sábado, 7 de junho de 2008

Trovão na Raza III: O Lar, quem sabe, da Minha Terceira Idade


Não é como quem dá a mão à palmatória, mas o contexto força-me a abordagem e o esclarecimento. Não tenho qualquer objectivo, nem tiro benefício algum, em censurar a construção do Lar de Terceira Idade/Creche em Arco De Baúlhe. Tanto é que para lá caminho, como caminhamos todos, desde que lá se chegue., mais para o Lar do que para Creche...

Louvo a iniciativa e o esforço atlântico de erguer uma das mais necessitadas infraestruturas por aqui. E vendo de futuro um país com 2 milhões de idosos, é de apontar com veemência aquilo que também é bom negócio, gerador de emprego, directo e indirecto, e com capacidade de fomentar novas dinâmicas sociais e culturais na terra. Isto porque idosos mais apoiados e acarinhados podem dar muito de si à comunidade.

Bem, e numa coisa concordo: a Raza tem das melhores paisagens de Arco de Baúlhe. Quem lá subir tem um panorama da Cabreira ao Marão,com o Alvão a espreitar ao fundo e, em primeiro plano, o carismático Monte Farinha, com o templo da Nossa Senhora da Graça em cima, a reinar sobre o vale do Tâmega. [Sim, essa paisagem lindíssima em risco de ser afundada.] É de um sossego para as vistas e para corações a pedir calma como o de muita gente. Agora, pena-se claro, os tiros aos pratos e pratos. "Óu!... Pum-Prás, Pum-Prás!..." e claro, o distanciamento do centro.

Tudo o resto é politização absurda, sobretudo fomentada por uma outra instituição arcoense que, além de manter um mono de zinco no Arrabalde, não teve a capacidade de responder atempadamente a esta imperiosa necessidade colectiva.

Agora é minha opinião que as zonas urbanas e industriais devem ser bem delimitadas. E deve fazer-se os possíveis por não ter o casario disperso e desorganizado, sobretudo quando um centro como o da Vila do Arco está a perder gente na rua antiga e nos lugares tradicionais, como a Trofa (Rua 5 de Outubro) e Serra.

Talvez o esforço para revitalizar o coração de pedra de Arco de Baúlhe passe por outras ideias e vontades. Um lugar daqueles merece comércio, gente e sobretudo uma preservação da traça - evitando mais destruição do ainda parolo e interesseiro sector imobiliário arcoense. Quem sabe, uma aposta colectiva, de gente com dinheiro - bem publicitada a coisa a investidores alemães como fez Celorico - para fazer do Arco o que o tornou famoso nos séculos em que, Eça de Queiroz ou Camilo Castelo Branco, escreviam e andavam de carroça.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sem pôr em causa a importância social e o alcance da obra para o desenvolvimento do Arco, interrogo-me porque é que a Câmara não soube ou não quis encontrar um outro lugar para edificação do Lar, que fosse consensual e acima de tudo impedisse conflitos entre as duas instituições, que ao que parece vão terminar nas instâncias judiciais. O desenvolvimento faz-se com diálogo e não à cacetada ou pela imposição da força e as obras devem crescer em harmonia e serem factores de união entre as pessoas e não de conflitos. E esta infelizmente parece-me que vai ser ( já está a ser) geradora de conflitos. Nada tenho a favor ou contra os caçadores, mas também entendo a posição do Clube de caça e Pesca, pois se o lar avançar no local em que está projectado, isso poderá pôr em causa a actividade do clube ( goste-se ou não do tiro aos pratos). Sou-te sincero Vítor! Eu para este Lar, se for naquele local, não vou de certeza, tenha 60, 70 ou 80 anos. Já imaginaste o que é estares calmamente a passear no exterior do Lar e poderes ainda que de forma remota, apanhares um tiro de zagalote? Agora direccionam-se as questões para a política, quando sugeres que a questão é política. Por amor de deus Vítor! Em Cabeceiras é um vício antigo! Quando há alguém que legitima ou ilegitimamente se opõe a uma obra, a tendência e perdoar-me-ás é sempre encontrar razões de ordem política para certas atitudes. Nada de mais errado a meu ver. Devemos saber perceber e entender a posição dos outros, mesmo que não concordemos com elas. E com toda a sinceridade te digo, que apesar de considerar a obra uma mais valia em termos sociais, até consigo perceber a posição do Clube de Caça e Pesca. Ou será que é assim tão difícil Vítor? Acho que neste processo não haverá ninguém isento de culpas, mas a responsabilidade maior é da Câmara , pois não soube ser um factor de moderação entre duas instituições do Arco. E terrenos por aí é o que não faltam.

Vítor Pimenta disse...

Caro Eduardo.

Não é à Câmara que compete arranjar terreno para o edifício. Mesmo assim é fácil de imaginar que por aqueles lados, e dada as boas relações entre os construtores da A7 e Variante com o poder local, esses terrenos sejam de melhor acesso à negociação. E não é que os terrenos abundem, eu próprio fiz por ouvir as pessoas envolvidas, e desde já te garanto - o que por um lado até nem me era estranho - os grandes proprietários de áreas no Arco são muito pouco dados a negociação. Têm uma visão, aliás, ao centímetro da coisa e de filantropos, só com a família e e...

Agora por muito teor político garanto-te que no Arco essa questão é folclórica. E só se politizou por complexo de inferioridade. Basicamente a Cruz Vermelha não teve influência vermelha nas chefias regionais nem o calo para avançar com a obra. E das gentes do Arco, não houve mais atrito numa em relação à outra.

Vítor Pimenta disse...

Deixa-me só acrescentar. A partir do momento em que a ARCA é uma IPSS (privada portanto) não é obrigação do Estado, na figura da C.M.C.B., andar atrás de terrenos.

Mais: quanto ao Campo de Tiro. Aquilo nem sequer devia estar ali. Só não percebo como é que está autorizado porque os tiros de zagalote também caem na Auto-Estrada e aí, para já,o perigo é bem mais iminente...