Bem e como vai o Sexo neste País.... O fim-de-semana do Porto foi uma estalada e das boas, como aquele prazerzinho que buscam os de Masoch. [Não me mandem mails que era apenas uma metáfora.] E foi na organização - muitos parabéns à equipa do Departamento de Saúde Reprodutiva e Sida da ANEM, liderada pela Mariana Pinto da Costa -, nos palestrantes e congressistas e demais participantes... Fiquei com a impressão de que saíu dali um contentor de futuros profissionais bem mais esclarecidos. Aliás, dizia às tantas ontem Daniel Sampaio que "jovens estudantes de medicina que discutem abertamente sexo e a morte têm todas as condições para serem bons médicos".
Mas se tive noção da abertura de mentes, mais reveladora que o cruzar de pernas da Sharon Stone, fiquei também com a noção de que ainda há médicos de família, entre outros por este país adiante, que tão pouco sabem falar, livres da tentação dos tiques da falsa moral. E houve exemplo da amostra logo a meio de uma discussão, na primeira mesa redonda do congresso, estávamos nós a falar de inseminação artificial e de como partidos como o BE e PS aprovaram uma lei (por regulamentar) que restringe hipocritamente o acesso ao ejaculado na imaculada pipeta médica. Como é sabido, só para mulheres de casais heterossexuais. Mais conservadores que uma liga dos Leigos de Fátima, portanto. Mas diga-se que entretanto levanta-se um penetra, autoproclamado médico de família formado no turbilhão burocrático do 25 de Abril - dos médicos simplex aprovados na secretaria - que perguntava ao Professor Dr. António Palha, conceituado sexólogo da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, sobre qual a função dele nestes novos tempos. Na cabeça do Dr. "Penetra", que tão pouco se tinha inscrito e tão pouco lhe vimos a carteira profissional, ele era um dos responsáveis por uma homossexualização do país, com esses "homens de mão dada" e a "adoptar crianças, quem sabe, que nem uma referência masculina em casa teriam". 2 homens no exemplo, como se não tivessem barba e pila ao dependuro. E tudo isto para enfeminizar - sei lá - este que é "um país de homens" no carimbo da superioridade "da Raça Lusitana".
Na rizada geral, vá-se pelo menos pensar que um asno deste devia estar a falar de cavalos... Porque já não bastavam médicos que se tão pouco olham os doentes, ainda lhes impõe este tipo de tauromaquia...
Adenda: Já agora, amigos leitores diários do blogue, obrigatório ler excelente o artigo de Fernanda Câncio na Notícias Magazine de Hoje, em continuação deste.
4 comentários:
Fui ler o artigo de Fernanda Câncio. Excelente. Há que abrir mentalidades.
P.S.: Mas continuo a não perceber como é que há homens e mulheres que conseguem sentir-se atraídos pelos homens. Eu acho que não conseguia, nem que fosse mulher.
Lol. Claro Mac, serias uma lésbica com certeza. Mas também não tens de gostar pelos outros ;)
Vítor, compreendo tudo o que dizes , no entanto, penso que é necessário preparar préviamente o país do ponto de vista cultural e educacional. Infelizmente a nossa sociedade ainda é na generalidade muito preconceituosa - veja-se um exemplo, o médico que mencionaste no post. Imagino o que seria a discriminação sofrida pelos descendentes (ainda que gerados artificialmente) dos casais homosexuais. Talvez a solução passe pela introdução da educação sexual nas escolas, leccionada por profissionais sem "tabús". Mas até isso tem sofrido uma barreira social e religiosa, e o preconceito continua. E mantem-se a prevalência de doenças sexualmente transmissíveis, bem como, as gravidezes precoces e não planeadas, a discrimação dos homossexuais, etc; com todas as repercussões psicológicas e sociais associadas. Não compreendo como os sucessivos governos têm negligênciado um assunto tão actual e urgente. Talvez se façam de esquecidos com receio de perderem votos nas eleições que se vão sucedendo.
Que mal mais antigo eu vim encontrar agora :)
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