quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

sinais dos tempos

no mesmo dia em que o governo aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o jn faz capa do tribunal que entregou a guarda de duas crianças a um casal homossexual, diz-se que o país tremeu, talvez para abanar as consciências de muita gente. eu, com opinião formada no assunto, não senti nenhum abalo.

14 comentários:

Catarina Lopes disse...

Sinceramente estou surpreendida... Mas agradavelmente surpreendida:)
Não pensei que as coisas fossem tão rápidas... Claro que ainda falta percorrer um longo caminho, mas o país começa a acordar:) Passo a passo lá se chegará:)

Anónimo disse...

Acho que ha coisas mais importantes para ser tratadas neste momento... Do que o casamento homossexual....

a disse...

Essa do tribunal é pior a emenda que o soneto, mas sempre vai para alguem da familia.
Ainda vão haver gays que se vão casar para poderem adotar.
Devem casar sim senhor, mas adotar não

Vítor Pimenta disse...

caro anónimo, em que é que o casamento homossexual o impede de tratar de coisas importantes? não faltam casamentos aos domingos e deles - a mim - a única coisa que me incomoda é o barulho dos carros a apitar?

o que é que uma simples mudança numa lei, que afecta positivamente um grupo de pessoas sem prejudicar ninguém, distrai o país de coisas importantes? e que coisas importantes? o futebol?
desculpe lá que lhe diga, mas esse argumento é fatela. arranje lá outro sem o tempero de preconceito.

caro a. meirelles. ponho-te o problema desta forma: imagina um casal de lésbicas em que uma delas, ou mesmo as duas, engravida de um dador anónimo ou amigo, só com recurso a esperma fresco e uma seringa de pasteleiro, pe.e.. na tua opinião, o estado deve retirar aquela criança daquele casal porque essa gente, sabe deus, o que lhe vão meter na cabeça?


imagina, um homem bissexual, com filhos menores, que fica viúvo da mulher e passado algum tempo apaixona-se por outro homem, com quem fica a viver, juntamente com a prole. nesse momento perdeu toda a legitimidade para educar os filhos?

outra coisa, segundo a actual lei, uma pessoa singular - desde que solteira - pode adoptar, sem constrangimento na orientação sexual, porque não é de formulário. e se essa pessoa for homossexual, sem que ninguém o tenha que saber?

a minha opinião é que qualquer família onde hajam as condições afectivas e económicas para acolher uma criança deve ter prioridade sobre qualquer institucionalização.

a orientação sexual dos progenitores é indiferente, os filhos não têm grande curiosidade na vida sexual dos pais.

Anónimo disse...

Concordo plenamente consigo Sr. Vitor.
Haja coragem para argumentar contra estas mentalidades preconcebidas.
Parabens pelo seu blogue e temas aqui debatidos.

Cumprimentos

Marco Gomes disse...

Nem mais Vítor.

a disse...

Os filhos não têm grande curiosidade da vida sexual dos pais, mas quando começarem a ter algum entendimento poderão ter vergonha de ter um pai e uma pai.

É natural que duas lesbicas possam engravidar, é a natureza,mas dois homens adotar p ex. uma menina de um ou dois anos, valha-me Deus.

Caro anonimo, eu não tenho preconceitos nenhuns e sou a favor do casamento gay, apenas tenho a minha opinião que não tem de ser igual à dos outros porque se assim fosse, o casamento gay já tinha sido aprovado à muito tempo ou nunca sería.

Vítor Pimenta disse...

A.Meirelles.

Vergonha de quê?

As crianças conseguem ser surpreendente e perfeitamente adaptáveis, desde tenham afecto:


http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/miguel-nao-e-incomodado-pelos-colegas-mas-se-for-responde-eu-tenho-dois-pais-e-tu-nao_1414467

Abre a mente :)

carlos daniel disse...

Efectivamente, o casamento entre pessoas do mesmo sexo em nada prejudica ou contribui para o estado da nação. Apenas interessa a uma minoria e, que o sendo efectivamente, não terão concerteza, menos direitos do que os demais! Contudo, não significará mais direitos ou, como diria o Guterres ( a propósito das regiões mais desfavorecidas, onde se incluem as terras de Basto ) , uma discriminação positiva.

Aliás, pensando bem, até que para as contas gerais do Estado, não é mau, pois o casamento entre pessoas do mesmo sexo, à partida, vai aumentar a carga fiscal, pois, é consabido que a justiça fiscal portuguesa onera ( a meu vêr injustamente )a família, relativamente às uniões de facto.

Como reflexão final, apenas acrescento que o tema é de facto fracturante e aceito perfeitamente como natural as uniões de facto ou casamento entre pessoas do mesmo sexo, desde que respeitem a heterossexualidade dos outros ( que para já me parecem maioria )e não venham para a praça tão histriónicamente acenando como próxima batalha, a adopção!!!!
É que me parece que existem outros temas igualmente importantes mas, exangue de popularidade, são colocados na última prateleira da ordem de trabalhos!

Vítor Pimenta disse...

caro carlos daniel.

respeitar a heterossexualidade dos outros, em que medida? não percebi.

com todo o respeito, o povinho e os políticos é que gostam de inventar desculpas para se arredarem daquilo que lhes é devido. se não fosse este tema, seria outro com certeza. já agora, diga-me um período da história política e democrática recente em que os portugueses e políticos estivessem realmente concentrados nos problemas e nas soluções para eles?

enfim, acho que uma sociedade que ainda perde tempo em discutir sexualidade e, sobretudo, a individualidade dos outros da maneira mais primária, preconceituosa e arrogante, merece a mediocridade de país que tem.

Carlos Daniel disse...

Bom, pressinto que então concordará comigo neste tema!!! É que me parece apenas que alguns pseudointelectuais do burgo, na falta de melhor, lançam estes jargões que em nada abonam aqueles que efectivamente e de um modo tolerante e sem chavões político - ideológicos que apenas servem o argumento dos menos capazes. Eu aceito com toda a naturalidade estas questões, a questão do casamento em nada me limita e portanto, apenas é exigível que alguns missionários histriónicos respeitem quem ainda não tem opinião devidamente formada!!!!!!!!!!
Doravante, tenho uma certeza, que muito me apraz! É que, como contribuinte que sou, sinto que, como existirão novos agregados familiares cuja carga fiscal aumentará relativamente às uniões de facto, prevejo que num futuro próximo, possamos pagar menos impostos, por via desta legalização, o que vem corrigir uma lacuna da lei!
Ademais, e indo de encontro ao repto lançado, entendo que esta publicidade que está a ser gerada em nada contribui para a comunidade homossexual ( vêr o comentário de neY matagrosso a propósito )! Os fundamentalismos não levam a lado nenhum e não devemos conceptualizar esta questão como se fosse um tema da esquerda ou da direita, pois só os ignorantes é que caem nessa tentação, por ser mais fácil agitar essa turba! Devemos é respeitar sem nunca agredir. Creio que muitas vezes o silêncio é uma boa estratégia para os políticos defenderem vários temas e não fazerem dos temas, comícios ( aproveitamentos ) ou festas de campanha.
A sexualidade é um tema que transvasa a racionalidade e como tal, irá sempre gerar opiniões diversas. Toleremos então!
Já agora, se uma minoria étnica lançasse agora a discussão sobrre a possibilidade de legalmente se aceitar a bigamia ou trigamia ou gamia elevada a uma potência considerável? Que diriam alguns "progressistas " ou " anárquicos ou até mesmo os jacobinos? E porque não aqueles cuja vida se resume a um "embrulho " de esquerda ou direita!
P.S. Como a heterossexualidade historicamente não se apregoa, quem chegar de um planeta distante, pensará ( se a isso se permitir )que a maioria das gentes se tomam pela homossexualidade, o que estatísticamente me parece não se verificar! Carecerá de demonstração?
Caro Vítor, um bom Natal ou uma boa noite familiar, que é aquilo que te desejo!

Vítor Pimenta disse...

esse é um pressuposto que não entendo.

o que é o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo tem como precedente para iniciar a discussão sobre a união de 3 ou mais pessoas?




Bem. vai tarde mas espero que tenhas tido um bom serão de família, boas festas.

carlos daniel disse...

Bem, esta questão irá inevitavelmente gerar controvérsias e é por isso que aposto na tolerância! Acho que se o fizermos, embora entenda que seja o caminho mas difícil, concorremos para uma sociedade menos hipócrita e menos binária, em que para alguns apenas parece existir o sim ou o não!!!! E não venham alguns com aqueles chavões de pragmatismo porque em tudo na vida me parece existir relatividade! Quanto ao "precedente", não era minha intenção que o entendesses como tal, contudo, não posso deixar de pensar nesse tema sem que venham agora alguns defensores da uma qualquer direcção ( esquerda, direita, centro, extremas qq coisa )alegar que o argumento não é importante e que não é prioritário. Há até quem o entenda mormente como uma necessidade sexual, outras como cultura, outros terão dúvidas e muitos ( a maioria ) deverão ter, claro, a certeza absoluta que o seu pensamento será sempre o mais correcto, o mais liberal, o mais contemporâneo!

Continuação de boas festas e saúde para todos!

Maximus disse...

Na minha óptica há um problema grave neste processo: as crianças adoptadas por casais homossexuais serão alvo de estigma e preconceito, principalmente pelas restantes crianças que muitas vezes são (inconscientemente) prevaricadoras e estigmativas, castigando-as assim de uma forma brutal. Lembremo-nos que a infância é a mais importante de todas as fases de socialização.
Após a aprovação do casamento entre homosssexuais, deveríamos dar um intervalo de tempo necessário para a habituação da sociedade a fenómenos "contra-corrente", abrindo assim um espaço de tolerância e aceitação para a dita adopção.