domingo, 11 de março de 2007

Siga a Rusga

Ontem à noite, no rescaldo da visita de Luís Filipe Vieira a Cabeceiras de Basto (ou não, porque senão seria a teoria da conspiração) os bares foram invadidos por uma imensidão de Guardas NR e inspectores da SPA (Sociedade Portuguesa de Autores, porque de estâncias termais e do relax ainda estamos longe). Ora, tais figuras vasculharam o espólio musical dos bares locais - aqueles que a tocam decibéis de explosão nuclear - e resultou em aprensão num deles e em tremeliques no outro. Mas, mais ou menos felizes, continou a noite para todos nos dois guetos ( o terceiro não conheço de momento) que se vão tornando no local de encontro dos nascidos antes de 1990 num e outro dos nascidos depois. Por aqui, e por quase todo o lado, falta é um antro onde haja boa música (e legal por sinal) e não haja, sobretudo, fumo! 'Tou p'a ver, e p'a aplaudir, quando vierem vistoriar a malta que fuma sem se importar com os outros, que também tem direito a ouvir a música sacada da net!

14 comentários:

Anónimo disse...

Ficava-te bem um bocado de respeito por quem tenta (e consegue) divertir pessoas, e não anda a vender CDs e DVDs numa praça nem a roubar nada.
Quanto à qualidade, quando começares a perceber de música falamos.

Paulo Vieira disse...

Parece-me que "quem tenta (e consegue) divertir pessoas" consegue também meter uns euros (valentes) na caixa registadora provenientes das bebidas vendidas "às pessoas que se divertem". Vamos deixar de lado a ingenuidade de olhar para estes espaços como se eles tivessem como objectivo primo a diversão. O seu objectivo é mercantil. Eles vendem bebidas, as pessoas compram. Parece-me obvio que se usam a muisica para conseguir alcançar este objectivo, devem pagar os respectivos direitos a quem da musica faz a sua profissão.

Ao Anónimo deixo apenas a seguinte pergunta: como queres discutuir a "qualidade da música" com o "Mal Maior" se não te identificas?

Anónimo disse...

Antes de mais eu não quero discutir a qualidade musical, porque sei que nesse particular estou bastante à frente do que qualquer leitor ou autor do blog.

E quanto à questão dos euros, se fizer as contas verá que os números não serão assim tão favoráveis ao mercador, e muito menos a um empregado.

Se o dinheiro dá para comprar música original? Dá... alguma! Porque a maioria do que as pessoas querem ouvir aí no ermo não está disponivel para venda. Aliás, a maioria nem estará registada em qualquer parte do mundo.
Ou seja, 55 a 75% das faixas passadas durante uma sessão, serão versões nunca editadas: remisturas, personal edits, bootlegs e promos.

Agora digam-me se uma pessoa que se entrega a esse culto e que até tem mais originais do que qualquer outro (e cada vinil ronda os 10€ e tem entre 1 e 4 faixas) merece ser constituido arguido, com termo de identidade e residencia e aguarde julgamento sobre crime, onde pode apanhar pena de prisão até 3 anos.

Paulo Vieira disse...

Peço ao Anonimo que me esclareça sobre uma questão: Quem compra a musica o DJ ou o Bar/Discoteca?

Vítor Pimenta disse...

Para por àgua na fervura. Meus caros: há ironia no meu texto. Eu tenho a minha opinião acerca da música sacada em mp3 da net... Não acho que seja crime, até acho que os artistas devem antes tirar proveito do seu trabalho nos espectáculos ao vivo (aliás, como defendem Robbie Williams ou o JP Simões). Eu faria o mesmo se pusesse música. De resto, nem me quero ousar discutir música com sua anonimidade, uma vez que está "muito à frente", talvez queira fazer um workshop ou um curso de Cultura de Música por aqui. Era um serviço que prestava à comunidade...

Anónimo disse...

Quem compra musica é o DJ, p.jo. E é o DJ que vai ser julgado pelo CRIME...

Workshops já dei... nunca pela net, mas é uma coisa a experimentar... lol

Paulo Vieira disse...

Era o que eu pensava mas não tinha a certeza. Na minha modesta e não muito esclarecida opinião sobre esta temática, deve o DJ exigir da parte dos Bares/Discotecas onde presta o serviço, honorários que comportem não só o valor referente ao serviço que prestam como uma valor que lhes possibilite o acesso á musica. Acho que a verdadeira questão é: Deve a música ser tributada em sede de IVA á taxa de 21%? Não é a musica uma forma de arte como uma pintura ou um livro? Devo dizer que não sou contra a partilha de ficheiros mp3, acho que é uma excelente forma de divulgação do trabalho dos músicos.

Anónimo disse...

Bem, isso não é uma questão assim tão simples...

Devo-lhe dizer que estou completamente por dentro do assunto e sei bem quanto ganha um DJ na zona norte.

Não ganha o que merece, nem de longe. Poucos (quase nenhum) ganham o suficiente para se considerarem DJ Profissionais.
Nas Terras de Basto, apenas um (1) é remonerado à altura do seu trabalho.

A questão que se coloca entretanto, é a que já falei em cima - a grande maioria das músicas não estão disponiveis no mercado, pura e simplesmente não estão à venda! São liberadas na net ou são entregues em mão por remixers ou produtores, e um DJ que seja apanhado com elas, é pura e simplesmente, aos olhos da lei portuguesa, um criminoso!

Penso que quem produz, remistura ou edita o faz por amor à música e não por amor ao dinheiro. A música é cultura e deveria estar acessível a todos. Principalmente aos DJs que ajudam a divulgar os artistas!

Não é pela partilha de mp3 que a Madonna deixa de andar de limousine, o 50 Cent não deixa de ter um Murcielago e um Hummer, e até mesmos os Buraka Som Sistema não deixam de ter concertos ao vivo por toda a Europa embora pouco actuem no seu país...

Os DJs do norte não se importavam, por exemplo de pagar uma quota mensal - a exemplo do que se faz em Inglaterra - que reverteria a favor dos músicos e produtores, e que lhes permitiria utilizarem qualquer faixa de qualquer proveniência e em qualquer formato...

Mas, e a exemplo de outras leis bem badaladas ultimamente, estamos uns 30 a 40 anos atrasados... e continuamos com estas acções descabidas prejudicando muitas vezes algumas vidas...

Paulo Vieira disse...

Hoje já não devo voltar aqui ao "Mal Maior". Antes de "partir" deixo uma ultima nota de contentamento pela troca de ideias que fizemos neste espaço.

Deixo ainda uma palavra de compreensão e solidariedade pelos DJ's envolvidos na referida "rusga" pois não é sem dúvida a melhor forma de combater a pirataria levar estes a tribunal.

joão martinho disse...

atenção que só pode ser crime se a música copiada estiver protegido por copyright.

se é como o dj anonimo diz, deverá poder passar essas músicas refundidas. ou isso, ou recorrer às netlabels, que é à borla e têm bastante qualidade.

demagogia é que não. ah, e comadres ofendidas também.

Anónimo disse...

E se as músicas não tiverem protegidas por copyright, logo não estão registadas, logo é crime!

As Netlabels não dão, apenas vendem música. E neste momento nenhuma venda de música via net é reconhecida pela SPA, ou seja, continuam a ser ilegais em Portugal!

Tenha cuidado com a "comadre" porque não sabe com quem está a falar.

Anónimo disse...

Ui!

Tenham medo...muito medo!

joão martinho disse...

crime é utilizar material intelectual que pertence a alguém de forma ilícita - pirateando. se não tem copyright, a spa não pode nem tem que fazer nada. simplesmente, não ganham nada com isso.

quanto às netlabels, as que conheço, não vendem música; dão música a quem quiser. podes downloadar do site e gravar um cd-r. mais uma vez, não podem fazer nada contra ti por teres música gratuita.

e a spa não é um orgão judicial, portanto o reconhecimento ou desreconhecimento da spa vai dar ao mesmo. podem apresentar queixa às autoridades judiciais, mas não podem actuar; muito menos se não têm quaisquer direitos sobre as músicas em causa.

e não, de facto não sei com quem estou a falar porque não conheço nenhum anónimo. e não era para o ofender, não se preocupe. falava das comadres que andam aí. há muito comadrio e compadrio - dos dois lados da barricada.

Anónimo disse...

Não podem, mas enviam o processo para o tribunal, e os juizes como pouco percebem e como a lei é ainda a do fim da monarquia... levamos uma chapada (€€€) das antigas!

Do meu lado tenho muita gente, mas nenhuma "comadre". E acreditem que é chão para dar muita fruta. Agora do outro lado sei que há muito compadrio, lá isso há...