Os foguetes são sinal de histeria colectiva, “Aí vêm eles!”, toca a chamar o pai e o avô que foram ao café entretanto, “Vinde que eles já estão a caminho, já se ouve por perto”. Dias antes é o cheiro a lixívia e fumo de aspirador, gritam para não passar que está molhado o chão, não vá patinhar tudo… Segue-se meio caminho pela casa e é um atropelo de coisas fora do sítio, no pandemónio das escadas erguidas ao tecto para limpar candeeiros e esquinas impregnadas de teias de aranha e manchas de humidade.
Raspa e esfrega como se fosse amanhã, o fim do mundo em cuecas... Brancas e imaculadas de preferência. “Olha isto… Que é que está isto aqui a fazer?”, sei lá, esteve aí o ano inteiro e só agora é que dás conta? Lá vou eu, obediente, limpar e rearrumar os livros nos mesmos lugares e inventar outros para meter os restantes que se vêm amontoando com os anos de escola e ofertas de aniversário.
O corrupio é generalizado e as ruas estão invadidas de uma torrente de água azulada com cristas de espuma e a mesma gritaria e zumbido de aspirador e esfregão. Quase que nem dá tempo para ir à maratona de missas e à Via-sacra representada com trajes de figurado sobre camisas de algodão e calças de ganga. Até Pilatos usava All-Star. E corre-se para casa, erguido que está ao ar, o figurante de Cristo amarrado em cordas e a bênção despejada com a chuva. Vai dar o filme do Mel Gibson…
Volta-se a Domingo na barulheira da pólvora, a arrebentar em uníssono pelas muitas freguesias e lugarejos em redor. “É por aqui, é por aqui”, não vão eles enganar-se na porta… Comido já o assado e eles cheios de pressa, duas de palavras, imitam-se os reverendos e saem mais depressa do que entraram, com umas valentes notas cravadas para este e para aquele santo, ah, e para o fogo… Finda-se tudo num instante, calam-se os foguetes e comem-se os restos. Fica a casa a sujar-se mais um ano…
Raspa e esfrega como se fosse amanhã, o fim do mundo em cuecas... Brancas e imaculadas de preferência. “Olha isto… Que é que está isto aqui a fazer?”, sei lá, esteve aí o ano inteiro e só agora é que dás conta? Lá vou eu, obediente, limpar e rearrumar os livros nos mesmos lugares e inventar outros para meter os restantes que se vêm amontoando com os anos de escola e ofertas de aniversário.
O corrupio é generalizado e as ruas estão invadidas de uma torrente de água azulada com cristas de espuma e a mesma gritaria e zumbido de aspirador e esfregão. Quase que nem dá tempo para ir à maratona de missas e à Via-sacra representada com trajes de figurado sobre camisas de algodão e calças de ganga. Até Pilatos usava All-Star. E corre-se para casa, erguido que está ao ar, o figurante de Cristo amarrado em cordas e a bênção despejada com a chuva. Vai dar o filme do Mel Gibson…
Volta-se a Domingo na barulheira da pólvora, a arrebentar em uníssono pelas muitas freguesias e lugarejos em redor. “É por aqui, é por aqui”, não vão eles enganar-se na porta… Comido já o assado e eles cheios de pressa, duas de palavras, imitam-se os reverendos e saem mais depressa do que entraram, com umas valentes notas cravadas para este e para aquele santo, ah, e para o fogo… Finda-se tudo num instante, calam-se os foguetes e comem-se os restos. Fica a casa a sujar-se mais um ano…
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