quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Projectos políticos e outros apontamentos


Ouvi, com atenção, a entrevista da Rádio Voz de Basto a José Joaquim Teixeira, o declarado candidato à presidência da Comissão Política do PSD local. A grosso modo, gostei da entrevista. José Joaquim foi claro, assertivo, corajoso e inteligente. Não teve qualquer pejo em dar a sua opinião independentemente dos tópicos em discussão e das perguntas pertinentes do entrevistador, Manuel Ribeiro. Porém, porque há sempre um "mas", José Joaquim salientou, por diversas vezes, que o Movimento Independentes Por Cabeceiras (IPC) não tinha um projecto político e era apenas a figura e sombra de Jorge Machado. A determinado ponto da entrevista, José Joaquim afirma que na disputa eleitoral das últimas eleições autárquicas apenas houve dois projectos políticos: "o do PS e do PSD" (sic). Vejamos: 
  •  um projecto político pode ser entendido como uma obra colaborativa que segue um planeamento pensado e estruturado para atingir um determinado objectivo político. O movimento IPC tinha-o. O objectivo era vencer as eleições, ganhando a câmara municipal, dando a edilidade ao movimento. Foi dito e escrito em vários momentos. Para o atingir, o movimento, colaborativamente, engendrou métodos novos: inovou no contacto com a população (tendo discursos simples e fora do comum), criou vários instrumentos para recolher ideias e propostas, calcarreou cafés e espaços públicos para ouvir e registar os anseios da população e elaborou um conjunto de princípios políticos que definiam os eixos principais da nossa atuação governativa. Em suma: elaboraram uma carta de compromissos (1), um programa e um manifesto eleitoral verdadeiramente participativo (2,3) e definiram equipas (4) com competências essenciais para a governação autárquica. Equipas que, ao nível das competências, eram "à prova de bala". O que tinham os outros, os únicos que apresentaram "projectos políticos"? O PSD apresentou como bandeira eleitoral um conjunto de "dez princípios", com algumas medidas avulsas e centradas no discurso fátuo de serem a única alternativa e os fieis depositários da democracia cabeceirense. O PS recalcou programas antigos, lutou por uma política de "continuidade", assente em figuras gastas e usou métodos de caça ao voto de questionável legitimidade. Apenas isso. Como pode dizer que o movimento IPC não tinha "projecto político"? Tinha-o e ainda o tem;
  •  Jorge Machado, nosso cabeça de lista do movimento IPC, era pura e simplesmente a pessoa com as melhores competências, humanas e técnicas, para dirigir os assuntos autárquicos. Facto inquestionável. No entanto, ele é apenas uma pessoa. O movimento é, e foi, muito mais que uma pessoa. Foi, e é, um projecto político, com todas as características atrás expostas. Este movimento foi, e é, um verdadeiro retrato da sociedade cabeceirense. O movimento, colectivamente, pensou e agiu. Não foi a extensão de Jorge Machado. O movimento, colectivamente, fez escolhas. E continua a escolher de uma forma colaborativa e transparente. Algo estranho, para as outras forças políticas, baseadas em personalidades e em simbologia e emoção clubística. Foi, e ainda é, um colectivo que orgulhosamente lutou para que as competências de uma equipa, encabeçada por Jorge Machado, fossem usadas em prol da comunidade. Embora a figura de Jorge Machado é, por si só, a cola que nos une a todos, o movimento excedeu a figura em destaque. 

Concluindo, José Joaquim, inteligente como é, tenta, subliminarmente, classificar o movimento IPC como o projecto pessoal de Jorge Machado. É estratégico, pois disvirtuar o conjunto, personalizando-o, é a a forma mais rápida de conquistar o eleitorado social-democrata que viu no movimento IPC o espaço de cidadania e de ação política que não encontraram em lado algum. O movimento IPC tem, como teve, um projecto político bem definido e público. A sua carta de compromissos, o seu manifesto, o seu programa eleitoral e as pessoas que o constituem são a prova cabal que há um projecto político sólido e real.

Para consulta dos mais distraídos:

1 comentário:

Anónimo disse...

Sim, pelos vistos havia projecto e outras coisas, mas não era preciso proteger tanto alguns aderentes não publicando determinadas noticias, numa prova cabal de que não conseguiram ser tão independentes quanto isso. Noticias referentes a eleições, consideradas ilegais, independentemente dos motivos e até das motivações, só reagindo ao seu congénere e mesmo assim não dizendo tudo. Se as eleições anteriores foram nulas, as levadas a efeito pelos nulos também o serão certamente. Depois o Dr Jorge Machado meter-se naquele antro também não foi muito bonito. Mas a ver vamos.