segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Boa-vontade em preço tabelado...


No contexto de uma cerimónia protocolada, inaugurava-se um centro de hemodiálise nas suas salas repletas de cadeiras anexadas de rins artificiais, maiores que o corpo de um homem. Vão-se as palavras em confusões de circunstância, de jovens uns mais que outros, feitos doutores antes do tempo, médicos e frescos.

Vem então, de boa cara virada a mim e a outro colega, com um coro de senhoras por trás em recobro e de penteado burguês - daqueles que não se mexem - uma outra no seu bom vestir católico e conservador, quase tatcheriano, voluntária no hospital. "Que bem, tão novos e de tão grande responsabilidade", diria ela mais ou menos isto, "Espero que olhem os doentes com outra humanidade, que lhes falem e essas coisas, que é de palavras que muitas vezes precisam". Abanei a cabeça de acordo e sorria, claro.

"E que pensam fazer em especialidade?". Respondeu-lhe o meu amigo, mais licenciado que eu, "talvez psiquiatria ou medicina interna, porque são áreas de grande impacto e onde vão parar os casos sociais mais graves, onde o médico pode ser muito interventivo humanamente." "Ui" diz a mulher, "isso não dá dinheiro nenhum..."

2 comentários:

Anónimo disse...

olá!

haha pela descrição q fizeste da senhora "quase tatcheriano" imaginei q sairia alguma pérola dela...
bj

Mariana

Marina disse...

LOLOLOLOL!

Ouvi parte dos episódios dessa cerimónia (contou-me o "colega mais graduado", aquele que apesar de estar vestido daquela maneira, era uma pessoa importante) :) mas este comentário não contou ele...
Não haja dúvida, falar é muito importante mas desde que seja bem remunerado! E depois admiram-se que eles saiam a correr do Hospital pra atender os "clientes" no consultório privado!

PA-LI-ZE!