domingo, 14 de junho de 2009

Ana Zanatti no Público

ana zanatti
© Pedro Palma

«...em Portugal carecemos de espírito iniciador, pioneiro, que exige ousadia, convicção, coragem e sentido de responsabilidade. uma grande cultura de medos. Medo de arriscar, medo do julgamento dos outros, medo do ridículo, medo de assumir responsabilidades, medo das pessoas diferentes. (...) Qualquer manifestação de singularidade, de originalidade é considerada superior e rejeitada. Logo surgem a calúnia, os rumores, as estratégias de exclusão»

«Os casais ocidentais constroem hoje relações assentes num sentimento e procuram a felicidade e o prazer. São uniões voluntárias entre duas liberdades. Não há qualquer diferença entre os sentimentos dos homossexuais e dos heterossexuais. As leis discriminatórias são desumanas e obsoletas.»

«os jovens que falaram aos pais da sua homossexualidade, só 17 por cento foram bem aceites. E 60 por cento dos que são não se assumem perante a família. As tentativas ou ideia de suicídio são três vezes superiores nestes jovens e as depressões e baixos níveis de auto-estima são mais elevados devido à discriminação e preconceitos. Nas escolas o panorama é dramático.»

«Na aparência muita coisa mudou mas o estigma continua enquanto as mentalidades mais retrógradas se perpetuarem de geração em geração. As leis aqui têm um papel fundamental porque o que a lei reconhece é mais rapidamente assumido pelo senso comum, conservador e medroso por natureza.»

«Há dois ou três anos, o cardeal Ratzinger, actual Papa, afirmou: "A homossexualidade é um mal moral que deve ser tratado em vez de ser aceite. Os homossexuais não fazem parte dos planos de Deus." A estas pessoas eu citaria São Tomás de Aquino, que nos dá numa frase um conceito ético muito mais interessante e humanista: "O pecado não está em desobedecer à autoridade irracional e sim em violar a felicidade humana. [em entrevista, de leitura obrigatória, no Público]

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