sábado, 27 de maio de 2006

Da Reitoria à Academia Balofa.

Há dias atrás julguei-me um aluno associado da Academia da Universidade do Minho alheado de todo o debate em torno da Eleição do novo Reitor, ou do mesmo. No entanto, o interesse brotou em mim que nem jazida de petróleo aberta em rachadura em pleno Atlântico Norte, quando me decidi por folhear panfletos e jornais de campanha, cartazes e abrir os olhos à blogosfera minhota.

E não é que me vou admirando com o nervosismo de uma academia apática e tecnocrata, a gerir o sucesso de alguns cursos e o aparelho de um leque de professores a enfeitar departamentos obsoletos, outros em falência técnica a jorrar os fundos para privilegiados e novos cursos?

Os alunos perdem os neurónios na gestão do tempo e dos recursos, e nas propinas, que como qualquer outra questão evitável, são um dado adquirido e não se fala mais nisso. Questões, que não valem a pena discutir se não relatórios e contas, de Enterros, actividades rotineiras e campanhas eleitorais que não passam de jogos à la democracia. Os eleitos e os opositores, se os há e com força e dinheiro, batem-se por cada voto, e os ciclos e os protagonistas sucedem-se iguais e monótonos, com alunos desmotivados para qualquer luta académica.

Mas vejam-se as ideias de Moisés Lemos Martins, boas e interessantes, e se tornadas práticas, uma lufada de ar fresco numa universidade balofa e reumática, sem grandes actividades culturais, rotineira e fechada como aldeia da Cabreira, mas sem o verde e o ar puro da serrania… No entanto a candidatura é tímida e ou aparentemente intimidada pelo desinteresse que lhe tentam anexar.

Pelo contrário, a candidatura de Guimarães Rodrigues é deveras mais sólida e de costas mais quentes, mas cinzenta como o flyer da campanha e o grizalho da barba do Reitor. Os órgãos dos estudantes, do REOGUM (orgão que expressa os votos dos alunos para a Reitoria e cujas eleições se fizeram por se ignorar) até à RGA, parecem envenenados pelo aparelho e o regime vigente, de velocidade de cruzeiro. E certamente que o Magnífico Reitor, não se deve queixar de acções de campanha pouco participadas, com os departamentos e as escolas sempre abertas a ouvir e a confrontar as suas ideias. As de Moisés parecem ouvidas e assistidas a custo.

Entretanto a campanha azeda, com acusações e teorias de conspiração. A AGIR, o único agregado de estudantes disposto a discutir as boas e as más vertentes do Processo de Bolonha, é visto como um espinho encravado na “normalidade” académica. “Mina” todo normal e fisiológico funcionamento entediante das instituições que gerem a difícil vida da Academia, que não tem tempo nem o dever (?) de discutir coisas que aí vêm e que já se implementaram silenciosa e insidiosamente como raízes de trepadeira nas entranhas dos campi. Além disso os gestores de campanha de Guimarães Rodrigues parecem fazer por misturar e modificar a interpretação do movimento, associando-o reciprocamente à campanha de Moisés Lemos criando um bode de expiação de todo e qualquer pensamento tumultuoso que queira renovar a fachada de pensamentos cravados da Universidade do Minho.

Mas enfim, não me querendo disfarçar de cartomante e futurista, é obvio que passada a campanha, toda a discussão é varrida com os panfletos e os autocolantes, como os que sujam a rua nova de Santa Cruz. E com a limpeza, voltemos então à normalidade. A esse estado de hibernação crónica e passiva, que na inércia e na osmose do comboio europeu nos há-de levar para algum lado…
Sem querer ser vítima de maus desentendidos e interpretações.
Saudações académicas

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