Ana Paula Vitorino (secretária de Estado dos Transportes) garantiu "um investimento de luxo: 14 milhões de euros para os 13 quilómetros da linha ferroviária do Tâmega"; cerca de 1 milhão por km de ferrovia para uma "autêntica reconstrução". A Refer fala em "trabalhos geotécnicos profundos que incluem retirar os carris, travessas e balastro, escavar o solo e reconstruir um leito de via onde assentará uma nova superestrutura".
Sendo assim, fazendo as contas na regra dos três simples, e considerando a extensão total da Linha do Tâmega: 51,6 km; a sua reabilitação ficaria sensivelmente à volta dos 56 milhões de euros (13 milhões de contos). Mas se o número tão grande pode impressionar à partida, é uma ninharia se atentarmos que os meros 4 kilómetros da variante a Arco de Baúlhe custaram quase 20 milhões de euros: 5 milhões por km. Isto quando falta ainda a ligação da rotunda de Lameiros até ao Centro da Vila de Cabeceiras.
Prioridades confusas estas, porque em tempos de crise, e ao contrário do que se insinua algures no artigo do Público, as pessoas tendem a escolher o transporte colectivo em detrimento do individual (menos económico e - já agora - menos ecológico). A Junta de Freguesia de Fafe e a Câmara Municipal de Viseu aperceberam-se disso recentemente. Neste contexto, a reabertura da ligação ferroviária dentro da Região de Basto, e desta ao Porto, seria sem dúvida o mais acertado e oportuno investimento do Estado na mobilidade dos seus cidadãos.
Sendo assim, fazendo as contas na regra dos três simples, e considerando a extensão total da Linha do Tâmega: 51,6 km; a sua reabilitação ficaria sensivelmente à volta dos 56 milhões de euros (13 milhões de contos). Mas se o número tão grande pode impressionar à partida, é uma ninharia se atentarmos que os meros 4 kilómetros da variante a Arco de Baúlhe custaram quase 20 milhões de euros: 5 milhões por km. Isto quando falta ainda a ligação da rotunda de Lameiros até ao Centro da Vila de Cabeceiras.
Prioridades confusas estas, porque em tempos de crise, e ao contrário do que se insinua algures no artigo do Público, as pessoas tendem a escolher o transporte colectivo em detrimento do individual (menos económico e - já agora - menos ecológico). A Junta de Freguesia de Fafe e a Câmara Municipal de Viseu aperceberam-se disso recentemente. Neste contexto, a reabertura da ligação ferroviária dentro da Região de Basto, e desta ao Porto, seria sem dúvida o mais acertado e oportuno investimento do Estado na mobilidade dos seus cidadãos.
13 comentários:
Estou que assino por baixo.
Há luz dos nossos conhecimentos o comboio é único transporte colectivo minimamente confortável, apelativo e ecológico com capacidade para inverter as agressões ambientais bem como, minimizar o caos na mobilidade urbana dos grandes centros.
Parabéns pela insistente luta! A minha argumentação actual, foi significativamente alterada pela constante leitura dos teus artigos!
Cumps.
"o comboio é único transporte colectivo minimamente confortável, apelativo e ecológico com capacidade para inverter as agressões ambientais"
Só quem nunca saiu de casa é que pode dizer o contrátrio. Era tempo de abrirdes essas portas e deixardes sair "para fora" gente demasiado caseira.
Boas,
Não creio que a constatação seja tão óbvia quanto isso!
A "luta" deve ser orientada de forma sustentada, tal como o Vítor a tem levado!
Outras posturas não colhem tantos frutos certamente, mesmo que a causa seja a mesma!
Já agora permita-me Dário:
A quem se dirige concretamente no plural? Às gentes do Arco? Às gentes de Basto? Aos Portugueses?
Desculpe a dúvida mas fiquei sem perceber quem são os demasiado "caseiros".
Cumps
A questão da ferrovia, é um exemplo máximo do saudosismo português! Somos muito agarrados ao passado, e não reaccionários relativamente ao presente. Poderíamos pensar que temos que jogar com as ferramentas que temos ou não temos. Pensar que o motor está nas vias ou nas acessibilidades parece-me algo precipitados e colaborante com a política que impera. Temos que desenvolver Basto assente na sabedoria e capacidade do nosso povo de criar e produzir, e não tanto de se deslocar.
A ferrovia é um modelo de futuro, sem dúvida, mas sinceramente, e devido aos erros de aplicação dos fundos no passado, não deveremos aplicar de momento investimento em vias.
Humildemente parece-me haver prioridades noutros projectos para a nossa região. Mas entre ecopista e ferrovia, escolhia a ferrovia. E se desenvolvermos ecopista que não seja no percurso da linha, no futuro não será fácil a escolha de uma em detrimento de outra.
Cumprimentos
http://pensarbasto.blogspot.com/
mais uma artigo de execelente rigor e assertividade!!!
para que fechar os olhos quando toda a gente os quer abrir!!??
"burro não é aquele que não ve, mas sim aquele que não quer ver"..não pares esta luta!!
acredito que ainda se pode passear/viajar de comboio nesta linha com passado e com um futuro ainda maior!!!
também acredito que há algo mais que se pode fazer!
seria interessantissimo um debate entre o vitor, o dário silva (defensor desde sempre da linha) e autarcas das camaras municipais de cabeceiras, amarante e ja agora, de Fafe!!
ideia no ar...
ps: caso isso exista, a divulgação do tema e do debate tem que ser 5/6 vezes superior a que tem acontecido!!
"Desculpe a dúvida mas fiquei sem perceber quem são os demasiado "caseiros"."
- Eles sabem quem são.
"A questão da ferrovia, é um exemplo máximo do saudosismo português! Somos muito agarrados ao passado, e não reaccionários relativamente ao presente."
- Discordo violentamente da sua visão. Vá por essa Europa fora ver o que é e o quanto se aposta em "caminho de ferro" (que é muito mais que comboios "velhos" e rançosos. Venha ao comboio das 07h44 Braga-Porto. Venha, em Famalicão já vão 600 pessoas no comboio. Venha cá ver o impacto da modernização que está agora a fzer cinco anos... venha!
"não deveremos aplicar de momento investimento em vias."
Exacto, então mais AE's? é que já somos campeões europeus, podemos sempre melhorar a marca.
Quanto a CF, não somos campeões europeus... não somos os "piores" mas há muito a fazer.
Porque será que Madrid tem já a maior rede de metro/comboio urbno do mundo, já acima de Londres e Nova Iorque, cidades substancialmente maiores? Porque será?
E porque será que as "novas vias" que o Metro do Porto transportam agora, quase 6 anos depois, o dobro dos 100.000 pax/dia?....
E porque será que o comboio da ponte (Fertagus) já transporta acima dos 100.000 pax/dia?
Porque será?
caro Dario á ferrovia é uma alternativa de futuro sem duvida nenhuma, agora se reparasse nas questoes de desemprego que assolam esta zona a todos os niveis perceberia que essa questão poderia esperar.
só porque investem mal em vias como as auto estradas, não dá aval para que possamos investir em vias ferreas,
Ja viajei e viajo no comboio que fala, e sei que vai cheio, no entanto de braga ao porto é bem menos tempo que do Arco a Amarante, e não temos uma relaçao de mobilidade com amarante tão forte como aquela que os de braga tem com o Porto... são cidades maiores...claro que são...o problema é de escala, e o comboio e o metro que fala são transportes que vingam bem quando urbanos.
Calma, e ponderaçao a analisar cada caso...
convido-a a ler o artigo vias de ferro publicado no pensar basto
www.pensarbasto.blogspot.com
Carlos Leite,
" ferrovia é uma alternativa de futuro sem duvida nenhuma, agora se reparasse nas questoes de desemprego que assolam esta zona a todos os niveis perceberia que essa questão poderia esperar."
Dois aspectos que quero destacar:
- é castrador assumir o caminho de ferro como "alternativa de futuro". Percebo a sua ideia mas não percebo a poupança nas palavras.
O comboio não é a "alternativa", é o caminho do futuro. Noutros sítios, o comboio, mesmo sendo caríssimo, escolhe o favor de muita, muita gente. Ou seja, o comboio é (ali) a PRIMEIRA opção, a estrada é a alternativa. E é nisto que nós, portugueses, somos menores que alguns outros países europeus: entendemos os serviços públicos como medidas de recurso.
Mas penso que estamos no bom caminho para se ultrapassar o mito de décadas que atribuía o comboio aos pobres, aos velhos e às criancinhas, um pouco como a audiência da TVI... é medir por baixo....
- se eu reparasse nas questões do desemprego! Salvaguardando algumas distãncias na tipologia do tráfego do eixo Braga-Porto ou do ex-eixo Arco-Livração, vamos fazer as contas à vida, as contas ao orçamento das famílias, entre o que auferem e o que gastam em "mobilidade" (palavra gira).
Faça as contas e descubrirá facilmente que um bracarense que trabalhe no Porto e que tenha optado por trocar o pópó pelo comboio+metro+bus poupa, num mês típico de 22+22 viagens, a módica quantia de 350 eur. Ao fim de um ano, dá para pagar as prestações da casa a ponto de não ter que emigrar para a suiça para pagar a casinha.
Isto é EMPREGO.
Além disso, poupa-se petróleo, ganham-se horas de segurança e repouso e leitura e vida social muito para além da parte de trás do volante de um automóvel.
"só porque investem mal em vias como as auto estradas, não dá aval para que possamos investir em vias ferreas, "
Também discordo postas as minhas notas anteriores.
"de braga ao porto é bem menos tempo que do Arco a Amarante, e não temos uma relaçao de mobilidade com amarante tão forte como aquela que os de braga tem com o Porto"
Pois, a existência de uma via de comunicação tem a capacidade de gerar ligações entre os pontos que serve.
Há 150 anos nenhum habitante de Coimbra trabalhava em Lisboa dormindo em casa todas as noites. São 200 km para cada lado.
Hoje, porque há comboio, há gente de Coimbra que trabalha em Lisboa.
E para Toledo, a 75 km de Madrid, preve-se um crescimento de 100% na população nos próximos 10 anos. Motivo: Toledo integra a linha de alta velocidade Madrid-Sevilha (em jeito de ramal). Entre Toledo e Madrid circulam agora "lanzaderas", comboios rápidos (220km/h) que nos colocam no centro da capital em cerca de 30 minutos. Demora mais tempo a percorrer o IC19.... Juntando aos custos da habitação em Madrid, já muita gente descobriu que poupa tempo e dinheiro se morar a 75 km (± Braga-Espinho). Moram a 30 min. do emprego, sem filas, sem fumos.
De facto, entro o Arco e Amarante não existe "este" tipo de relação. Não existe mesmo nenhum tipo de relação.
Podia dar mais meia dúzia de exemplos de vantagens de que algumas zonas (mesmo de Portugal) usufruem por terem acesso ao comboio. Têm porque ele existe.
Ah, e veja as imensas novas zonas residenciais (de qualidade, dizem) junto à Linha da Póvoa do sistema Metro do Porto.
" o comboio e o metro que fala são transportes que vingam bem quando urbanos" - certo mas até o tráfego regional pode representar sucesso, com outros números e com outro tipo de relevância para as populações. Sabia que a Régua, 103 km ao Porto, tem mais passageiros que Viana do Castelo (81 km), e isto apesar de a Régua sofrer menor atracção do Porto?
"ponderaçao a analisar cada caso..."
Certo, vamos a factos....
Tema sempre interessante e colocado da melhor forma. A luta pela manutenção e posteriormente reactivação da Linha do Tâmega sempre existiu e demonstra o apego que as gentes de Basto sentem por este meio de transporte que nos foi subtraído vai fazer 20 anos.
Curiosamente, viviamos nessa altura anos de elevada expansão industrial alimentada pela adesão à União Europeia e de política do alcatrão protagonizada pelo nosso actual Presidente da Republica e o Comboio apresentava-se como meio de transporte obsoleto e desadequado das necessidades das nossas populações, aliado ao facto de muitos dos utentes deste transporte serem familiares de ferroviários e portanto viajarem sem pagar estavam reunidas as condições para se fazer o negócio que até hoje nos prejudica. Não me custa aceitar que à 20 anos atrás as vias de comunicação projectadas seriam soluções interessantes para esta região, dinamizando Zonas Industriais na altura construídas e indo de encontro à tendência da altura. Forte expansão económica, do poder de compra e logo dos meios de transporte individuais. Nunca saberemos o que seria desta região se o estado tivesse cumprido de facto com o negócio acordado com os Municípios envolvidos. A verdade é que não cumpriu. Quase 20 anos depois continuamos à espera da conclusão da via do Tâmega e da ligação Celorico-Mondim-Arco de Baúlhe e nem uma condenação em Tribunal motivou os sucessivos governos a cumprir com o prometido, optando-se antes por uma dispendiosa e inútil ligação Arco de Baúlhe-Cabeceiras deixando para trás os legítimos interesses dos habitantes de Celorico e de Mondim e deslocando a porta de entrada natural da Região de Basto para uma outra localização mais interessante politicamente mas ferida de injustiça e de difícil compreensão.
Sou um defensor da Linha do Tâmega, sempre fui e também sempre lamentei que o esforço pela manutenção da Linha tenha sido sempre protagonizado por Associações mais radicais e grupos de pessoas que preferiram manter as discussões e os protestos privados nunca se criando um verdadeiro movimento que permitisse de facto lutar com argumentos válidos pela manutenção da Linha Amarante-Arco de Baúlhe.
Neste momento as minhas esperanças sobre uma eventual reactivação da Linha são nulas. A conjuntura económica não ajuda,a desarticulação dos municípios envolvidos inviabiliza qualquer hipótese desta discussão ser feita de uma forma séria e com todas as cartas em cima da mesa.
Nos dias que correm, a discussão sobre a Linha do Tâmega deveria recomeçar no ponto em que foi interrompida aquando do seu encerramento e à cabeça dessa discussão deveriam surgir os argumentos da economia. Novas variáveis entraram nestas contas desde 1990. A crise energética, a falência do modelo de vida promovido nas ultimas duas décadas, a deslocalização das industrias para outras paragens, a necessidade da aposta no turismo, a falta de emprego e de actividades económicas geradoras desse emprego são todos elementos novos que deveriam pesar nessa discussão e que provavelmente ditariam um desfecho diferente caso as autarquias de Celorico, Mondim e Cabeceiras tivessem em 1990 negociado um encerramento da linha apenas quando a via do Tâmega estivesse concluída.
Discordo em absoluto de que esta discussão seja isolada de todas as envolventes da vida desta região que vive problemas sérios na sua vivência actual e preparação do seu futuro. Julgo mesmo que a Linha do Tâmega poderia ser um projecto âncora para o desenvolvimento de uma estratégia ao nível do Turismo envolvendo Amarante-Celorico-Mondim e Cabeceiras. Não tenho duvidas que a atractividade desta região aumentaria e que daí surgiriam actividades económicas geradoras de emprego e riqueza para as populações locais, reforçando igualmente a qualidade de vida dos residentes actuais e futuros.
A maior parte das opinioes aqui debatidas, ressalvam a grande parte da pertinencia do tema... o meu sentimento de bairrismo podera ser mal interpretado..de qualquer forma, e atraves destas ditas vias de acesso inovadoras, rapidas e muito eficientes, estao a isolar cada vez mais a nossa regiao..por exemplo a nova via rapida, acaba por isolar quase completamente a minha querida terrinha...perdendo desta forma o cliente pontual que tanto alimenta o comercio local, levando na minha opiniao, a longo prazo, sequelas irreversiveis no comercio local..contrariamente, a ligaçao ferroviaria, seria uma maior valia para a regiao d basto, particularmente o arco d baulhe...luta-se contra o interiorismo, contra o isolamento...e o que se faz constantemente?! isola-s...concentra-se em freguesia ditas importantes...e certo que é apenas a minha opiniao...mas, está na hora d s investir no que é viavel para as nossas gentes...para o nosso povo..é so uma opiniao, como disse sendo questionavel pelo meu bairrismo...
tem que se criar um movimento novo..um movimento revolucionário!!!
não podem passar por cima das pessoas...ja não estamos na ditadura salazarista!!!!
hoje em dia há argumentos, muitos, e neste caso específico, demasiados para que a linha seja aberta!!!!
como é possível que meia duzia de pessoas que são so políticos, queiram entrar na nossa casa, comer no nosso lugar, reclamar de tudo e mais alguma coisa, deitar abaixo o telhado para passar uma estrada e, ainda por cima, nos cobre dinheiro!!!!????
.....
E mesmo os "grandes pensadores" continuam com uma visão limitada. De que interessa ter conhecimento se não se sabe interpretar o mesmo e/ou apenas retemos o que nos interessa da informação adquirida.
Esta luta pela linha do Tâmega é uma luta antiga do Exmo Sr. (futuro doutor e a quem tenho o privilegio e a honra de chamar Amigo) Victor Pimenta e que apoio, e sempre apoiei, mas.. pela beleza da mesma, e pelo rendimento que poderia existir no turismo se a mesma fosse bem aproveitada e explorada.
Agora como ligação comercial? Minimização do desemprego ou criação de ligações industriais entre os pontos que serve??
Bem, não discordo, mas também não assino. A linha ferroviária tem vantagens, tal como as auto estradas (o demónio do presente) as tem. acho que o investimento em AE em Portugal não foi mal feito, e a ferroviária também não o seria, mas cada coisa na sua vez. Todos os exemplos grandes que florescem e que possuem uma cobertura excepcional de Comboio/Metro/RER(bastante mais interessante que o próprio comboio)/Bus tem uma população superior a todo o Nosso Portugal. Agora juntem todo esse conhecimento, puxem da calculadora e façam as vossas contas de três simples, comparem a área e a população com os Km de linha ferroviária e vejam ate que ponto estamos tão atrasados como dizem. Para terem uma ideia, as varias linhas de metro em paris transportam cerca de 1,4 biliões de pessoas por ano, muito dificilmente o mesmo aconteceria em Portugal.
Espalhem informação, não existe nada mais poderoso nem mais apetecível que o conhecimento, agora partilhem o conhecimento como um todo, e não apenas por partes que nos "suporta" numa determinado ponto da "discussão"
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