segunda-feira, 7 de agosto de 2006

O Rescaldo

Regressado que estou, temporariamente, à bela interioridade, sobra-me o alívio do cheiro a resina e a folhas de carvalho para reflectir sobre toda a acendalha da convivência humana consigo e com a natureza. Bastou dias antes de Agosto, uma análise positiva (mas cuidada diga-se) sobre a época de fogos que parecia aparentemente adormecida, que a “besta” de imediato arregalou os olhos à arrogância dos optimistas. Neste mundo não há lugar para optimismo quando se apanha um sol vermelho de fumo na Póvoa e a maresia se substitui por uma brisa de eucalipto queimado.
É entretanto uma metáfora menos dramática que a do Sol libanês e de toda aquela encruzilhada de dramas humanos. Por lá não há música nem corpos estendidos ao sol. Antes cadáveres em plástico, bairros e quotidianos destruídos. Mais uma democracia, a do Líbano, que livre da influência Síria, que vai perdendo a força com a raiva de uma Israel acossada e a gargalhada maquiavélica de Ahmadinejad, o presidente iraniano, que financia a indumentária de um Hezbollah de guerrilha atípica, camaleónica, que se disfarça entre os civis e que agride com uma balística sofisticadas.

Já nem sei para onde oriento a minha opinião. Parece-me tudo menos divina e muito menos humana a esta guerra. Não encontro no rescaldo de mortos e de pontes caídas um fio de verdade, ou de uma certeza de razão. Não vejo espírito de sacrifício, nem muito menos esforço em lançar outras pontes assentes pontos comuns. Vejo antes um mundo sem conserto, onde neste país aparentemente sossegado no Atlântico se vive a serrania e a praia com as mesmas tragédias de sempre, que resolvidas a remendo, são pequenos nadas comparados com todo um terramoto de ódio e tamanha falta de respeito pela vida e pela diversidade humana aqui tão perto. Coisas do Homem ou dos homens…Mais hormonal que racional! Fálico, diria Freud provavelmente … Quantas vezes penso de como seria se isto fosse tudo tratado entre mulheres…

1 comentário:

Anónimo disse...

"Quantas vezes penso de como seria se isto fosse tudo tratado entre mulheres…"

Provavelmente agarravam nos cabelos umas das outras e resolviam isto á estalada... Pelo menos a destruição não era tão grande...

Mas depois que seria das empresas (americanas e não só) que fazem contratos milionários á custa da destruição no Iraque e num futuro proximo no Libano? Parece-me que a sociedade está hoje orientada para um clima de contrução/destruição/reconstrução, sendo que isto (contrução/destruição/reconstrução) não se trata unicamente de betão armado e ferro, mas também de ideias e princípios. Por exemplo, Fidel ainda não morreu e já estão a tentar "construir" uma nova Cuba (mais á imagem dos EUA)

Bem queria que o meu filho nasce-se num clima de paz e concórdia mas parece-me que não só vai nascer neste clima de destruição e ódio como provavelmente vai ele e nós ter que viver com esta terrivel realidade...

Resta-nos esperar por dias melhores e novas eleiçoes nos EUA...