domingo, 9 de agosto de 2009

Cumplicidade Insustentável

barragem
© VRfoto

Palmira F. Silva (IST), há uns dias atrás no jugular, apontou o esforço do actual Governo na mudança do paradigma energético para um menos dependente dos combustíveis fósseis. Tudo bem com isso tudo. Mas Joanaz de Melo, professor de Engenharia do Ambiente na Universidade Nova de Lisboa, membro do GEOTA - e a quem Palmira torce o nariz - alerta para o paradoxo dos custos ambientais e energéticos das 10 novas barragens ou da terceira travessia do Tejo que, endividando o País, não fazem o que o investimento na eficiência energética faria na factura e até no «controlo dos períodos de pico e ao equilíbrio do sistema com a produção eólica e térmica». A verdade é que mesmo sendo mais fácil recorrer a barragens para emendar este último problema, é muito estranho que não utilizem a actual capacidade hídrica para fazê-lo.

Concordo com Palmira quando diz que o avanço tecnológico e a pesquisa cientifica exigirão muito maior quantidade de energia do que a que temos hoje disponível. Agora, num Portugal que necessita urgentemente de desenvolver o Interior com os únicos instrumentos e riquezas que estas gentes possuem, o sacrifício insensível de vales aráveis e do seu valor ecológico, é de uma demonstrada incongruência.

Por outro lado, a forma com que este Governo dotou as grandes corporações do sector energético (EDP e Iberdrola) do poder apropriação de património colectivo, enquanto propagandeiam falsas virtudes e vendem ilusões de emprego e desenvolvimento a populações desesperadas, é imoral e escandaloso. António Mexia, Coelho e Pina Moura agem actualmente como autênticos donos e senhores deste país. No caso do presidente da EDP a prepotência e a falta de decoro roçam o sadismo.

Se o debate das questões de sociedade e do papel do Estado na economia, a par das quezílias de comadre com a blogosfera de Direita fazem passatempo e as ganas aos futuros deputados do PS que se entretêm a escrever no jugular e no SIMplex, chama-se-lhes daqui a atenção de que: absterem-se de questionar o delírio do Plano Nacional de Barragens, que no Tâmega «viola lei-quadro da Água»(Rui Cortes, UTAD), é compactuar com um dos maiores crimes de lesa-pátria a ser cometido nos próximos anos em Portugal.

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