Quando esta música saiu - tenho idade para me lembrar bem - a letra soava excêntrica. Estes gajos cantam sobre o Cairo? Para o que lhes havia de dar! Agora vem mesmo a propósito. Estamos a assistir a acontecimentos fantásticos no mundo árabe, um 25 de Abril na Tunísia e talvez outros, no Egipto e noutros lugares.
Caro Paulo Pinto: um 25 de Abril vamos com calma. Se todos concordamos que o Egipto e as ditaduras satélites precisam de mudanças para a democracia, também é verdade que, se as coisas não correrem bem, estes movimentos podem abrir caminho ao fundamentalismo islâmico. E se isso acontecer, poderemos ter no médio oriente várias réplicas do Irão dos Ayatollahs". E se isso acontecer, "Deus nos livre do que aí vem". Abraço
Sim, subscrevo o Miguel. O caldo é em tudo semelhante à revolução iraniana que depôs o Xá. No início muito libertária, mas que, no caos, abriu caminho aos radicais islâmico. Não estou muito optimista.
No Irão, em 1979, a grande figura da oposição ao xá era um líder religioso. O xá era repressivo mas também laico; livrar-se do tirano implicava renegar a laicidade. As próprias raparigas, que antes vestiam saias, se cobriam voluntariamente com o tchador. No Iraque, hoje, há também um perigo de triunfo do fundamentalismo pois a influência do clero xiita é grande. Na Tunísia a situação é completamente diferente. Não há líderes religiosos nem partidos extremistas. Estive lá e senti com toda a clareza que o povo tunisino é aberto, cosmopolita e tolerante. As mulheres trabalham, saem sozinhas, vestem-se livremente. Não há ódio contra os europeus. O turismo é a principal fonte de sustento. Não há qualquer hipótese de o fundamentalismo ali vingar. No Egipto admito que o perigo é maior, mas o líder da revolta é El Baradei, um laico moderado que trabalhou na ONU. Vá lá, então as ditaduras policiais são boas para eles e más para nós? Isso é uma forma de inferiorizar os muçulmanos, o que de facto alimenta o ressentimento que muitas vezes têm contra nós. Entre eles há fanáticos, ams a grande maioria é razoável e surpreendentemente tolerante. Quando foi o 25 de Abril aqui, também foi agitado o papão do comunismo e da adesão à órbita soviética. E olhem como hoje isso parece ridículo...
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8 comentários:
adoro!!!
Quando esta música saiu - tenho idade para me lembrar bem - a letra soava excêntrica. Estes gajos cantam sobre o Cairo? Para o que lhes havia de dar!
Agora vem mesmo a propósito. Estamos a assistir a acontecimentos fantásticos no mundo árabe, um 25 de Abril na Tunísia e talvez outros, no Egipto e noutros lugares.
Caro Paulo Pinto: um 25 de Abril vamos com calma. Se todos concordamos que o Egipto e as ditaduras satélites precisam de mudanças para a democracia, também é verdade que, se as coisas não correrem bem, estes movimentos podem abrir caminho ao fundamentalismo islâmico. E se isso acontecer, poderemos ter no médio oriente várias réplicas do Irão dos Ayatollahs". E se isso acontecer, "Deus nos livre do que aí vem". Abraço
Sim, subscrevo o Miguel. O caldo é em tudo semelhante à revolução iraniana que depôs o Xá. No início muito libertária, mas que, no caos, abriu caminho aos radicais islâmico. Não estou muito optimista.
sim, sem dúvida. Democracia sim, teocracias não.
No Irão, em 1979, a grande figura da oposição ao xá era um líder religioso. O xá era repressivo mas também laico; livrar-se do tirano implicava renegar a laicidade. As próprias raparigas, que antes vestiam saias, se cobriam voluntariamente com o tchador. No Iraque, hoje, há também um perigo de triunfo do fundamentalismo pois a influência do clero xiita é grande.
Na Tunísia a situação é completamente diferente. Não há líderes religiosos nem partidos extremistas. Estive lá e senti com toda a clareza que o povo tunisino é aberto, cosmopolita e tolerante. As mulheres trabalham, saem sozinhas, vestem-se livremente. Não há ódio contra os europeus. O turismo é a principal fonte de sustento. Não há qualquer hipótese de o fundamentalismo ali vingar. No Egipto admito que o perigo é maior, mas o líder da revolta é El Baradei, um laico moderado que trabalhou na ONU. Vá lá, então as ditaduras policiais são boas para eles e más para nós? Isso é uma forma de inferiorizar os muçulmanos, o que de facto alimenta o ressentimento que muitas vezes têm contra nós.
Entre eles há fanáticos, ams a grande maioria é razoável e surpreendentemente tolerante. Quando foi o 25 de Abril aqui, também foi agitado o papão do comunismo e da adesão à órbita soviética. E olhem como hoje isso parece ridículo...
grande musicol.
ainda se lembram quando eles vieram a cabeceiras nas festas de s. miguel nos finais dos idos anos 80? :))
acrescente-se apenas que os acontecimentos seguem o planeado nas agendas governamentais mundiais, com a devida chancela da Nova Ordem Mundial
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