

Não é que se tenha tornado uma obsessão minha ultimamente, mas já escrevi umas três vezes sobre questões ambientais. Mas também não seria de esperar outra coisa no dia em que o Governo anuncia Outão e Souselas como as contempladas com o “privilégio” de receber os lixos tóxicos perigosos para uma co-incineração nos fornos das suas cimenteiras.

Dito assim, choca qualquer um e são capazes de pensar que eu sou um dos contestantes de tal medida. Não o sou, é verdade, porque não gosto de participar de mais um adiamento. Todos falam, desde ambientalistas a demagogos, que tudo se poderia resolver de outra forma, no entanto nada mais adiantam eles. Como é do conhecimento de toda a gente, há lixos que podem ser tratados mas há muitos que não o podem, e que fazer a esses?


Exportá-los a pagar a alguém para ficar com a batata tóxica e agravar (não sei em que proporção) a balança comercial? Deixar o problema para os que ainda estão para vir? Tentar construir uma incineradora própria mais cara e muito menos eficiente com mais barulheira? Ou tentar resolver por um processo que, para além de mais eficaz (os fornos das cimenteiras queimam às temperaturas mais na Indústria) têm muito menor impacto ambiental e que, segundo alguns estudos, são capazes de reduzir os próprios efeitos poluidores da produção de cimento?

O problema é complicado de se resolver, mas o bom senso deve ditar que se deve primeiro reduzir e tratar os resíduos que o podem ser e deixar o restante para a incineração. De resto é não falar por obrigação de quem tem de dizer alguma coisa para justificar a existência como associação ambientalista ou mais meia dúzia de votos… Portugal não pode andar puxado por molengões… Cortem-se antes os eucaliptos e plantem-se carvalhos(!), não vão aparecer cangurus e koalas nas matas da Portucel...


(Ilustração de Nuno Saraiva)

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