sábado, 16 de janeiro de 2010

Alegre

manuelalegre
© Pedro Manuel Monteiro

A esperada candidatura de Manuel Alegre viu-se ontem precipitada pelas movimentações soaristas ou aparelhistas inveterados do PS, menos tolerantes a cordeiros desalinhados. Clarificou desde logo ao que ia, e bem.

O mais consensual à esquerda, ou nem por isso, e ainda que preferisse uma mulher, Alegre é um soneto que este Portugal atormentado precisa de ouvir. Socialista q.b. e patriótico (bem diferente de nacionalista), junta na abertura mental de um poeta, o sentido de um Estado comprometido com os cidadãos. E ademais, é de exemplos deslargados que o país precisa, não do ar de pau-de-marmeleiro da política, nem do catarro moralista de Cavaco.

6 comentários:

Paulo Vieira disse...

Não me parece que desta vez o aparelho tenha coragem de lançar o "seu" candidato e entregar de bandeja a Presidência a Cavaco. Concordo que ainda não é o momento de discutir as eleições presidenciais, até porque o OE 2010 ainda não foi devidamente "esmiuçado" e aprovado. Penso que o PS vai piscar (já piscou??!!!) o olho à direita para a aprovação do OE e depois naturalmente vai anunciar o apoio a Alegre embora este apoio vá provocar azia a alguns socialistas.
Com o já confirmado apoio do BE, um previsível apoio do PCP e com o apoio do PS, Alegre pode muito bem vir a ser o próximo PR. Veremos!!!

Unknown disse...

Caro Pimenta
Não está em causa a candidatura ou até a eventual vitória de Manuel Alegre, mas o que não é correcto é esse sentido "moralista" que se detesta nos outros mas que apenas é assumido pelos próprios.
Assim faz Alegre com o pretenso "moralismo" de esquerda, o "pai" da cultura, o guardião da república, o arauto do socialismo.
E em trinta anos de democracia quais as práticas, quais a iniciativas, quais as obras em prol de Portugal e dos Portugueses?
Quanto ao seu post, sem adjectivos tornava-se também menos moralista...
Abraço,
ML

Vítor Pimenta disse...

Caríssimo.

O post não é moralista. Será, quanto muito, anti-moralista.

Exaltei as qualidades de Alegre e do que pode dar como presidente. E sim, deu muito ao país e à democracia. A parte disso, não considero, nem de perto nem de longe, que a presidência da república sirva como prémio de carreira nem fundo de reforma a ex-primeiros-ministros. Sobretudo quando não o merecem.

Tenho todo o respeito por Caavaco Silva como presidente eleito, mas não me identifico minimamente com a sua tez anacrónica. Se há saudosistas do cavaquismo e de salazar, como hão-de haver os de sócrates, paciência.

Para a natureza do cargo, que até acho dispensável em democracia, prefiro um poeta.

Abraço
Vítor Pimenta

Marisa Carvalho disse...

Acredito que Manuel Alegre será o candidato da "mudança", pelas suas últimas intervenções nota-se que está disposto a "unir a esquerda" e apresenta um ideal de esperança aos portugueses. Agora não acham que Manuel Alegre, enquanto Presidente da República,vai trazer algumas dores de cabeça ao nosso Primeiro-Ministro José Sócrates?!

Anónimo disse...

Pelo que se vê, o Vitor e a Marisa são dois apaniguados do PS que, por isso mesmo, penso, lhes serve, como candidato, qualquer socialista. São ainda muito muito novos para avaliar bem as competências de Alegre. Este senhor viveu durante 34 anos à custa da Democracia e o que fez de melhor, de facto, foi a poesia onde se revelou o que tem de melhor mas não teve a coragem de viver com esse modo de vida.

Marisa Carvalho disse...

Caro Sr.Anónimo,

Antes de mais deixe que lhe diga que não sou do PS nem de nenhum partido de esquerda, mas consigo admitir que perante a situação actual do nosso País as próximas eleições presidenciais serão um momento clarificador da democracia e representarão uma escolha entre o situacionismo e a vontade de mudar. E porque não dizer que já é tempo de ter um homem da cultura, um poeta, em Belém.