José Hermano Saraiva: Assisti a uma conferência sua e pude por breves momentos, privar com ele, numa conferência organizada pela Associação de Estudantes da "minha" "velhinha" Faculdade de Filosofia de Braga em 1992. Título da conferência: "Colombo e a América", visava comemorar os 500 anos da descoberta do Novo Mundo. Devo confessar que os 45 minutos de intervenção deste "insigne" Historiador, me pareceram apenas 5 minutos, tal a vivacidade e entusiasmo colocados no seu discurso relativamente à narração dos factos históricos. Muitos vêem este Homem apenas pelo lado mais negativo, fácil e redutor, ou seja, a sua ligação ao regime Salazarista e às crises académicas do final dos anos 60. Eu prefiro olhá-lo pelo seu aspecto mais positivo, pela imensa felicidade que me deu enquanto Historiador de Excelência e um "vulto" extraordinário que muito contribuiu para o desenvolvimento da Cultura Portuguesa. Que a sua alma descanse em Paz.
Exactamente, Miguel. Desde finais dos anos 70 fui um seu telespectador assíduo e muitíssimas vezes fiquei preso ao ecrã da TV e às palavras hipnóticas do velho professor. Era um salazarista convicto, e também misógino. Não deixou boa recordação da sua passagem pelo Ministério da Educação. No que afirmava misturava às vezes a verdade histórica com suposições e teses arriscadas da sua autoria. Alguns outros historiadores desprezavam-no, com alguma razão científica mas também movidos pela inveja de não terem a notoriedade pública de JH Saraiva. Todos os seus defeitos, porém, pouco valem em comparação com o seu imenso talento. Para gerações de Portugueses, ele foi o grande divulgador da nossa História e fez talvez mais pela nossa auto-estima do que todos os outros intelectuais portugueses juntos. O seu entusiasmo, o seu carisma, a sua capacidade inigualável de comunicador, a sabedoria (histórica e humana) que soube acumular e transmitir, deixaram uma marca que não será esquecida tão cedo. Por isso, e apesar das sombras que lhe podemos apontar, associo-me na homenagem merecida à sua memória.
Que nos reste esse consolo... Por muito imbecis que sejamos, a maioria irá lembrar-se de algumas coisas boas que fizemos e arranjará umas bonitas palavras para dizer sobre nós. Por mim, isso consola-me. Que não se esqueçam de si também, meu caro anónimo das 19:35.
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4 comentários:
José Hermano Saraiva: Assisti a uma conferência sua e pude por breves momentos, privar com ele, numa conferência organizada pela Associação de Estudantes da "minha" "velhinha" Faculdade de Filosofia de Braga em 1992. Título da conferência: "Colombo e a América", visava comemorar os 500 anos da descoberta do Novo Mundo. Devo confessar que os 45 minutos de intervenção deste "insigne" Historiador, me pareceram apenas 5 minutos, tal a vivacidade e entusiasmo colocados no seu discurso relativamente à narração dos factos históricos. Muitos vêem este Homem apenas pelo lado mais negativo, fácil e redutor, ou seja, a sua ligação ao regime Salazarista e às crises académicas do final dos anos 60. Eu prefiro olhá-lo pelo seu aspecto mais positivo, pela imensa felicidade que me deu enquanto Historiador de Excelência e um "vulto" extraordinário que muito contribuiu para o desenvolvimento da Cultura Portuguesa. Que a sua alma descanse em Paz.
Exactamente, Miguel.
Desde finais dos anos 70 fui um seu telespectador assíduo e muitíssimas vezes fiquei preso ao ecrã da TV e às palavras hipnóticas do velho professor.
Era um salazarista convicto, e também misógino. Não deixou boa recordação da sua passagem pelo Ministério da Educação. No que afirmava misturava às vezes a verdade histórica com suposições e teses arriscadas da sua autoria. Alguns outros historiadores desprezavam-no, com alguma razão científica mas também movidos pela inveja de não terem a notoriedade pública de JH Saraiva.
Todos os seus defeitos, porém, pouco valem em comparação com o seu imenso talento. Para gerações de Portugueses, ele foi o grande divulgador da nossa História e fez talvez mais pela nossa auto-estima do que todos os outros intelectuais portugueses juntos. O seu entusiasmo, o seu carisma, a sua capacidade inigualável de comunicador, a sabedoria (histórica e humana) que soube acumular e transmitir, deixaram uma marca que não será esquecida tão cedo. Por isso, e apesar das sombras que lhe podemos apontar, associo-me na homenagem merecida à sua memória.
É a tal estória - era este e aquele e não se sabe que mais mas morreu... coitadinho!
Que nos reste esse consolo... Por muito imbecis que sejamos, a maioria irá lembrar-se de algumas coisas boas que fizemos e arranjará umas bonitas palavras para dizer sobre nós. Por mim, isso consola-me. Que não se esqueçam de si também, meu caro anónimo das 19:35.
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