Quem ouve falar de prostituição remete a actividade, como imagem que salta à vista, para o universo da prostituição feminina. Ora o Jornal de Notícias de hoje traz uma fabulosa reportagem, da autoria de Helena Teixeira da Silva, Joana Bourgard e Miguel Conde Coutinho, sobre a Prostituição Masculina no Porto, com um belo trabalho multimédia na edição on line.
A realidade é muito ignorada pelas próprias instituições e projectos que fazem a retaguarda nas ruas, pelo contexto da abordagem e pelo preconceito muitas vezes em relação à homossexualidade. Não, não são giggolos para solteironas e casadas sem atenção marital. São jovens na casa dos 20 ou ainda menos, seropositivos nos verdes anos, levados por homens mais velhos, alguns reformados, para o rodeio espiral de pensões e casas de banho, no ciclo vicioso de destruição da auto-estima, emparelhado e arrastado pela toxicodependência:
"O primeiro caldo. “Não sabia o que era. Só queria uma moca fixe”. Perder a cabeça, o emprego, o dinheiro para pagar a pensão, para comer, emagrecer, arrumar carros, vender o corpo, sobreviver. Aconteceu tudo num ápice. Telmo depende da droga para viver, da prostituição para pagar a droga. Há um ano, mais mês menos mês. E Telmo é só mais um. Igual a tantos outros, outros iguais a todos os que estão ali naquela montra a céu aberto. Esta semana confirmou o diagnóstico de que já desconfiava: é seropositivo. Tem 21 anos." [JN]
Entre Junho e Julho deste ano, tenciono acompanhar um dos projectos que dá apoio nas ruas a prostitutas essencialmente. O Mal Maior vai ser um dos diários da experiência.
A realidade é muito ignorada pelas próprias instituições e projectos que fazem a retaguarda nas ruas, pelo contexto da abordagem e pelo preconceito muitas vezes em relação à homossexualidade. Não, não são giggolos para solteironas e casadas sem atenção marital. São jovens na casa dos 20 ou ainda menos, seropositivos nos verdes anos, levados por homens mais velhos, alguns reformados, para o rodeio espiral de pensões e casas de banho, no ciclo vicioso de destruição da auto-estima, emparelhado e arrastado pela toxicodependência:
"O primeiro caldo. “Não sabia o que era. Só queria uma moca fixe”. Perder a cabeça, o emprego, o dinheiro para pagar a pensão, para comer, emagrecer, arrumar carros, vender o corpo, sobreviver. Aconteceu tudo num ápice. Telmo depende da droga para viver, da prostituição para pagar a droga. Há um ano, mais mês menos mês. E Telmo é só mais um. Igual a tantos outros, outros iguais a todos os que estão ali naquela montra a céu aberto. Esta semana confirmou o diagnóstico de que já desconfiava: é seropositivo. Tem 21 anos." [JN]
Entre Junho e Julho deste ano, tenciono acompanhar um dos projectos que dá apoio nas ruas a prostitutas essencialmente. O Mal Maior vai ser um dos diários da experiência.
3 comentários:
Esse Portugal não existe para milhões de portugueses, insensíveis à tragédia quotidiana de alguns...
A este proósito recomendo-te o livro "Ganchos, Tachos e Biscates". O capítulo " Jovens acompanhantes: puta da vida que me fez puta" fala, não da realidade da prostituição no masculino mas de outros tipos (se assim lhe posso chamar) de prostituição.
já que vais acompanhar esta realidade penso que é interessante, pelo menos abre horizontes para uma realidade que muitos desconhecem...
La-Salete
Se tenciona acompanhar prostitutas na rua, então aproveite. Experimente ir também ao Jardim Zoológico, também tem algo de exótico.
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