quarta-feira, 6 de março de 2013

hasta mañana, compañero


O mundo disse ontem adeus a uma das figuras mais fortes da cena política mundial dos últimos 10 anos. Hugo Chávez era um venezuelano patriota, controverso e carismático que conseguiu, graças à escalada do preço do petróleo e fonte de receita fundamental daquela economia, levar escolas e saúde a uma grande faixa populacional que até então se via privada do básico. Pode questionar-se o modo, mas a verdade é que Chávez fez a sua reforma "bolivariana e socialista" pela via democrática, apoiada em eleições e referendos, sem que houvesse um observador internacional que lhe apontasse dedo.

Entretanto, a Venezuela afirmou-se geo-politicamente e muito do despertar dos povos sul-americanos, face a anos de domínio e manipulação pelos Estados Unidos, se deve a líderes como Chávez, a par de Lula da Silva ou Evo Morales. [o documentário acima contextualiza a aparição destes actores na política da América do Sul] Com o desaparecimento do Comandante, nasce o mito, mas pode morrer também o processo de transformação da Venezuela, agora de caras com tão grande vazio. São as vicissitudes de um projecto demasiado pessoal, que acaba por encadear o discernimento sobre a nossa mortalidade e como arriscamos à orfandade tantos que sonharam connosco. Talvez seja tarde para Nicolás Maduro, talvez seja um novo alvorecer para o velho status quo na cara nova de Capriles.

3 comentários:

Paulo Pinto disse...

A forma dele fazer política, com prelecções diárias na tv e na rádio e aquelas fanfarronices populistas, está longe dos nossos hábitos. Não podemos esquecer que modificou a Constituição para ficar mais tempo no poder (quantos anos lá ficaria se não fosse a doença?) e que fez amizade com Ahmadinejad. Mas é verdade que resistiu à tentação de aniquilar a oposição, que ajudou os mais desfavorecidos a sair da pobreza, e que ajudou a emancipar a América Latina da submissão e do conservadorismo. Talvez a morte prematura garanta que se tornará uma lenda, como Che Guevara e outros.

Vítor Pimenta disse...

Relativizo a figura ao contexto da Venezuela. Na verdade, o nosso regime tem o seu "populista" dividido em fragmentos, pessoas que se vão espalhando por aqui e por ali com o seu tempo de antena, o discurso ambivalebte, tudo para entreter a opinião pública na sua miséria, mantendo o mesmo status quo, esse punhado de gente que enriquece. Sinceramente, vivendo na Venezuela, preferiria viver com Chávez.

Anónimo disse...

Bem que podias dizer adeus ao teu blog se vivesses na Venezuela de Chaves... és mesmo tonho...