quarta-feira, 10 de agosto de 2011

o mesmo filme

com mais ou menos delinquência, mais ou menos ideologia, o filme em londres é tão semelhante ao de qualquer outro filme da primavera árabe, da líbia à síria. anormal num país do ocidente civilizado? temos pena. a calda original é a mesma. umas classes média e baixa esvaziadas de futuro.

7 comentários:

Anónimo disse...

De futuro ou de valores? Outras gerações antes desta viveram dificuldades... Não vejo protesto pela situação vivida mas sim roubo de objectos sagrados da sociedade de consumo e destruição para o show off nas redes sociais...

Vítor Pimenta disse...

de futuro. não me parece que esta geração tenha menos valores que a anterior. temos visto manifestações com total civismo e sentido. como aliás foi em portugal no 12 de março ou tem sido em espanha e israel.

esta violência em londres é uma outra forma de expressão de uma crispação social latente,como o foi em frança, tragicamente com saque e destruição e virando classes mais baixas umas contra as outras.

esse sentimento não é mais que o resultado da distância económica e cultural entre os super-ricos e os outros. estes que além de expostos a um modelo consumista que só assim subsiste, têm de aguentar os custos da austeridade no poder de compram no aumento de impostos e na privação de direitos.

estas pilhagens não são nada comparado com o que a classe média e baixa tem sido pilhada nos últimos anos, nomeadamente na privatização de serviços públicos, no aumento dos gastos com a educação e saúde e no preço da nacionalização da dívida dos bancos. tudo para benefício suposto de um sector privado criador de riqueza e emprego. ironicamente, as empresas que criam alguma coisa são pequenas demais para aguentarem os custos sociais desta política. as outras incham enquanto vão precarizando o trabalho, sob a ameaça da deslocalização. isso sim, é pilhagem, mas como não vem acompanhada de fotografias de montras partidas.

Anónimo disse...

e que dizer das recentes agressões dos agricultores franceses aos camionistas que levam produtos espanhois 2 vezes mais barato?concorrência desleal, trabalho precário, pessoas sujeitam-se a trabalhar por muito pouco dinheiro, argumentam os frances?

nós por cá já assim temos os chineses?e agora..começamos a partir-lhes as lojas todas?qual a solução para o cada vez mais trabalho e concorrência desleal?

Vítor Pimenta disse...

oiça (não sei se estou a falar com a mesma pessoa). eu não estou a legitimar a violência. acho que só se parte para a violência quando se não tem a formação humana necessária para responder de outra forma ou em situações desesperadas. apenas aponto isto como consequência de más políticas. solução? pode muito passar pelo regresso ao modelo social europeu e pelo consumo consciente. não me vai dizer que só podemos concorrer com a china escravizando a nossa mão-de-obra? ou isso ou então uma mudança total do paradigma, que virá, mais tarde ou mais cedo, com a generalização da automatização do trabalho. isto é, a quase total transferência do processo de produção de bens pelas máquinas. esta discussão tem sido adiada mas é da ordem do dia, porque o emprego tradicional está em vias de extinção.

Anónimo disse...

Não é a mesma pessoa... Também não penso que esta geração tenha menos valores que a anterior, são valores diferentes, não acredito no "antigamente é que era"!

O que observo é que muitos da minha geração (tenho 27 anos), cá em Portugal pelo menos, tiveram e têm a vida facilitada a muitos níveis e agora face às dificuldades que se vivem e se avizinham não têm ferramentas para lhes dar resposta..

Se me revolta a má gestão feita por sucessivos governos que nos colocaram na situação onde nos encontramos?Claro!Mas a gestão individual e familiar em geral não foi melhor!E mesmo o uso dos serviços públicos não foi racional tanto por parte dos utentes como dos funcionários, por isso a culpa não é só dos altos cargos...

Resumindo, concordo é com a falta de formação humana (ou de valores ;-)), que referes (tratámo-nos por tu). Essa é a maior riqueza, porque independentemente da mudança ou não de paradigma com essa temos de acreditar que cá estaremos para o que der e vier...

Anónimo 1

Paulo Pinto disse...

As causas socio-económicas profundas existem, e sobre elas podes (e podemos)teorizar ou discorrer. Mas nos motins do Reino Unido o que predominou foi o vandalismo e o roubo praticado por jovens, muitos deles miúdos, sem um objectivo nem uma justificação válida. Falta de valores e de referências éticas, uma educação falhada, famílias desestruturadas, envenenamento por subculturas juvenis urbanas que cultivam a violência, abuso de drogas e álcool na adolescência, políticas sociais inconsistentes, tudo isso ajudou.
Seja como for, não se pode confundir o que se passou ali com as manifestações de 12 de Março e de Madrid, ou com as revoluções árabes. Não foi um movimento libertário onde alguns cometeram excessos. Também não foi a revolta de um grupo de esfomeados ou amordaçados.

Anónimo disse...

Foi a "revolta" de meninos queques que nunca fizeram nada, foi-lhes sempre tudo dado de mão beijada e agora para enfrentarem uma contrariedade da vida, destroem tudo... foi o que aconteceu lá, e provávelmente acontecerá noutros Países