terça-feira, 12 de abril de 2011

a vaca de abel croca

a vaca de abel croco

croca, croque ou croco. não sei. nunca ninguém fez por escrever a alcunha do homem de quem desconheço as feições e só reconheço o traço nas telas que algumas casas do arco guardam: paisagens, retratos de família ou outros temas. abel (hei-de tentar saber mais do artista) trocava umas pinceladas por comer e beber. mais uma de tantas pessoas que desaguaram no arco nas últimas décadas a trocar o que podiam dar por algo que lhes calasse o estômago. morreu algures na década de 80 mas ressoa em conversas e permanece nalgumas paredes. como na parede do edifício do talho novo (propriedade da câmara) onde se pendura esta vaca de rosto humano, entre a ingenuidade da arte rupestre e um qualquer esboço de picasso. está resguardada do sol por um toldo roto. é lindíssima mas corre o risco de se perder com o tempo e a insensibilidade dos homens, se nada for feito. tal como se perderam algumas ilustrações nas paredes ardidas no incêndio da casa do povo, nos esquecidos arcos da festa da senhora de remédios encomendados pela comissão do sr. campos, ou  nos belos e fartos peixes que enfeitavam o branco da velha peixaria do senhor júlio (da peixaria, passo a redundância). o que resta, devidamente inventariado, merecia certamente a exposição digna que abel croca nunca chegou a ter.

3 comentários:

Anónimo disse...

é verdade... era o verdadeiro artista, há cá em casa um quadro feito por ele.

Anónimo disse...

Pintou muitas coisas, até fez as pinturas dos arcos para a iluminação da festa da Senhora dos remédios, á muitos anos.

Jorge disse...

um verdadeiro "picasso" arcoense que eu ouvi falar muito dele e das suas pinturas.
Já vi algumas pinturas de pessoas e dos arcos da
iluminação da Sra.dos Remédios como essa "vaca" e é pena que não haja actualmente mais abel's crocas no Arco.
Hoje se ele estivesse entre nós, o povo do Arco havia de lhe dar mais valor, entre eles, eu.
Por vezes deus dá as nozes a quem não tem dentes, mas ele estará sempre na memória dos arcoenses.