segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Finalmente, um Abrigo de Gente


Quando lá passei, há 4 anos de caminho, algures em Junho de 2005, a Fundação A.J. Gomes da Cunha era-me uma instituição desconhecida, com um trabalho estranho à comunidade cabeceirense, na altura - como ainda permanece - na bebedeira da sua corriquice (mais) literada e na ressaca do poder de compra pós-integração europeia. Dos mentally-ill aos menos capacitados nas suas funções psicomotoras, pessoas que ninguém deitava mão, juntava-se-lhes mais um punhado de crianças de São Nicolau, outras freguesias em redor, mais ou menos burguesas - coitaditas - destas muitas com quem lhe desse a roupa chegada ao pêlo como trabalho de casa. Dramas para lá da porta, ali pelo menos mostravam sorrisos.

O que por lá se faz, deve ser - politiquice do costume à parte, e nesta questão então que se arreie - do mais útil e humano do concelho. Daí que não vendo muito mais quem mereça, em cada investimento que na Fundação se faça, não me cedo em sorrir de contente. Sobretudo quando o Lar Residencial para Pessoas Portadoras de Deficiência está de financiamento aprovado e em adiantado estado de execução das "obras" - termo que em tão larga escala não se ouvia pela zona há mais de 100 anos. Bem mais importante que um tribunal ou uma igreja. Ninguém como aquela gente para merecer o melhor conforto do mundo, já que esta sociedade e os seus penduricalhos tão pouco faz o seu papel devido. Quanto muito arredava-os para um cortelho, como antes a ignorância fazia e faz hoje a vergonha. Ali, estão muito bem entregues. Ainda assim, ficariam melhor se os agentes de saúde locais fizessem por aumentar as suas valências e disponibilidade em vez de se perderem nas arrelias com o bolso.

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