quarta-feira, 13 de setembro de 2006

A Cidade e o Rio

Não é propriamente necessário referir o sem número de lugares e pessoas que fazem do Porto uma cidade ímpar e carismática. Basta só olhá-la do Jardim do Morro. A verdade é que, de rosto renovado e cinzento, onde os jardins foram sacrificados a uma conversão europeísta e cosmopolita de espaços amplos e abertos, a singularidade e o rosto de pedra limpa da Invícta fica condicionado por um executivo castrador e populista que impede a normal fisiologia cultural da cidade. Segundo Rui Rio, "não há dinheiro para a Cultura enquanto houver gente com fome na cidade", e assim se vai construindo e reconstruindo um Porto de demagogia e sobretudo hipócrita que só se afunda nos seus preconceitos e complexos de inferioridade em relação a Lisboa. Do edil portuense, só lhe louvo a afronta que fez a um outro "poder" do Porto, o do futebol, que prontamente se empenhou a descartar nas suas balbúridias e estapafurdas cumplícidades.
De resto, encobre-se uma pseudosegurança na cidade com atentados à liberdade de pensamento e de vida. Tenta-se retirar a possibilidade de que alguém "chateie" as reuniões camarárias com problemas pessoais relacionados com a actividade do executivo e do restante aparelho da câmara, e mais recentemente, retira-se o apoio logístico a quem queira filmar o Porto com um olhar que não seja apreciativo e, por ventura, glorificador desta Pax Rui Riana, que tanto tem feito os portuenses olhar de inveja para outra margem. Entretanto vai-se silenciando a cidade e a alma sob a rebeldia das gaivotas, as únicas que Rio (ainda) não calou..

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