terça-feira, 25 de março de 2008

Brecha na Muralha


Neste mundo em permanente olimpíada, ganha quem vai à frente, sempre, ou por cima, sempre. E se se lamenta o estupro que fazem aos princípios fundadores dos jogos Olímpicos, vale dizer que é o que se faz com tudo o que cria e movimenta massas, com boas e piores intenções de início. É da democracia absoluta do gosto. Do que se vende com ela, e do poder que dá.

E enquanto se pode comprar, é ditadura chinesa que mantém os preços baixos e a calmaria para fumar a prepotência da democracia. E depois? No Tibete se não manda Mao, manda o Buddha reencarnado. É Teocracia e, por isso, tão pouco ocidental, tão pouco secular e tão pouco democrática, mas pronto, para nós será daquela que não incomoda... Somos aliás todos uns apaixonados budistas. Menos o Jerónimo claro, e o PCPortuguês, que se faz entender do que têm como liberdade: a burocracia dos comités e o estaminé de milhões a produzir barato, por meia dúzia de injecções e meia-dúzia de salsichas. Livres como os números em grande, que "um morto é tragédia, 1 milhão é estatística". Aglomerados que valem por todos como formigas, desde lá de cima, na vista de patrões disfarçados de camaradas.

De qualquer modo a real politik não ia deixar a China com elefantes brancos, nem uma nação de 1 quinto de humanidade dependurada. Nem nós sem ver a Vanessa com o Ouro. Ui, era a total crispação e lá se definiriam eixos e barricadas a estoirar tudo. Não! A paz tem de continuar como queijo bolorento a quem se raspa o verde do fungo até se quedar pouco. Mas como no queijo, no mundo dá a volta à bola. De que valem os moralismos ocidentais, por exemplo, quando a política proteccionista da U.E. faz miséria em África e arrasta torrentes de agricultores africanos, gente nova sem futuro por lá, a galgar o mediterrâneo em câmaras-de-ar? Por este andar, boicotava-se tudo quanto é sítio. E de embargos estamos falados, de Cuba ao Iraque de Hussein.

Uma coisa é certa: os jogos olímpicos vão deixar a China em pelot com tanto jornalista - já disse o presidente do COI - e cabe à imprensa internacional, a livre está claro, aproveitar o Dragão de perna alçada e ordenhar-lhe os podres. É a brecha na Grande Muralha que se pode aproveitar, e a informação é a mais eficaz arma na transformação das consciências e dos regimes ...

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