quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A Reconstrução dos Sonhos (III): os prós e os contras.

Vai tardada porque a vontade de ver acabada a obra o exige. É da necessidade e que por aqui, e no contexto, pouco aguça o engenho. Fora o non sense do que disse até agora. É bom ver tomar nova forma o edifício destruído pelo incêndio de há um par de anos. Outrora Casa do Povo de Arco de Baúlhe e antes mesmo, residência do académico Júlio Henriques, florescente lente de botânica e natural dali, e o primeiro darwinista assumido no Portugal do Séc. XIX. Aliás, há uma estátua e uma alameda erguida ao homem em Coimbra... Por cá, resta-nos a fachada da casa e o retrato aos trambolhões, sempre que a ARCA muda de instalações.

Mas vamos ao que interessa, em pontos positivos e negativos:

Positivos:
  • Uma Sala de Espectáculos, ainda que com 80 lugares, digna para teatro (com muita tradição por aqui) e conferências, palestras e o que for preciso;
  • Diversos espaços para associações locais, com salas para reuniões, arquivos e arrumos, trabalhos, exposições cursos e workshops que se façam por cá.
  • Um Gabinete Presidencial digno para o presidente da Junta, a entretanto mais alta figura política da vilazinha, com janela e varanda virada à velha Rua e largo em frente, apesar dos dois monos na esquina da 5 de Outubro (na gíria local, Rua das Caganatas);
  • A instalação de serviços ao cidadão, da Câmara ou da Junta, num local central e previlegiado.
Negativos:
  • A construção de um campo de jogos no espaço traseiro, de onde foi tirada a foto, com balneário e afins, num local onde na minha opinião devia ser previlegiado um jardim de relvado para actividades ao ar livre, concertos e simples ócio, de estender uma toalha ou uma manta virada ao céu. O futebol de 5 devia estar noutro lugar que não aquele. O jardim até seria uma homenagem ao botânico, dono da casa em anos de 1800 e tais.
  • A cedência de um espaço previlegiado, em baixo, ao Desportivo de Arco de Baúlhe, a mais morta instituição da vila, sem pés nem cabeça e completamente desfazada, como todas as outras no concelho, das realidades desportivas e das exigências actuais. Ficavam-se pelo novo Campo de Morgade(?). Não precisavam daquele espaço ali que com certeza vão abandalhar com entulho de caneleiras e botas, roupa a secar e aquele nauseante cheiro a bálsamo.
  • A não previsão de um espaço tipo-bar ou café concerto nesse local, que mantivesse o edifício vivo todos os serões, para dinamização e promoção de tertúlias e discussões, ou um simples convívio para a nata cultural e intelectual da vila. Há muitas formas de promover a fixação das pessoas nas suas terras, e muitas delas passam pelas alternativas culturais que se lhe dão. Não pode ser só rancho e sardinha assada.
Enfim, coisas do atraso para lá do entusiasmo com o novo equipamento. Está na hora do bom gosto.

5 comentários:

Francisco Rodrigues disse...

quem está à frente dessa construção, que eu não conheço, deveria dar um saltinho à Velha-a-Branca para ter algumas ideias e não misturar futebol onde não deve.

Anónimo disse...

É no mínimo uma estupidez voltar a ter ali um campo de jogos. É uma irresponsabilidade e sobretudo uma falta de imaginação e ambição de quem lidera o projecto.

O auditório só terá 80 lugares? Será que tem balcão? mas que falta de ambição... Eu conheço um auditório perto de Castro Laboreiro, no topo da Serra, que tem cerca de 100 lugares, e assume-se como um espaço para realização de congressos, encontros e seminários organizados por entidades externas ao Arco, i.e. que alugam o espaço, sendo mais um possível encaixe de dinheiro prá junta. Eu próprio já organizei um seminário internacional nesse espaço, por isso sei do que falo.


É que a analisar pela dimensão de outros equipamentos públicos assim o dá a entender.

Eu estou de acordo a que o DAB continue a ter o espaço no edifício, e partirá da audácia dos dirigentes do DAB criar esse tal "café concerto" e ir ganhando uns trocos.

Vítor Pimenta disse...

É verdade Tozé. De tremendo mau gosto o campo de jogos ali. Mas enfim é o que se quer...

Quanto ao DAB só lhe tolero a presença ali se concecionar o espaço a alguém que o explore nessa vertente de café concerto, sem "entascar" aquilo. De resto, é penosa a presença.

Anónimo disse...

Vítor é concessionar e não concecionar! Abraço

Vítor Pimenta disse...

Oh claro, meu caro Eduardo. No melhor pano cai a nódoa, não que faça dos meus comentários farrapos de melhor conta. :D