... há coisas que ainda não mudaram com desmoronamento das torres. Neste país em brasas de tédio, não pode haver o mínimo de calor a aborrecer as tardes de dois ou dez incendiários sentados na tineira do café, que logo eles vão de mota, e cada vez mais jovens, imolar o mato e o pinhal. Ainda hoje, a percorrer os 17 Km de A7 entre Arco de Baúlhe e Fafe, parecia que atravessava um imenso campo de guerra. De todo o lado se avistavam colunas de fumo, a erguerem-se do Marão à Lameira e outras serras no limiar do horizonte. Entristece como irrita, este quase cancerígeno tique de cultura que já parece parte de todo o imaginário português desta época.
E irrita da mesma maneira como, supreendentemente ou não, o Fermil Rock (do passado Sábado) tenha decorrido com muita adesão com um cartaz que não era tão bom quanto o do Arco que para ter um público digno de ver Vicious Five e outros obriga a Organização a mobilizar esforços no dobro da paciência. Isto porque a cultura cabeceirense parece mais de conversa de comadre e regateirice no antro de todas as semanas, que de qualquer outra boa e saudável alternativa forma de divertimento. Preze-se o bom espírito dos vizinhos de Celorico, Mondim e Ribeira de Pena.
Entretanto, passou-se o fim-de-semana de festas nesta vila nascida na encruzilhada de estradas de diligências, comerciantes e artistas de circo. E com a anestesia do barulho e do que se bebe, alheia-se do resto do país e do mundo, onde o dinheiro da FIFA condiciona o interesse público e perpetua a má gestão e o polvo de incompetentes das Instituições futebolísticas, onde, neste quadrado de terra queimada, as liberalizações das energias só trazem preços inflacionados, onde a confusão de trazer à luz portugueses em hospitais espanhóis já impederiam que um casal de imigrantes moldavos em Elvas, trabalhadores e pagadores de impostos, pudessem registar o seu filho como cidadão português e usufruir dos serviços a que têm direito. Talvez na confusão nem valha a pena exigir sequer a educação ao Estado, é que a nossa culta comunidade eslava, já deu conta que não vale a pena pôr a prole no cativeiro escolar português. Para isso já há escolas russas em Portugal, onde os alunos aprendem com exigência e onde os professores são respeitados por todos... Oásis de qualidade que se irão traduzir em cidadãos portugueses de feições pálidas e olhos claros a enriquecer a multiculturalidade e o tesouro intelectual do país.
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