quarta-feira, 25 de março de 2009

100 anos e 3 dias

Estação da Livração
© J. Lago

Encerrou hoje o que restava da Linha do Tâmega. Não vão circular mais comboios entre a Livração e Amarante. Por mor da política paradoxal do governo na ferrovia, fecha-se ainda a do Corgo. O processo cobre-se ainda da arrogância da falta de aviso prévio - o Governo "socialista" imita, aqui em versão mais sofisticada, os piores tiques do cavaquismo. Chega a ser salazarista porque ignora, como sempre ignorou, os interesses e a dignidade das pessoas, fria e desumanamente como o Estado Novo afundou Vilarinho das Furnas.

Tenho cada vez mais vergonha destes políticos de serventia, quais caixeiros-viajantes do status quo económico, de si próprios e da sua nomenclatura. Ainda hoje, o primeiro-ministro foi no seu tom de televenda incentivar à compra de automóveis em prol da indústria em falência: fez o elogio do automóvel, certamente menos democrático, menos cómodo e muito menos seguro que o transporte ferroviário. Estas coisas não acontecem por acaso no mesmo dia.

No próximo fim-de-semana, se não caio em erro, é inaugurado mais um broto do delírio rodoviário: a escusada variante de 20 milhões de euros a Arco de Baúlhe, com o seu caprichoso e absurdo viaduto, para o gáudio e o colarinho, os vivas ao discurso acicatado e o viagra que mantém de pé a santidade local, em adiantado estado de putrefacção de regime. Quando não nos damos conta do poder que legamos no voto, temos país que merecemos.

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5 comentários:

Anónimo disse...

" Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão "
(de Eça de Queiróz)

Alfredo Pinto Coelho

Anónimo disse...

Temo bem Vítor que isto vá cair de podre. Estes senhores que controlam o país, onde se incluem alguns da nossa praça, vão dar cabo da nossa democracia. Aquilo que é verdadeiramente património do povo, onde se inclui a ferrovia e o respeito pelo meio ambiente, já n conta para nada. As pessoas e a sua opinião deixaram de contar para coisíssima nenhuma, nesta democracia de balalaica, como diz o Prof. Alexandre Vaz. E depois temos as obras megalómanas, como esse viaduto dos milhões que só servirá para satisfazer a megalomania do autarca ilustre que o concebeu. Tanta vaidade, tanta mediocridade impante, tanto desperdício meu deus... e tanto desemprego e tanta aflição e incerteza no futuro para centenas de famílias nesta região. Hoje é daqueles dias que me apetecia tirar umas férias, que durassem alguns anos, desta terra e deste país governado por corruptos e tiranetes locais. Porque é que não me sai o euromilhões????

Abel Alves disse...

Já que este governo adora importar políticas de outros países, bem que podiam copiar as políticas de transportes de alguns parceiros europeus, essas sim, certamente trariam benifício para todos. Cada vez mais sou anti-TGV e anti-Auto-estradas desnecessárias a pagar balúrdios, sem pavimentação ajustada aos preços, e sempre com obras e limite de velocidade de 80km/h.
Caminhamos na direcção contrária, a da automóvel-dependência, o meio-de-transporte responsável mor pela poluição do ar. O governo demostra tanta preocupação pelo ambiente nalgumas matérias, mas no que diz respeito aos transportes parece pouco importar-se. "Dois pesos duas medidas"?!?!?! Desconfio que alguém sairá benificiado com estas políticas, e que não será a generalidade dos portugueses.

Anónimo disse...

VERGONHA...cada vz mais isolados!!
o governo faz o que quer, tal qual um menino mimado...

fora com a socratesia "hipocrisia"

Anónimo disse...

vergonha, incompetência, iresponsabilidade e acima de tudo, indiferença pelas opiniões e vontades do "povinho"!!!!
num país que não vive de petroleo porque continuar a insistir na idústria automóvel, cada vez mais de elite!!!

é preciso sangue novo na política..e isso só se faz com gente jovem, gente que não viveu no período salazarista..gente que argumenta, que questiona, que rejeita informação sem medo de represálias!!

é com a crítica que se evolui, é com a opinião dos outros que se aprende!!!
antigamente chamavam-lhe ditadura, agora, chamaria, quiçá, ditadura-democrática!!!
e, ja agora, como slogan para a campanha que aí se adivinha utilizaria "nao ouves, nao ves, nao falas..mas votas em nós!!"

- o pseudónimo -