segunda-feira, 22 de agosto de 2011

papa ratzi

não vejo porque o governo espanhol tem de ignorar a vinda do papa a madrid, deve receber a figura como chefe de estado e não como líder religioso, seguindo as obrigações protocolares. quanto ao resto, concordo com os indignados da puerta del sol. o erário público espanhol, como o português, não devia pagar os espetáculos, mesmo que estes rendam largo como o festival que se tornaram as jornadas mundiais da juventude. devia ficar a organização a expensas de uma comissão de festas ou produtora de eventos da catolicidade. afinal de contas, ratzinger é somente uma lady gaga naquele ofício.

9 comentários:

Dario Silva disse...

Lady gaga não; Papa gugu é mais adequado.

Anónimo disse...

A tentativa de ridicularizar as diferenças ideológicas, políticas ou religiosas ou outras é tão antiga quanto o é a comunicação linguística humana. Antes isso do que a agressão física, reconheço. Todavia, é reveladora de alguma ineficácia argumentativa. Em termos clássicos classifica-se de argumentação ad hominem, ou seja, sem atender ao conteúdo da polémica e apenas interessada em menorizar o adversário. Numa primeira análise revela ligeireza na abordagem dos problemas, sob um outro ponto de vista reflete incapacidade em confrontar o interlocutor com ideias sólidas e consistentes. Faço este comentário tão só para defender o valor da tolerância e da alteridade de pensamento. Aliás, não professo qualquer religião, nem faço qualquer intenção de algum dia o fazer.

Dario Silva disse...

O adversário, admito, é um belo financeiro. Contas é com ele.

Anónimo disse...

Incrível!! nunca li nada neste e outros blogues a criticar por exemplo o futebol, onde se gasta dinheiro a "rodos" (e não me digam que os clubes se bastam a si próprios porque não é verdade) e sempre que há uma visita do Papa, tanto cá como noutro País qualquer há sempre este tipo de comentários, porque será???

Dario Silva disse...

Porque o Estado espanhol, e o nosso, é laico e, por tal, não tem que subsidiar esta ou aquela religião.
Acresce que a igreja católica é livre de impostos (o que pode até ser compreensível até certo ponto); o futebol (supostamente) paga impostos sobre os rendimentos e salários.

Saque por saque…

Dario Silva disse...

Por outro prisma, tanto em Espanha como em Portugal:

- o Papa é recebido como chefe de estado (do Vaticano): óptimo, gaste-se o dinheiro público nessa recepção - com o Papa como com qualquer outro chefe de estado. Mas não me lembro de se terem fechado ruas e dado tolerância de ponto quando cá veio o Obama ou o Zapatero;

- o Papa é recebido como líder religioso: então gaste-se o dinheiro da sua congregação ou, por oposição, gaste-se tanto com ele como com o Dalai Lama.

Paulo Pinto disse...

Concordo que o Estado espanhol ou outro qualquer que receba o Papa não deveria financiar cerimónias religiosas. Compreende-se que, tratando-se do chefe máximo da igreja com mais fiéis no país, haja eventos de massas que as autoridades públicas terão que enquadrar (segurança, ordenamento do trânsito, etc.). Mas mais não deve fazer, com todo o respeito pelo Papa e pela comunidade que ele dirige.
Dito isto, também acho que a contestação ruidosa organizada nas ruas é despropositada (o assunto deveria ser debatido, mas serenamente). O que motiva os manifestantes parece muitas vezes ser mais a intolerância do que a preocupação com a ética dos gastos públicos. O que os incomoda não é o dinheiro que se gasta, mas é que se gaste com aquela figura e com aquela gente de quem não gostam. Uma causa justa e razoável, assim, acaba por se tornar antipática.

Vítor Pimenta disse...

Sim, caro Paulo Pinto. Mas há coisas que não se entendem, como a ampla cobertura mediática por órgãos de informação públicos, como aqui acontece pelos 13 de cada mês, de maio a outubro. Além de que em Espanha, com uma guerra civil ainda na memória de muitas famílias, onde a Igreja tomou parte activa no genocídio político e que hoje tende a ser abusivamente intrometida na vida social e na acção de governo, estas manifestações são expectáveis. E aí a intolerância católica para com as liberdades individuais e o preconceito do papa em relação a quem tem uma vida digna e honesta, sem a obrigatoriedade da religião ou da presença de um deus, devem ser devidamente refutadas e denunciadas.

Paulo Pinto disse...

Não digo que não, Vítor. Em Espanha a Igreja Católica teve, ainda em tempos de que muita gente se recorda, comportamentos especialmente condenáveis.
Mas os tempos e as condições mudaram muito. Em Espanha há IVG, casamentos entre pessoas do mesmo sexo, etc. A Igreja pode não gostar (é um direito que tem), mas não teve força para impedir.
De qualquer maneira, combater intolerância com intolerância não será o melhor caminho.