O Governo anuncia a abertura de mais uma faculdade de Medicina - esta agora - no Algarve. A medida é meramente eleitoralista, tendo em perspectiva 2009, baseada numa falsa suposição da "falta de clínicos", que tão medo mete às pessoas. O país até que tem como é sabido, 3.4 médicos/1000 habitantes, acima da média da União Europeia, e o problema não está ad initio mas nos colégios de especialidade que, mais poderosos que a Ordem, limitam-se a abrir poucas vagas de modo a ter uma relação oferta e procura no mercado muito favorável. Coisa que acontece com a tão falada Oftalmologia, por exemplo. De resto, é ver como se estorvam nos hospitais os restantes, sobretudo de manhã.
A questão dos médicos de família vai pelo mesmo caminho, só este ano se aumentaram as vagas para 25% do total e na perspectiva das Unidades de Saúde Familiar, onde podem auferir melhores salários em troca de um dedicação mais efectiva e cumprimento de objectivos.
Seria esse o caminho. Mas não. Cria-se mais uma faculdade, e esta só traz enormes questões sobre a qualidade dos médicos formados no País. Cada vez mais a granel. Os Hospitais de Braga e Guimarães, que servem o Curso da Universidade do Minho, não tendo todas as valências que terá um Hospital Central no Porto, Coimbra ou Lisboa, e mesmo abrangendo uma área de mais de 1 milhão de utentes, fazem um esforço enorme na formação dos residentes de medicina. Isto porque ganha, sobretudo na relação de médico (formador)/médico(formando) que andará, em anos clínicos, numa média de 1 para 3. Mas até esse binómio está prestes a quebrar-se porque aumentam as vagas de ano para ano e não há ainda o Hospital Universitário que lhe dê vazão.
De resto, o Sector Público paga mal (prefere pagar o mesmo valor por 3 médicos a “meio termo” que por 2 a tempo inteiro) e está mal definido na concorrência com o sector privado. Além disso o Estado tem de garantir a formação de um clínico, com custos superiores a 10.000euros/ano, na licenciatura, e ainda a especialização, criando atritos nos serviços, com a pouca disponibilidade dos médicos para o ensino, dado que em nada são remunerados por isso.
O Sector Privado não, limita-se a integrar o bolo na montra assim que cozido e enfeitado. Alguém que me responda: porque é que não se responsabilizam os Hospitais Privados no financiamento e a formação clínica dos médicos, daqui por uns anos, para o desemprego? Onde é que se vão encaixar os que se foram formar a Espanha e à República Checa? Isto, ninguém quer saber.
2 comentários:
A única parte que eu acho justo e concordante é o último parágrafo, e referente ao sector privado ajudar na formação de especialidade.
O resto é pura demagogia corporativista.
Porque é que raio é que pode-se aumentar as vagas em tudo quanto são áreas académicas e quando se fala em medicina cai sempre o carmo e a trindade?
Rais part'os alguns médicos!
Enviar um comentário