domingo, 29 de dezembro de 2013

O Golpe de Vista

Pieter Brueghel the Elder, “Big Fish Eat Little Fish” (1557)


Há um ditado chinês que diz assim :“Não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o sol.”
De facto, não importa o tamanho da montanha, seja ela qual for, que o sol quando nasce, nascerá sempre livre, desprovido de qualquer tentativa de hercúlea presunção para impedir que esse se veja. O sol, independentemente das montanhas que se atravessem na sua irradiação, quando nasce, nasce para todos. 
A metafórica nota introdutória é aqui usada para ilustrar em jeito de comparação certas montanhas que de quando em vez teimam em armar-se de um poder (limitado porque delegado) para o extrapolar em actos tão rasteiros como o chão, a roçar o cúmulo do absurdo. Falo de certas montanhas que se aproveitam dos seus alicerces enraizados profundamente num habitus de quero, posso e mando, para encenar episódios dignos de um Oscar de latão, se esse existisse, premiando a falsidade bacoca. 
Anteontem, assisti, na qualidade de cidadão do concelho de Cabeceiras de Basto, pela primeira vez a uma Assembleia Municipal no direito que o disposto no ponto primeiro do artigo 38º do Regimento da Assembleia Municipal do Município de Cabeceiras de Basto me concede a mim e a qualquer outro cidadão que queira assistir a esta sessão de carácter público.

Diz o ditado que tanta vez vai o cântaro à fonte que acaba por lá ficar, ora que na presente situação não precisou de ir o cântaro à fonte muitas vezes ( bastou-me ir uma vez à Assembleia Municipal) nem tão pouco acabou por lá ficar, já que fui, perto da meia-noite,  de forma prepotente, arrogante e desprovida de sentido racionalmente entendido, convidado a sair pelo presidente da Assembleia Municipal. Sim, não fiquem, para utilizar a expressão do senhor deputado municipal Domingos Machado, estupefactos. A verdade é esta e só esta, fui convidado a sair ( para não dizer "posto na rua") por alegadamente,  e passo a citar as palavras do presidente da Assembleia Municipal, " ter feito expressões faciais e gestos com os olhos" que não seriam do seu agrado, já que mais nenhuma vivalma demonstrou o seu desagrado ou incómodo. Digo que a verdade é esta e só esta, porque qualquer pessoa que ali naquela sala presenciou este insólito acontecimento não poderá se não confirmar que não emiti qualquer som, nem sequer o do estalar dos joelhos que há duas horas aguentavam o corpo que estando ali a assistir nem sequer uma cadeira tinha para tal efeito ( e a sala nem cheia estava), ou gesto manual que pudesse ser entendido como provocatório, já que mantinha as mãos convenientemente dentro dos bolsos que a sala não é propriamente de temperatura confortável. 

Façamos a leitura à luz da lei: o ponto segundo do mesmo artigo 38º já citado, diz-nos que: A nenhum cidadão é permitido interromper ou perturbar a ordem dos trabalhos, sob pena de aplicação das respectivas sanções legais. Em primeiro lugar como já referi, duvido que os meus gestos com os olhos ( que exorto o presidente da AM a descrever o que entende por tais gestos) tenham interferido com a ordem dos trabalhos uma vez que é fisicamente impossível interromper o som das palavras através do movimento ocular. Segundo, mesmo que fosse possível, fico desde já sr.presidente da AM muito lisonjeado pelas qualidades que me atribui ao olhar, que poderíamos chamar de olhar matador. Terceiro, analisando a actuação do sr.presidente da AM, segundo a alínea d) do artigo 15º do Regimento da AM, que nos diz que é competência do Presidente da Assembleia manter a disciplina das reuniões, vemos que a descabida demonstração de força ao convidar-me a sair encontra-se nesta alínea, porém, não existiu na realidade qualquer necessidade de repor a disciplina uma vez que ela nunca esteve em causa na sessão, a não ser do resultado deste mesmo espectáculo engenhosamente encenado pelo sr.presidente da AM que de longa experiência se tornou mestre na arte. De resto, espectáculo que já havia sido encetado resultando em mais de duas horas de sessão sem sequer se ter entrado na ordem do dia. 

Por último, levo da minha primeira experiência neste tipo de participação cívica consagrada por direito na lei, uma triste e deplorável actuação por quem, por direito e dever, tem a missão de levar a bom porto o melhor seguimento possível das sessões de Assembleia, zelando, através da isenção, por diálogo e prática responsável da actividade politica. Ao invés, como já referi num artigo  neste blog publicado, a prática corrente da diversão para iludir e amedrontar reinou novamente nos corredores do poder autárquico. 
Na verdade não perturbei ou interrompi a sessão no seu todo, mas apenas no entendimento de um sujeito em particular que se sentiu incomodado pelo olhar frontal. Bem sei que o seu hábito é olhar e ver rostos cabisbaixos de submissão, mas aqui não os encontrará, e não os encontrando revela a sua verdadeira face, a sua verdadeira persona, revela o rosto da ira, o rosto do caciquismo, como enorme peixe ávido de gula pelos mais pequenos. 
Por mais montanhas que se ergam da pomposidade do cadeirão vermelho o sol não será vedado, nem anteontem nem nunca.


25 comentários:

Anónimo disse...

O puto, és tão inocente como a tua família toda!!!
Quando tu nasceste já os teus lambiam botas, deixa-te de tretas!!!

Anónimo disse...

DEixa-te de comentários baixos. Comenta o cerne do post e aí sim dá a tua opinião (se é que alguma vez a tiveste ou terás), porque tu deves ser um dos que, de facto, só alhas com submissão. Claro que não sou advogado nem ninguém me encomendou nada mas isto, e eu já sabia, foi uma das vergonhas da noite QUO VADIS DEMOCRACIA?

Anónimo disse...

Caro José Duarte,
tenho que reconhecer a tua coragem e determinação na denúncia deste "atropelo" à democracia em Cabeceiras de Basto. Este é só mais um e é, de facto, muito sui generis! Aconselho-te uma coisa: contacta as televisões e faz uma exposição na forma como o poder político foi "travestido" pelo pequeno homem em Cabeceiras, e acrescenta-lhe este episódio e outros (é um fartote). Prometo-te que haverá alguém que pega na estória e quererá falar contigo! Quanto ao resto, lamento que ainda existam imbecis que não saibam o que é a liberdade e prefiram confinar a sua ignóbil existência em regime de perfeita escravatura mental!

Anónimo disse...

É puto, é puto...mas tem dado cá uma tareia aos "socialistas púdicos" que até mete impressão!E como não têm capacidade para responder à altura, então vêm com intimidações ou comentários ridículos metendo famílias à mistura,e o que vier à mão! É próprio de quem se tem que agarrar ao poder de unhas e dentes porque sabem que quando a mama acabar não têm onde cair mortos!Força Jovem, tens mais apoiantes do que tu possas imaginar!!

José Duarte disse...

Caros leitores/ comentadores, dos prós aos contras: A minha posição no texto é clara, e por inúmeras testemunhas presentes que não poderão negar, a considero factual. Eu não poderia ter sido "convidado" a sair daquela forma prepotente sem que tivesse feito algo que o justificasse. Isto é, demarcada perseguição, pura e dura, doa a quem doer. Quanto ao senhor Anónimo do primeiro comentário, terei todo o gosto em esclarecê-lo sobre o "lambe-botismo" de que me acusa, escolha a hora e o lugar, e para além disso eu, de forma consagrada na lei, a partir de ter atingido a maioridade respondo apenas pelos meus actos e não por pessoas que de forma consanguínea estou ligado. Para além disso, seguindo na sua teoria tenho a mesma legitimidade de lhe perguntar a quem o senhor lambe agora as botas para me atacar assim.
Quanto aos demais anónimos, agradeço o apoio, mas não é isso que procuro. Apenas apresentar aquilo que injustamente me aconteceu nas minhas próprias palavras para no meu silêncio não me ponham outras na boca. Bom ano para todos.

Anónimo disse...

Caro José Duarte, deixa-me felicitar o dom que possuis para a escrita, que à semelhança dos teus parceiros bloggers, nos preenchem com muito boas reflexões e exercícios de cidadania, independentemente de nem sempre estarmos plenamente de acordo ou desacordo.

Gostava porém que diversificasses um pouco o conteúdo dos teus post´s, porque a dada altura, para quem vem a este espaço com regularidade, fica a ideia que pessoalizas demasiado a tua crítica a um único personagem, e denota-se nas tuas palavras um certo ódio e raiva implícita e explícita para a dita cuja.

Se essa personagem é assim tão desprezível enquanto ser humano tal como a ela te tens referido, porque lhe dás tanto relevo na tua arte de escrever? Não estarás por vezes a gerar um efeito contrário ao que pretendes, ou dúbio, nas pessoas que te lêm e te vêm de fora? Pensa nisso, és inteligente e podes usar o teu dom com muito mais proveito.

Por outro lado e em relação a este post em concreto, porque abandonaste a dita AM quando tinhas a razão do teu lado? Ficaste intimidado? preferiste não dar aso a conflitos? O que te moveu a obedecer ao dito déspota? Porque não o enfrentaste olhos nos olhos como tanto te gabas de para ele teres olhado? Já pensaste que te podem chamar de cobarde, tal como também já apelidaste a dita personagem que presidia a tal AM?

É necessária muita modéstia e cautela quando fazemos crítica e julgamento sobre outras pessoas, porque sem nos darmos conta estamos por vezes a projectar nos outros as nossas próprias fragilidades e defeitos.

Devo dizer que não estive presente na referida AM e muito menos estou a defender os actos e os motivos do Presidente da mesma. Mas se não foste capaz de tomar a posição que aqui tomas no momento e pessoalmente, não me parece oportuno que procures neste espaço, que é público, apoios factuais e lavagens de alma.

Um pequeno conselho, na próxima AM volta lá e caso te sintas novamente defraudado nos teus direitos de cidadão, reúne as testemunhas e denuncia às autoridades competentes. Usa este espaço para enriqueceres o teu dom de forma mais diplomática e unificadora.

Lembra-te de Mandela, a diplomacia é o caminho. O ódio não nos leva a lado nenhum. E em relação ao personagem, os cabeceirenses já há muito conhecem os seus métodos ditatoriais, mas há que lembrar que foram os mesmos que o elegeram para esse cargo, ainda que a muitos outros tenha desagradado esse resultado, como a mim próprio. Mas a democracia é assim mesmo, feita também de dissabores.

Agora há que pensar no que poderá ser feito ao longo destes 4 anos, e não me parece que uma guerra aberta e publicamente declarada seja a solução ideal, até porque 4 anos é muito tempo para se perderem a lavar roupa suja. Há que debater e discutir ideias, projetos, sonhos... não personalidades, associações ou partidos.

Sempre gostei muito deste blogue pela perspicácia dos seus "malditos" em opinarem sobre temáticas actuais e diversificadas, e que procuravam agitar mentalidades levando a opinião aos mais diversos sectores da politica, da sociedade, da cultura, do dia a dia e da humanidade. Fico triste quando a pouco e pouco fico com a sensação que este espaço parece estar a tornar-se mais um instrumento de intenções políticas claras, perdendo toda a sua identidade. Ou talvez me tenha apenas iludido.

Anónimo disse...

Excelente comentário do anónimo das 15:01, todo ele. Tocou em todos os pontos de análise que devem ser referidos com uma visão devidamente distanciada da situação, mas ao mesmo tempo com exemplos e factos concretos.
E o que eu queria também realçar neste meu post é o que já se comentou entre mim e algumas pessoas que seguem este blog à já alguns anos (sim, não estou a falar da nova vaga de maldizentes que só agora seguem este espaço de opiniões), que é o facto de este blog estar a perder a sua identidade (pelo menos a inicial/original) e estar a tornar-se claramente em mais um instrumento político ao serviço de um determinado movimento.

Anónimo disse...

Ai vocês não sabiam que os independentes estão a querer controlar tudo? Não sabiam que querem instrumentalizar tudo? Hó meus amigos, o dr Jorge teve uma boa escola.
Em termos de órgãos de comunicação social começou logo pelo jornal o basto através do Hélder e Celestino Vaz, do Miguel Gaspar, do Nóbrega, do Marco Gomes, do Vítor Pimenta; e passou depois para a rádio voz de basto através dos Veigas e com a ajuda do Guião. E como viram que os órgãos de comunicação social mais tradicionais já não têm o mesmo impacto viraram-se para a blogosfera, onde o blog dos seus "camaradas" lhes serviu na perfeição.
No que diz respeito a grandes instituições do concelho, elas também começaram já a ser controladas e a serem notoriamente instrumentalizadas, e isso sim é que é o pior pois essas grandes instituições estão acima de tudo e todos e o seu nome devia ser sempre respeitado e vir em primeiro lugar.

José Duarte disse...

Caro anónimo das 15:01, fico desde já imensamente grato pelo comentário que fez ao meu post, e pelos elogios que teceu à minha escrita. Se é um dom ou não, é uma questão quase que metafísica que não valerá a pena discutirmos. Quanto às suas interrogações, críticas e lamentações gostaria de lhe responder de forma breve, o que nem sempre é fácil para mim que tendo a escrever extensamente. Em primeiro lugar digo-lhe muito sinceramente que naquele momento quando me se dirigiu a mim o convite para sair da AM fui impelido por várias testemunhas ao meu lado a não arredar pé, mas senti naquele momento que o que o senhor presidente da AM pretendia era precisamente que eu não o arredasse, dando espaço para que ele assim sim entrasse num confronto direto comigo que ele próprio iria encenar que aí sim lhe daria todo o direito enquanto presidente de perante uma interrupção da ordem dos trabalhos usar os meios e sanções legais para me pôr fora. Desse espectáculo resultaria mais uma manobra de diversão para que no fim eles saíssem como os defensores da liberdade na "casa da democracia" estampando essa ideia à de que mais uma vez um elemento afecto ao IPC tinha causado distúrbios numa sessão pública, perturbando o normal funcionamento da actividade democrática de quem foi eleito. Se eu ficasse pode crer que seriam esses os traços gerais do comunicado oficial do PS e de uma certa crónica publicada no Ecos sobre a identidade anónima M.M.
Para além disso esse espectáculo de desordem que ele quis provocar só prejudicaria os elementos eleitos da lista do IPC ali presentes, o que não queria de todo, como pode imaginar, provocar. Quanto à minha frontalidade, se a mantive ou a desviei por medo, digo-lhe apenas que não preciso de provar que não tenho qualquer problema em enfrentar o homem, não por ódio ou raiva de estimação, não por demanda pessoal para me enriquecer o ego, mas tão só na qualidade de cidadão que pretende na actividade da sua cidadania usar dos mecanismos e "armas" que democraticamente sou munida pela minha cidadania, para criticar, questionar a autoridade de alguém que age como se ela fosse suprema como bem sabemos que é limitada pelo seu enquadramento legal e representativo.
Caro anónimo, já ponderei várias vezes, toda e cada vez que escrevi sobre esta matéria, mutatis mutandis, ponderei e resolvi escrever. Não se trata de projetar num homem os meus defeitos porque não considero que os tenho, acho que isso é uma não questão. Terei outros certamente, como admito, o impulso emocional ou o coração demasiado perto das mãos quando escrevo, como certamente ainda outros mais pessoas, mas não esses. E resolvi escrever as várias vezes que o fiz sobre aquele homem porque no final de contas me impressiona como uma prática politica tão desprezível é capaz de manter-se, por vezes, de forma incólume, sem qualquer critica em vários meios, por diversas pessoas. Já me disseram aqui neste blog que me apoiavam, enquanto outros me disseram para crescer, mas na verdade, e sem querer desrespeitar ninguém, sob a capa do vosso anonimato nunca vi ou ouvi as vossas criticas, e por nunca as ver, me sinta também sempre impelido a fazê-las.
Caros comentadores, a linha editorial deste blog têm seguido inegavelmente uma critica politica demarcada quase num só sentido. Mas caros, de que vale falar da vária fruta podre que cai nos pomares quando o problema são as suas mais profundas raízes?
Aqui no mal maior, o malditos e os cúmplices concentram as suas energias no zeitgeist, no sinal dos tempos. E nos últimos tempos a energia deve ser canalizada para ali, porque é ali que reside o mal, o mal maior. :)
Dizer que isso é uma desvirtuação e perca de identidade do que este blog já foi não me parece justo. Outros tempos virão, não iremos, não se preocupem falar eternamente de um só mal do mundo, quando existem tantos. Resto de bom dia para todos :)

Anónimo disse...

José Duarte, pelo que posso perceber da tua descrição dos acontecimentos, a atitude que tomaste perante a postura do presidente da AM seria sempre uma faca de 2 gumes, quer te mantivesses firme quer abandonasses a sala. É a típica armadilha de quem tem experiência de poder, pois nada te garante que não venhas a ser referenciado por suposto comportamento indevido em comunicado oficial do PS ou pelo pseudónimo “MM”no Ecos de Basto, na sua próxima edição.

Nota que ao abandonares ordeiramente a sala não deixaste de entregar-lhes de mão beijada as armas e o argumento para que possam com isso fazer manobras de diversão. No fundo, não deixaste de lhes dar espaço para que invoquem a razão dos acontecimentos. Não te condeno, pois também não sou adepto da confusão e dos distúrbios e talvez no teu lugar tomasse a mesma atitude.

Porém, postumamente, daria um tratamento diferente ao texto e à descrição dos factos pelo que já mencionei no meu comentário anterior. Quero com isto dizer que não está errado denunciar atropelos à lei e à democracia, mas o respeito é essencial para não perdermos a razão e, sobretudo, para que quem nos lê, não o faça com a desconfiança de que existem motivos de perseguição ou de ordem muito pessoal ou associativa. Não podemos nem devemos ser iguais a eles ou responder na mesma moeda, se é que me entendes.

Sobre o personagem presidente da AM não estejas tão certo que as suas atitudes passem incólumes ou acríticas na consciência dos cidadãos cabeceirenses. Acontece que na maioria dos casos as pessoas preferem guardar as opiniões para si ou partilhá-las apenas em círculos reservados com os quais se identificam ou confiam. E isso é motivado por diversas razões, seja por desinteresse em partilhá-las, insegurança, desconhecimento dos factos, medo, etc. Ou talvez também por que os vossos post mais recentes de tão detalhados em pormenores e pessoalizados que são, não deixem espaço sequer para o comentário construtivo e o debate de projetos e ideias políticas, por não haver nada para comentar que não seja discordar ou dizer ámen sobre a crítica feita a personalidades ou partidos.

Sobre o nosso anonimato, cada um tem os seus motivos. Poderias até usar isso para apelidar-nos de cobardes, mas desde já fico grato por não o fazeres. É bom lembrar que em meios pequenos as pessoas desenvolvem sentimentos conflituosos apenas por terem opiniões diferentes e demarcadas de certos grupos ou meios, e o anonimato permite evitar esses conflitos com pessoas com as quais convivemos lado a lado e com as quais inclusive temos boas relações profissionais, familiares e de amizade. Condeno veemente o anonimato quando usado como máscara para esconder uma pessoa que usa da falta de respeito, do insulto e do enxovalhamento, porque isso sim, é cobardia pura. Contudo, penso que não é esse o caso.

Atenciosamente anónimo das 15:01

Anónimo disse...

Quanto à identidade do blogue, não posso estar mais em desacordo. Dizer que a crítica política tem sido demarcada num só sentido já diz muito. É inevitável que quem escreve seja movido pelas suas motivações e ideais, mas o mundo está com certeza cheio de muitos males e muitos bens que poderiam aqui ser oportunamente retratados como foram noutros tempos deste blogue. Na minha opinião, este espaço perdeu o pluralismo de outros tempos, é factual, basta verificar a linha editorial e o tratamento de texto dos últimos 12-18 meses e compará-la com os primórdios. Repara no teu próprio comentário no qual te intitulas como um cidadão, mas no qual fazes uma alusão clara ao IPC justificando a tua atitude de abandono da AM como forma de defender o bom nome do movimento. Lembra-te que antes de seres membro do IPC, és um cidadão, e é nessa qualidade que aqui escreves.

Permite-me frisar que apoio o movimento IPC e que acho maravilhoso um concelho tão pequeno ser capaz de reunir pessoas de coragem para se apresentarem como alternativa política. Contudo há que repensar algumas estratégias, porque ser alternativa não é apenas ser o contra ou tornar o debate personalizado ou partidarizado. É necessário usar todos os meios para projetar o futuro pois caso contrário, os olhares dos cidadãos que vos vêm de fora começam a ficar desconfiados até dos melhores argumentadores e das melhores intenções, porque como diz o ditado, o inferno está cheio delas.

A cidadania está muito para além de partidos ou de movimentos políticos. Enquanto continuarmos fechados em cubos ou associações de ideias a lavar roupa suja por interesses individuais de amizades, inimizades ou coletividades, invocando os valores supremos da liberdade, da democracia e do pluralismo, mas esquecendo o interesse colectivo, na realidade, e sem nos apercebermos, estamo-nos a encerrar dentro de nós próprios.

Esta é uma opinião que se estende também aos restantes “malditos”. Como seguidor deste espaço gostaria que repensassem se o blogue é efetivamente o Malmaior que sempre conhecemos, ou se deverá ser mudado para XIII.

Atenciosamente Anónimo das 15:01h

Hermes Trimegisto disse...

Caro anónimo das 15:01, fiquei absolutamente siderado...! Não é normal ver, por estas bandas, tanta eloquência discursiva, nem uma narrativa tão intensamente humana e, simultâneamente, desprendida, objectiva e coerente. Simplesmente brilhante! Gostaria de o ler mais vezes por aqui ou noutro lado qualquer. Quanto ao jovem Duarte, a quem já elogiei a coragem, deve ver nos seus comentários um óptimo ponto de partida para se tornar, num futuro próximo, um cidadão esclarecido ao serviço da cidadania. Tenho a certeza que o será pois denota inteligência e vontade para isso. Saudações fraternas.

Anónimo disse...

ahahahah. bem, isto por aqui promete. que foi desta vez? mais uma nega de emprego aos mais jovens da família?? alguém abriu os olhos!!!

Anónimo disse...

E eles continuam a dar-lhe com a mesma. E a ti? quantos empregos é que já te arranjaram para defenderes efusivamente a corja?

Marco Gomes disse...

O que aconteceu com o José Duarte é lamentável. Foi uma atitude desproporcionada, não fundamentada e que apenas demonstrou as fragilidades que o atual Presidente da Mesa da Assembleia Municipal tem em gerir uma sessão da Assembleia com regularidade e disciplina. Também é difícil, confesso, quando ele é um dos principais agitadores, atirando para um canto o dever de Presidente da Assembleia Municipal.

João Bravo disse...

Infelizmente não estive na dita assembleia para poder comprovar, com os meus próprios olhos, tão bisara e vergonhosa situação!
Acho que todos devemos reflectir e inflectir para se conseguir perceber como é possível, em pleno sec. XXI, existirem situações destas.
Ao José Duarte dou os meus parabéns pela coragem em trazer a público estes ataques à democracia.
Fico, como cidadão e como socialista, envergonhado com este tipo de atitudes, que no entanto ficam apenas e só com a pessoa que as pratica.

Sinceramente espero que tenha sido uma excepção e que daqui para a frente a AM de CB volte a ser um espaço plural, aberto e verdadeiramente democrático onde todos os olhares se consigam suportar!

Quanto a alguns comentários destrutivos que tentam gerar uma, conveniente, confusão, só lamento que sejam assinados por anónimos, o que aliás por si só já os define.

Um abraço

Anónimo disse...

ok joão bravo. eu sou o João manso ;)

Marco Gomes disse...

O João Bravo é Bravo mesmo, de nome e de personalidade.

Em relação ao anónimo que insinua que os "independentes" controlam os órgãos de comunicação social, o amigo esquece-se de um aspecto muito importante: estas pessoas que citou, relacionadas com o jornal "O Basto", já pertenciam à adbasto e ao jornal muito antes de haver listas de "independentes" às eleições autárquicas. Pertenciam e pertencem, sendo dirigentes e associados destas entidades. Para finalizar, o jornal "O Basto" e a adbasto são entidades plurais, compostas por membros de todas as sensibilidades políticas e classes sociais. São, digamos, socialmente transversais e politicamente ricas e diversas. Não controlam nem se deixam controlar, algo comprovado pela história destas entidades.

Para finalizar, para os anónimos que criticam a linha editorial deste blog, apenas um pequeno apontamento: sempre que escrevemos algo relacionado com o XIII escrevemos como sempre escrevemos, expressando a nossa opinião, justificando-a, em plena liberdade de consciência. Não admito é que nos confundam com apaniguados políticos, que são instrumentalizados por uma "entidade suprema". Isto, meus caros, mora em outros sítios que não este.

Anónimo disse...

O problema aqui não é o escrever a opinião própria quando o tema é o 'XIII', mas sim a repetitiva (e já cansativa, diga-se) quantidade de vezes que agora esse tema (ou como já se disse: propaganda) é usado e abusado neste espaço nos últimos meses. Aliás, tirando estes maldizeres todos postados nestes últimos 2dias (não sei se foi por se ter dito aqui que já se está farto da propaganda independentista), eu fiz uma pequena consulta ao blog e constatei que nos últimos 25 posts que foram feitos neste espaço 14 deles são posts "independentistas", por isso já se percebeu bem qual é a nova linha editorial iniciada à uns meses atrás.

Anónimo disse...

Caro Marco, não confunda opinião com acusação ou crítica destrutiva. Sobre a linha editorial do blogue é apenas uma impressão que emerge de quem vos segue e vos lê pelo lado de fora.
Desde já fico agradado por ter publicado recentemente novos post´s, diversificando as matérias. É disso que talvez sintamos falta.

Apenas se sente que o blogue tem primado por uma monotemática política concelhia perdendo algum do seu pluralismo de outros tempos, que certamente cativava muitos leitores. Relativamente à opinião que teci é a que tenho, e mantenho-a para o bem e para o mal.

Nunca tão pouco me passou pela cabeça que os autores definissem a sua linha editorial com base no desiderato ou nos desígnios de uma entidade suprema, ou que estivessem sujeitos a chantagem ou coação.

Apenas me limito a achar que, em detrimento das suas convicções, emoções, e eventuais aspirações, acabem por pender para a produção de um conjunto de textos que a dada altura se tornam repetitivos e até susceptíveis de gerar desconfiança no que respeita às suas melhores intenções.

Para além de que, na maior parte dos casos, não acrescentam novidade àquilo que se conhece sobre as políticas e a gestão da autarquia, que já é mais do que conhecida dos cidadãos cabeceirenses, no que concerne aos seus métodos.

Por outro lado, sobre os comentários relacionados com a adbasto e outra comunicação social partilho da sua opinião e refuto os comentários anónimos, pela intenção e insinuação que carregam. Convém é não meter tudo no mesmo saco quando se comenta em resposta a outros leitores.

Atenciosamente

Anónimo das 15:01

José Duarte disse...

A todos os comentadores e que, simultaneamente, leitores, vêm a estas bandas de maledicência, informar-se, partilhar opiniões, ideias ou pontos de vista, ou que ainda, atendem sempre à sua curta visão da vida que une por ligação directa a raiva ao discernimento e que acusam, assim, só por acusar a ver se alguém lhes reponde na mesma moeda: São todos bem-vindos. Não sendo o anfitrião deste lugar de grandes e pequenos males e de ainda maiores bens, digo-lhes que são sempre bem-vindos, mesmo que vindos por mal. No entanto, como já o referiu o Marco, não deixa de se tornar um tanto quanto desagradável apelidar a linha editorial de independentista ou "ao serviço de" como se esta linha editorial não tivesse (provado há muito) pensamento e vontade própria. Primeiro se nos últimos 25 posts, 14 desses eram independentistas, não o vou lamentar, por mais uma vez, como já o disse, ser apenas um sinal dos tempos, e quer queiram quer não, o momento politico concelhio da atualidade é tudo menos sustentado em norma, mas sobretudo em excepção. Isto é, nunca um parecido assim vivemos, por diversas razões. Mas não quero entrar nessa discussão, até porque sou também da opinião que o blog poderia ter sido mais diversificado no teor e conteúdo, mas é facto que não o foi, não o lamentando. Se fizerem a mesma leitura ao telejornal que vos entra todos os dias em casa verão que a linha nunca foge ao mesmo, mesmo que assim não pareça. Agradeço as opiniões construtivas, sobretudo do Anónimo das 15:01 que gostaria de conhecer e com quem gostaria de debater estas questões pessoalmente. Fizeram-me reflectir e bem sobre determinados aspectos. No entanto, encontro-lhe uma contradição. Em primeiro lugar, sugere-me que ao ter saído da Assembleia coloquei espaço a que pudessem dizer tudo e mais alguma coisa sobre mim, enquanto alguém que percebeu o erro e de forma submissa saiu de uma sala, como que se envergonhado. Alertou-me que isso constituirá argumento para me acusarem de que não defendi firmemente a minha posição porque essa carece de razão. Ora, faço-lhe assim uma pergunta: como poderemos dar descanso a um poder de tal forma prepotente quando os ataques são bastante repetidos e cada vez mais desproporcionados, se não através de uma resposta pessoalizada (porque feita individualmente e porque os ataques são também pessoais)? Da mesma forma que me alertou para que ao sair da sala me desse por culpado, ao ficar aqui em silêncio dará a ideia de que culpado me sinto. Dará a ideia de que aqui se perdeu a força da denúncia e da oposição frontal à obstrução das liberdades individuais. Bem sei que a moderação, que a análise depois da água deixar de ferver é bem mais sensata e mesmo até sob condições de maior clarividência. Mas o tempo urge e descanso é algo que não tendo não poderemos dar-lhes. Como tal a pessoalização da critica não me dá especial prazer mas aqui ela não será feita sobre os subterfúgios do implícito quando toda a gente sabe que ela é mais do que explicitamente dirigida a um círculo muito restritos de pessoas.

José Duarte disse...

Mais uma vez, quanto à linha editorial, ela, estejam descansados, será mais diversificada, como até aqui (antes dos 25 posts contabilizados) o foi. Mas garanto-vos que nenhum qualquer acontecimento da natureza do sucedido na AM e que despoletou o post que estamos a comentar será deixado passar sem a nossa critica. Não nos assumimos como arautos da democracia, nem tão pouco somos "independentistas" (esta palavra se repararem remete claramente para o sentido de sectarismo e separação) mas ao invés, unidos na luta pelo melhor que a democracia tem e permite - a opinião livre.
P.S. Caro anónimo das 15:01, antes de apoiante do movimento do IPC sou sem dúvida cidadão e não me esqueci. Mas uma coisa não invalida a outra, nem tão pouca ambas se incompatibilizam. Referi-me naqueles termos porque tinham mais sentido dado o contexto. Ao contrário, a sua leitura minuciosa tenta espremer algo que não lá está realmente. Mas desde já lhe agradeço o apontamento.
Bem-haja a todos, os anónimos ou aos que posso nomear, como o caso do João Bravo (um abraço para ele).

Anónimo disse...

Caro José Duarte, o bloque é todo vosso e vocês fazem dele o que bem entenderem e escrevem o que bem vos apetecer que ninguém tem nada que ver com isso. Porém, não consigo fazer esse paralelismo com os telejornais porque aí falamos de plataformas que acima de tudo têm cariz informativo, não opinativo. Apenas dei a minha sincera opinião e concordei com a de outros por que é o que efetivamente sinto. Se quiserem valorizar a opinião dos vossos seguidores ou desprezá-la, é lá convosco. A mim, a linha editorial do blogue não têm nada que me provar, conheço-a desde há muitos anos, para além de que, me parece já se ter escrito demasiado sobre este ponto apresentando-se e escrutinando-se argumentos quanto baste.

Quanto há contradição que me apontas, não a percebo. Penso que a minha linha de pensamento nos comentários anteriores foi mais do que clara. Lembra-te em primeiro lugar que fiz um juízo sobre os acontecimentos com base na tua descrição, pois não estive presente, nem tão pouco deslegitimei a tua razão dos acontecimentos. Também não condenei a tua atitude, pelo contrário, afirmei que possivelmente passando-se comigo nas mesmas circunstâncias, muito provavelmente faria o mesmo. O julgamento que eventualmente farão ou deixarão de fazer em relação ao teu comportamento, em consciência, nos jornais ou em público, não me diz respeito nem é da minha responsabilidade. Apenas alertei para a possível dualidade de interpretações e do aproveitamento oportunista que possam querer fazer com sucedido. Afinal de contas sabemos ou não sabemos todos como funciona a máquina barretista?

Relativamente à tua pergunta certamente perderíamos horas de conversa a discutir perspetivas e pontos de vista, mas da mesma forma penso que já fui bastante esclarecedor em comentários anteriores. Por outro lado não me compete a mim estar aqui a intrometer-me nos assuntos internos do blogue ou a dar sugestões de como A, B ou C devem ou não devem escrever sobre determinado assunto ou batalhar contra o poder instituído. Contudo, e em resposta à tua inquietação em forma de pergunta, resumidamente posso dizer que, me parece que seria mais sensato elevar a crítica a um outro nível. Não significa que não se possam criticar ou atacar personalidades, mas há que fazê-lo com muito bom senso. Há que criticar o ser político que é do que se trata, não o ser-humano. Usar de adjetivos relacionados com a personalidade e carácter do dito cujo é a meu ver contraproducente e execrável. Torna-se repelente à leitura.

Atenciosamente anónimo das 15:01

Anónimo disse...

Vocês têm um génio fantástico para redigir opinião, porque não pegam por exemplo em episódios como o que se passou na passada AM e o submetem a uma análise inversa. Quero com isto dizer, experimentarem talvez redigir um texto onde exponham, sem ofensas, como desejavam que se desenrolasse a AM, como a idealizam, como a imaginam e projetam num grau de perfeição máximo, onde os princípios democráticos se respeitam, onde não há tiranos que expulsão da sala cidadãos de direito, onde se estabelece um espaço de partilha e discussão do futuro, coexistindo ideais diferentes e alternativos. Pensem naquilo que no contexto atual seria considerada uma AM desejável ainda que imaginária, espelhem-na nem que seja de modo romanceado e literalmente rico, façam o homem ou os seus correligionários lerem e emocionarem-se com o que vocês escrevem, toquem-lhe no coração e mostrem-lhe que ele está errado ao tomar esse tipo de atitudes, ao invés de despoletarem nele a raiva e a vingança com o tipo de textos que tem vindo a produzir até aqui. O homem está velho e agarrado ao poder, há que fazê-lo ver que há gente jovem que quer dar continuidade ao que de bom fez, sem ter de necessariamente e ciclicamente estar a desvalorizar o seu papel enquanto autarca enaltecendo os seus defeitos.

Para finalizar, sobre o escreveres e a relação que fiz entre a cidadania e o pertenceres ao movimento IPC é óbvio que não se incompatibilizam, mas há que ver o contexto em que levantei essa relação. Afinal de contas parece que tu é que lês-te o texto minuciosamente. E se queres que te seja muito sincero, por favor não me atires areia, que eu já cá ando há muitos anos.

Atenciosamente anónimo das 15:01

Anónimo disse...

Caro José Duarte.
É realmente muito novo mas pode falar com familiares e amigos mais velhos e entender as diferenças de Cabeceiras de antes Barreto e depois Barreto.
Tambem eu já me erritei muito com as suas/dele atitudes, todos querem o melhor para nós e os nossos, todos querem um trabalho perto de casa e todos caímos na tentação da "cunha" e depois fica-mos desiludidos porque temos que abandonar a terrinha para sobreviver-mos. Se olhar ´´a sua volta, vê que quem ficou por aí foram sempre os mesmos ou seja 3 ou 4 famílias arranjaram-se sempre, uns por causa do futebol... a verdade é que tiveram sempre colocação ou nos antigos serviços federados/edp, camara, serviços florestais etc. etc.
Mas uma coisa deve ser dita, isso aconteceu com os 2 presidêntes de camara que conheci, mas acho que antes deles era tudo igual por isso, a terra é pequena e não dá para todos mas que desenvolveu na era Barreto, não tenho duvidas nenhumas; o Homem pode ser arrogante, mal disposto etc... mas trabalhou e esse mérito ninguem lho tira.
Cumprimentos.
De um Cabeceirense