domingo, 5 de outubro de 2008

Serviço Católico de Televisão



Domingo, dia do Senhor na RTP, com eucaristia em directo na hora que antecede o Jornal da Tarde. Podem católicos, outras pessoas de fé, atirar-me pedras, mas com que fundamento tem a Televisão Pública de fazer o trabalho de uma instituição religiosa? Porque é que é gasto dinheiro e tempo de antena da televisão do Estado na promoção do cristianismo? Não terá a Igreja Católica emissão que chegue nos templos, nos altifalantes que espalha nas romarias, na Renascença ou na TVI? Não haveria outras e melhores maneiras de prestar serviço público?

Por aquela hora, a SIC transmite programas sobre vida selvagem. Com todo o respeito e até que me provem contrário, vejo como mais divinal e profícuo o que me diz David Attemborough, na locução de Eduardo Rêgo, que a lenga-lenga de um padre de braços ao alto que toda a gente esquece assim que sai adro fora.

Mas não será por acaso que as homilias aumentaram na realidade do vazio de consequência dos discursos políticos. Tragicamente, parece a única coisa que o Estado tem para oferecer.

9 comentários:

Pedro Morgado disse...

Nem a República nos trouxe a laicidade...

josé manuel faria disse...

Não esquecer os 90% de católicos em Portugal.

Não esquecer os milhares que não podem ir à Igreja: doentes, idosos ou aqueles que querem assistir em casa, simplesmente.

Anónimo disse...

O Estado é laico, mas a sociedade do Estado não o é... é isso apenas que tens de entender. Quando perceberes que o Estado somos nós e cada um de nós, e no respeito pelas liberdades e opções de escolha de cada um se constrói uma sociedade democrática.

Francisco Giao Horta disse...

Hmmmm!?...
Quem foi que disse que o mundo era "urbanizado, mas beato"?!...
[um abraço virtual do José Nobre]

Paulo Vieira disse...

"Eles" dizem que Portugal é um Estado Laico mas todos os dias assistimos a exemplos contrários a isso mesmo. Referes a missa na TV pública e eu acrescento as missas, novenas, terços e outras cerimónias religiosas "transmitidas" para todos independentemente do seu credo através dos altifalantes colocados nos topos das Igrejas deste país laico...

Vítor Pimenta disse...

JMFaria. A TVI presta esse serviço via televisão. E se a Igreja vê essa necessidade porque é que não fornece o seu próprio serviço de televisão?

Caro anónimo, reveja a concepção que tem da sociedade portuguesa. Pode a maioria ter uma educação católica, mas nem toda essa maioria o é de facto, e há muita gente com outros credos ou nenhuns e que paga com o seu trabalho os ordenados da Estação Pública.

Assim sendo,nessa opinião a RTP devia transmitir desde a Mesquita de Lisboa, da Sinagoga do Porto, do Cinema Império (da IURD) e desde o Pavilhão Rosa Mota nas reuniões nacionais das Testemunhas de Jeová. Pois é, não podendo discriminar todos, não pode favorecer uns. E a RTP já faz o que deve com o programa ecuménico que mantém no Canal 2 todos os dias e com tempo de antena devidamente distribuído.

josé manuel faria disse...

Vitor eu não sou adepto de futebol dos chamados 3 grandes. Pergunto, porque carga de água os meus impostos servem para pagar transmissôes no canal do estado de "missas" de futebol ou "missas" do Marcelo.

Então privatize -se a RTP1!

Vítor Pimenta disse...

Certo JMFaria.

Não se deve misturar religião com futebol, tão pouco fado. Essa receita era do senhor Presidente do Conselho....
Mas já que insiste, a RTP podia bem ter deixado a TVI comprar os direitos de transmissão e guardar esse investimento para programas de real serviço público. Não o fazendo, mais vale que se privatize.

Anónimo disse...

Viva,
Como sou Católico, tenho dificuldade em ser imparcial nesta questão.
Lembro apenas que a RTP tem já um programa (julgo que se designa "A Fé dos Homens") que todos os dias dá voz a várias confissões religiosas, não apenas a Igreja Católica Romana.
Mesmo um Estado laico tem de perceber que a sua população não é necessariamente laica: retirar toda e qualquer manisfestação da esfera pública pode ser perigosa e até injusta.
Por outro lado, esta questão só se levanta precisamente por tratarmos de religião, um tema sempre "quente". É verdade que as analogias valem o que valem, mas se um não católico não tem de pagar com os seus impostos para serem transmitidas missas, porque é que um telespectador da SIC, da TVI, ou mesmo alguém que não tem TV tem de pagar (e muito) para manter a RTP? Como se define "serviço público de televisão? Isto dito por alguém que quase só vê a RTP:))

Um abraço,
Pedro

P.S. Excelente blog!