O Vínculo

A França continua o centro de toda a discórdia, e Paris é a praça maior de todas as manifestações. Valerá pela tradição, mas a verdade é que face a uma ameaça oriental, onde o trabalho barato, ou mesmo escravo, põe em causa toda a sustentabilidade do sistema social europeu, a classe empresarial não tem muito mais que se preocupar que não a salvaguarda dos seus lucros e da sua competitividade. As outras classes vão servindo de "burros de carga", obrigados a olhar em frente, sem se queixarem das chicotadas nos seus direitos.

Em França, como em Portugal, o trabalho precário é a nova ordem no mundo laboral, e os recém licenciados e outros jovens passam a juventude, onde poderia ser tudo mais fácil, com as preocupações limitadas a um vínculo demasiado frágil para poderem encarar o futuro com motivação.

No entanto vão havendo diferenças entre Paris e Lisboa. Lá eles saem à rua, inconformados com o futuro deles mas sobretudo com o futuro do seu país . Por cá, os homens e as mulheres brincam às eleições, à concórdia generalizada e faltando a esperança, começam a pensar a sério e tarde demais. Depois, só lhes resta fugir do caos e deste país onde "não se faz nada". Fogem para o Canadá, por exemplo, e que lhes adianta(?) senão o castigo de voltarem para cá... De férias pensariam uns... Agora, só lhes resta trabalhar e que passar serões a falar de jogos de futebol, esse vínculo cultural crónico que a nossa pequenez insiste em não romper...

Foto: Le Fígaro