domingo, 23 de setembro de 2007

O Penetra no Congresso Do Sexo para além da Penetração

Bem e como vai o Sexo neste País.... O fim-de-semana do Porto foi uma estalada e das boas, como aquele prazerzinho que buscam os de Masoch. [Não me mandem mails que era apenas uma metáfora.] E foi na organização - muitos parabéns à equipa do Departamento de Saúde Reprodutiva e Sida da ANEM, liderada pela Mariana Pinto da Costa -, nos palestrantes e congressistas e demais participantes... Fiquei com a impressão de que saíu dali um contentor de futuros profissionais bem mais esclarecidos. Aliás, dizia às tantas ontem Daniel Sampaio que "jovens estudantes de medicina que discutem abertamente sexo e a morte têm todas as condições para serem bons médicos".

Mas se tive noção da abertura de mentes, mais reveladora que o cruzar de pernas da Sharon Stone, fiquei também com a noção de que ainda há médicos de família, entre outros por este país adiante, que tão pouco sabem falar, livres da tentação dos tiques da falsa moral. E houve exemplo da amostra logo a meio de uma discussão, na primeira mesa redonda do congresso, estávamos nós a falar de inseminação artificial e de como partidos como o BE e PS aprovaram uma lei (por regulamentar) que restringe hipocritamente o acesso ao ejaculado na imaculada pipeta médica. Como é sabido, só para mulheres de casais heterossexuais. Mais conservadores que uma liga dos Leigos de Fátima, portanto. Mas diga-se que entretanto levanta-se um penetra, autoproclamado médico de família formado no turbilhão burocrático do 25 de Abril - dos médicos simplex aprovados na secretaria - que perguntava ao Professor Dr. António Palha, conceituado sexólogo da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, sobre qual a função dele nestes novos tempos. Na cabeça do Dr. "Penetra", que tão pouco se tinha inscrito e tão pouco lhe vimos a carteira profissional, ele era um dos responsáveis por uma homossexualização do país, com esses "homens de mão dada" e a "adoptar crianças, quem sabe, que nem uma referência masculina em casa teriam". 2 homens no exemplo, como se não tivessem barba e pila ao dependuro. E tudo isto para enfeminizar - sei lá - este que é "um país de homens" no carimbo da superioridade "da Raça Lusitana".

Na rizada geral, vá-se pelo menos pensar que um asno deste devia estar a falar de cavalos... Porque já não bastavam médicos que se tão pouco olham os doentes, ainda lhes impõe este tipo de tauromaquia...



Adenda: Já agora, amigos leitores diários do blogue, obrigatório ler excelente o artigo de Fernanda Câncio na Notícias Magazine de Hoje, em continuação deste.

4 comentários:

Mac Adame disse...

Fui ler o artigo de Fernanda Câncio. Excelente. Há que abrir mentalidades.

P.S.: Mas continuo a não perceber como é que há homens e mulheres que conseguem sentir-se atraídos pelos homens. Eu acho que não conseguia, nem que fosse mulher.

Vítor Pimenta disse...

Lol. Claro Mac, serias uma lésbica com certeza. Mas também não tens de gostar pelos outros ;)

Anónimo disse...

Vítor, compreendo tudo o que dizes , no entanto, penso que é necessário preparar préviamente o país do ponto de vista cultural e educacional. Infelizmente a nossa sociedade ainda é na generalidade muito preconceituosa - veja-se um exemplo, o médico que mencionaste no post. Imagino o que seria a discriminação sofrida pelos descendentes (ainda que gerados artificialmente) dos casais homosexuais. Talvez a solução passe pela introdução da educação sexual nas escolas, leccionada por profissionais sem "tabús". Mas até isso tem sofrido uma barreira social e religiosa, e o preconceito continua. E mantem-se a prevalência de doenças sexualmente transmissíveis, bem como, as gravidezes precoces e não planeadas, a discrimação dos homossexuais, etc; com todas as repercussões psicológicas e sociais associadas. Não compreendo como os sucessivos governos têm negligênciado um assunto tão actual e urgente. Talvez se façam de esquecidos com receio de perderem votos nas eleições que se vão sucedendo.

M. disse...

Que mal mais antigo eu vim encontrar agora :)