quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

It's all about the money

já foi na Segunda à noite, mas vai agora - que se lixe: professores e ministra do respectivo na guerra de palavras mas pouco mais se ressalva de uma classe, também ela, a pensar com os eurónios e sem nenhuma vontade em fazer reformar um sistema de ensino, que além de ser dos mais caros da europa por cabeça, é o mais ineficiente de todos. e não admira que tão pouco se os viu mobilizar em revolta em defesa disso. e aqui, a ministra não é parte do defeito. mas percebe-se, vai antes no pão para a boca, é do preço do trigo.

7 comentários:

Anónimo disse...

Oh, como sois eloquentes a falar do que não percebeis (aliás, eu confesso que tenho dificuldade em perceber o português com que escreveis). Acredito que esta baba seja efeito colateral de algum trauma com professores, lá juma infância diferente daquela qem que agora habirais.

Não posso conter a minha admiração e o meu espanto por ver como resolveis de uma penada um problema tão momentoso. É tudo sobre o dinheiro, qual dinheiro? Um dos sistemas mais caros da Europa? Mais ineficiente de todos? Dizeis isso da boca para fora ou andais a ler estatísticas maradas? A sua amiga ministra, a tal que manda bocas foleiras acerca de loiras, repete para quem a quer ouvir que o problema não é o dinheiro. Aos profes. não tenho ouvido reivindicações salariais ou afins. Dizem que é uma questão de dignidade profissional e de defesa da qualidade do ensino, mas não devem saber do que andam a falar.

Venham daí, e depressa, os tempos em que a avaliação dos profes. estará indexada aos resultados so seus alunos. É possível que aumenta a iliteracia, a incompetência matemática e a ignorância em geral. Mas não vai faltar sucesso escolar.

E assim é que deve ser, num país governado por um engenheiro feito a martelo.

Anónimo disse...

Queria eu dizer: "Lá numa infância diferente daquela em que agora habitais."

Marcelo disse...

Nada neste pais é pensado sem a ajuda dos ditos "eurónios"...

Anónimo disse...

Vítor, respeitando obviamente os teus pontos de vista, não posso concordar com eles. Sou professor e vou dizer-te qual é a minha realidade do dia-a-dia bem como dos professores da minha escola. Estou profundamente desencantado com a minha profissão, apesar do esforço e da determinação que ponho sempre na qualidade das minhas aulas e na aprendizagem dos meus alunos. Vou dizer-te o que é a minha experiência e pode ser que dessa forma compreendas um pouco o drama pelo qual estamos a passar. Então é assim: Ensinaram-me na Universidade e no estágio pedagógico, que o fim último da Educação deve ser promover o desenvolvimento social e integral do aluno, prepará-lo para uma cidadania responsável. Tudo isso passa naturalmente pela implementação de um ensino aprendizagem de qualidade em que a qualidade das aulas ministradas desempenham um papel fulcral. Se eu te disser que as escolas hoje estão entupidas de papéis que os professores são obrigados a preencher quase diariamente; se eu te disser que vivemos permanentemente em reuniões atrás de reuniões, discutindo permanentemente a situação de cada aluno para que se arranjem estratégias e mais estratégias, para que ele possa passar no fim do ano lectivo ( que é isso que interessa ao Ministério para apresentar sucesso escolar e literacia a Bruxelas, e para que Bruxelas n feche a torneira dos fundos comunitários;
Se eu te disser que por força do excesso de legislação e da burocracia daí decorrente que entupiu a minha escola, eu deixei de ter tempo para preparar e planificar convenientemente as minhas aulas para que os meus alunos possam mais facilmente apreender os conteúdos; Se eu te disser que hoje, em Outubro, sem conhecer os alunos que transitam de anos anteriores, tenho que fazer e apresentar uma estimativa percentual do sucesso educativo que vou ter em Junho do ano seguinte ( Eu gostava de ser bruxo. Mas n tenho esse poder)e ficarei refém dessa previsão se os números não se confirmarem; Concerteza perceberás o desencanto que me afecta e corrói a alma e isto nada tem a ver com dinheiro. É óbvio que não tenho medo nenhum da avaliação e exijo ser avaliado. Mas não de uma forma atabalhoada e sem critérios de objectividade, dos quais só poderás aperceber-te se olhares para os 14 pontos da grelha como eu já olhei. Mas o maior drama é eu sentir que fui produto de um sistema de ensino em que tinha que estudar para passar. se tivesse mais de duas negativas chumbava. Hoje, por força da estratégia governamental temos que baixar os nossos objectivos à disciplina que ministramos, para que os alunos consigam atingir os objectivos mínimos. Hoje é mais difícil chumbar um aluno, do que pura e simplesmente passá-lo. O objectivo é estatística, sucesso escolar e literacia, para apresentar a Bruxelas e justificar os milhões que recebemos. Não me parece que seja esse o caminho, porque é um sucesso virtual. E vais-me desculpar que te diga, a culpa não é dos professores. Todos são responsáveis desde as famílias ao Governo, que entope as escolas com legislação e normativos para que os professores não possam chumbar um aluno, apesar de ele não trabalhar, ser incumpridor e até agredir o professor. E depois não admira que os bons alunos, olhem para os mais incumpridores e se sintam desmotivados, porque concluem que de facto, com a actual legislação, o crime compensa. Eu gostava de ter tempo para ler ou reler Sofia, Bernardim Ribeiro ou Eça. Mas digo-te que não tenho, porque a minha escola está entupida de papéis e o meu trabalho como Director de Turma é burocrático e administrativo. E também te digo: nunca vi na minha vida ser implementada nenhuma reforma, seja na educação ou na saúde ou na administração pública, hostilizando os principais agentes da reforma, que são os médicos e os funcionários. E dói-me muito ser tratado como um "professorzeco", como a minha Ministra da Educação me tratou há dias na sequência de uma manifestação convocada por sms, à porta da sede do PS em Lisboa. Lutei contra a rrogância do cavaquismo, porque cresci a assistir aos abusos e à prepotência do poder então instituído e lutarei também contra estas políticas que acabam com a escola pública e com a escola democrática, ao acabar com eleições democráticas dos Presidentes dos executivos e ao institucionalizar a figura do director da Escola ( um regresso ao tempo da outra senhora), que não será mais do que um "caudillo" ou um comissário político a soldo do Presidente da Câmara local, que cada vez ganha mais responsabilidades na gestão da escola. Para concluir, devo-te dizer que tornar o Conselho Pedagógico que é um órgão técnico composto por profissionais de educação, num mero órgão consultivo do director sem qualquer poder de decisão sobre questões que interferem na qualidade educativa da escola, é não compreender nada e não perceber nada de Educação. É um verdadeiro "Regabofe" o que se está a passar. Daqui a uns anos, à boa maneira portuguesa chegaremos à conclusão que continuamos com elevados graus de iliteracia, insucesso e analfabetismo, mas será demasiado tarde. Quanto à imagem dos professores, aconselho-te a leres a sondagem que foi efectuada recentemente pela OCDE, que refere que os professores são a profissão em quem os portugueses mais confiam. Lidera com 42%. os políticos seguram a lanterna vermelha neste estudo. Alguma coisa então está a funcionar mal! Abraço

josé manuel faria disse...

A modernidade do Senhor Reitor vai voltar às Escolas. Um SR(a)nomeado que nomeia os membros do CP e da confiança do ME. O centralismo extremo fazendo crer o contrário. Acabou a gestão democrática da Escola com um governo PS. Por isso Menezes reúne com a Fenprof.

Vítor Pimenta disse...

Caro Eduardo, se me dou ao desplante de muitas vezes dizer coisas da boca para fora, com a mesma facilidade as engulo se melhores argumentos o obrigar. Digo-te que a realidade dentro só a conheci como aluno, do que vou lendo, e vejo-a não nos resultados em números (para Bruxelas) mas no que de cidadãos vamos tendo. É na rua e nas atitudes que se vê. Aliás, por í, onosso Sistema Educativo é vergonhoso porque os reais retornos que seriam a formação de individuos qualificados como trabalhadores e pessoas (cidadãos) e nisso é um tremendo fracasso. O que vem sobrando são as excepções de alguma gente que por algum designio e ambicção se tornaram um bocadinho melhores.

Acredito que um Estado deve ser gerador de igualdade de oportunidades e, neste sentido, não concordo com escolas que funcionem com meia-dúzia de alunos, pelo "saber ler e escrever" e que nem chega a ser. Uma escola é um laboratório, tem de ter todas as valências e em todo lado. E sim, acredito que deve haver exigência e que os professores devam ter essa cultura. Também acho que os professores devem ser bem pagos e avaliados. Devem ser os melhores, ou fazer por isso.

Quanto a papeis. É problema é. Mas convence a gente que o Estado Social tem viabilidade sem eles. Eu que o diga. E tens razão que estes e outros problemas ficam por resolver anos seguidos porque não há cultura de interesse na vida pública. Gente, pais, políticos, restantes entidades e mesmo professores, que nunca se deram conta da importância que tem para a melhoria do estado de coisas, vivem a vida em permantente queixume, e na miséria de vida que levam, só lhes resta amaldiçoar os outros.

Agora, o que eu entendo é que vê-se uma classe de professores, quase desde sempre, preocupada com a estabilidade do emprego( e não lhes nego a legitimidade mas, sinceramente, nunca vi contrapropostas de uma classe que devia ser a mais interessada na revolução do ensino.

Talvez fosse giro organizar uma tertúlia sobre este tema em Cabeceiras, e já agora, com o novo modelo de gestão das escolas que eu vejo com algum optimismo. Abraço

Anónimo disse...

http://ramiromarques.blogspot.com/2008/02/refutando-mais-um-mito-portugal-est-em.html