domingo, 12 de dezembro de 2010

A parte fraca

Provavelmente o assunto passa ao lado de muita gente comum, mas a defesa da liberdade de expressão obriga a um maior afinco. No caso da Wikileaks, torna-se preocupante a facilidade com que se desviam as atenções na forma, quando são muito mais graves para a democracia os conteúdos revelados. Eu não caio na moralidade fácil de enveredar pela suposta invasão da privacidade, porque essa nunca esteve em causa aqui. Tanto é que se tratou da revelação de documentos oficiais - secretos ou não - que de outro modo deveriam ser de acesso geral no exercício do poder político, a bem da transparência da democracia. Ou isso, ou o cidadão comum, como a Assange, a parte fraca, estará (como está sempre) mais vulnerável que o Estado, por muito que argumente (erroneamente) que se fragiliza a segurança nacional ou do ocidente. Na verdade, fico muito, mas muito mais, descansado se dentro das estruturas governativas houver gente com a hombridade e coragem suficientes para revelar os podres do sistema.

3 comentários:

Paulo Pinto disse...

Se as fugas fossem somente de «podres do sistema», estaríamos de acordo. Mas não são. Revelar ao mundo todo que alguém no Departamento de Estado americano considera, por exemplo, Putin arrogante ou Sarkozy obstinado é pura coscuvilhice com potenciais efeitos negativos nas relações internacionais. Se tudo o que dizemos ou pensamos deste e daquele fosse divulgado, andaríamos todos à pancada estupidamente, ou então censuraríamos até os nossos pensamentos. Para não falar de certos dados sensíveis ao nível militar. Deveríamos todos saber o código de activação das ogivas nucleares? Deviam ser todas eliminadas, é certo, mas visto que existem... Até prova em contrário, acho que a Wikileaks não tem nada a ver com transparência, mas sim com sensacionalismo, irresponsabilidade e oportunismo.
Divulguem eles, por exemplo, documentos que provem a titularidade de fortunas em off-shores, ligações mafiosas, etc., e Assange poderá reivindicar um verdadeiro serviço à transparência da sociedade.

Marco Gomes disse...

Caro Paulo Pinto, o que a equipa da Wikileaks fez foi entregar "em bruto" um conjunto de informações que alguém, que estará preso, as enviou. Enviaram estas informações "em bruto" para não os acusarem de filtrar ou alterar e se concentrarem apenas a transmitir os documentos. Eles, a equipa, entregaram, repito, "em bruto", todas as informações aos cinco dos maiores jornais mundiais. Foram estes jornais que publicaram as "fofoquices" e a lista de sítios sensíveis aos EUA fora dos EUA - que eram mais que óbvios, tais como o porto de Sines, as barragens que abastecem água ao Porto e Lisboa e outros sítios sensíveis à segurança de Portugal.

E se houver nestes documentos, fornecidos à Wikileaks, dados que provam qualquer barbaridade, eles, sem dúvida, serão entregues aos cinco jornais.

Anónimo disse...

J'ai appris des choses interessantes grace a vous, et vous m'avez aide a resoudre un probleme, merci.

- Daniel