segunda-feira, 19 de setembro de 2011

a corrida louca

todos os anos, igual. há uma corrida absurda e condicionada aos cursos de saúde e de medicina em especial, e que só tem a ver com a mentalidade de deslumbramento da sociedade portuguesa, que empurra para ali e só para ali os seus melhores, frustrando os que ficam de fora. a verdade é que sem gente competente, cheia de génio e entusiasmo nas outras áreas que não as da saúde, não há economia que sustente uma vida e trabalho digno aos profissionais médicos.

10 comentários:

Paulo Pinto disse...

Conheço uma moça, aluna de 19 e 20 no 12º ano, que não queria seguir Medicina. Os colegas interpelavam-na: estás tola? Vários professores lhe diziam: pensa bem, é uma pena teres esta média e tirares depois um curso qualquer.
Os médicos em Portugal são tradicionalmente vistos com uma reverência religiosa. Seria a letra ilegível, ou o ter a nossa vida nas suas mãos, ou usar termos incompreensíveis, cefaleia em vez de dor de cabeça, obstipação em vez de prisão de ventre? Por isso nos consultórios de especialidade se largam ali 80 ou 100 euros por dez minutos de conversa e uma vinheta. Quando se fala em «senhor doutor», é sempre um médico que nos vem à cabeça. Sabe-se que há falta de médicos, que a necessidade vai ser crescente, e que poucas profissões são ao mesmo tempo tão seguras e bem pagas. Ter um filho médico é o sonho de qualquer família. Ninguém gosta de passar a juventude a estudar para ter vintes e depois cair no desemprego ou ir ganhar 800 euros.
Portanto, não há que admirar.

Anónimo disse...

Sobre este e o outro post; eu acho que o Vitor deveria ser político e não Médico, ou então as duas coisas, mas político, tenho a certeza.

Cumprimentos

Anónimo disse...

A política abrange tudo isto e muito mais.

Anónimo disse...

Pois meu caro/a,mas cada vez temos os piores políticos a (des)governar.

Anónimo disse...

sem dúvida.o Vitor tem pouco de médico e mais de político.mas, quem o conhece mais de perto sabe e nota que há ali traços de jornalista, apresentador e/ou arquitecto.porque a medicina?bem, porque dá estatuto e dinheiro?porque é chique?não sei, cada um sabe de si.talvez até mesmo pela nota, como comprova o texto(talvez esse mesmo texto seja uma mensagem para o seu interior e não para o exterior)!!certo é que a medicina dá dinheiro, dá respeito e permite "calçar" os filhos que por aí vêm.infelizmente para alguns, a medicina traz muitos "falsos amigos", os tais de oportunistas, normalmente endinheirados e com boas recompensas pela frente (banqueiros, empresários, empresas de produção de medicamentos com as suas famosíssimas viagens á borla, farmácias, etc.) e por aí se perde tudo aquilo que se contruiu. passa-se de senhor de saúde a vendedor de produtos de saúde. sim, vendedor de produtos de saúde. não se cura ninguém com as mãos e com a tal imensa sabedoria (que é real, não brinquemos com isso). mas, na Europa não é necessário a média de 18.99 valores para medicina, porque?haverá alguém interessado em que os maiores cérebros do país fujam das áreas da economia, banca, informática,advocacia, ensino?haverá alguém interessado em impedir que novos fortunas floresçam a partir das mentes mais brilhantes?acredito que sim, pois são esses os mesmos que têm lançado os políticos que nós conhecemos (e que lhes juram lealdade) e que por cá estão desde o 25 de Abril.vivemos numa democracia-monárquica enfeitiçada.na monarquia só os filhos dos reis e das altas patentes da burguesia se safavam.na nossa pseudo-politica assim é.o apelido,a conta bancária ou a quantidade de favores que alguém ou "alguéns" te devem é que determina, na maior parte das vezes, a altura do voo a que alcançarás.precisamos de uma nova revolução, é certo. mas o nosso povo está mais preocupado com a cerveja, o vinho, a sesta, a cusquice, o futebol e as telenovelas.o resto, "que sa foda, eles que se intendam".Eles, claro.

Anónimo disse...

Não podia estar mais de acordo.
Este sim, é um comentário com "pés e cabeça"... parabens

Vítor Pimenta disse...

ó amigo, você faz a avaliação facciosa que entender a meu respeito. não o julgo nem o processo, porque não me deve conhecer o suficiente. :) de qualquer forma, ainda não percebi o pecado original de se ter interesse por várias áreas. está visto que não se está a lembrar da história política deste país, desta república e do mundo, no que concerne ao papel importante e essencial de tantos homens e mulheres médicos.

Anónimo disse...

não é avaliação facciosa, tão pouco maldosa, tão pouco com o objetivo de o ofender ou criticar.apenas um retrato geral das motivações intrínsecas e de senso comum que levam as pessoas a tomarem a decisão A ou B (apesar da cultura latina ter problemas a falar sobre assuntos financeiros, sejamos sinceros: todos nós trabalhamos para ganhar dinheiro e, por vaidade - todos somos vaidosos - gostamos de ver o nosso trabalho reconhecido). A parte inicial do comentário serve apenas( e espero que o entenda como tal)como incentivo ou estímulo para ABRAÇAR ALGUMAS DESSAS ÁREAS para as quais, geneticamente, está predisposto!a medicina tem-no "tolhido" de movimentos, de acções e a sociedade de agora requer líderes activos, que mobilizem as pessoas pelo que fazem e não pelo que dizem. e eu vejo-o, infelizmente, com "a bata vestida" diariamente e a opinar de "fora" sem nunca se envolver em associações, comissões,etc.sei que ou se é lobo - solitário - ou carneiro - no meio do rebanho e apresento o meu lamento por ve-lo, lentamente, a vestir a indumentária de lobo, afastando-se da contribuição positiva e ativa que o seu -invejado :)- intelecto desde muito cedo o conduziu.

quanto ao restante, cada uma que estabeleça comparações com o exterior no que toca ao acesso a medicina, que pense na quantidade de médicos que fazem falta ao país(lei económica da procura VS oferta)e na inaptidão técnica da maioria dos licenciados em medicina: não curam.

Este comentário não é uma ofensa ao seu bom nome.simplesmente retrata a medicina portuguesa como uma opção e não como vocação.obviamente haverão excepções, talvez o seu caso o seja. mas a vocação para ajudar os outros ve-se desde muito cedo naqueles que, desde muito cedo, se alistam na Cruz Vermelha, Bombeiros,etc.

Vítor Pimenta disse...

não obstante o manifesto exagero na avaliação do intelecto, agradeço as palavras. :)

meu amigo. talvez tenha mal interpretado a sua intervenção com a pressa da leitura, mas eu gosto do que faço com a bata e por ora ainda tenho tempo para fazer outras coisas.

o facto de não me envolver mais em associações em Cabeceiras e afins tem a ver com outras perspectivas da vida. e neste momento, se calhar, é mais problemática a distância que o ofício.

de qualquer modo, entendo que a minha colaboração com o Marco, e já agora a Teresa, no Jornal O Basto tem tanto de associativo como se me envolvesse noutra colectividade qualquer, fazendo coisas que gosto de fazer, mal ou bem: escrever e intervir civicamente.

Paulo Pinto disse...

Há uma grande e honrosa tradição de envolvimento de médicos em inúmeras áreas da sociedade. E muitos encaram a profissão como uma verdadeira missão de serviço à Humanidade, ao ponto do sacrifício pessoal.
Por outro lado, é certo que a profissão, devido às médias absurdas de acesso e aos privilégios de que desfruta, atrai também candidatos cuja única qualidade é serem marrões compulsivos e gente inteligente que se realizaria melhor noutras áreas.