segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Saída de Francisco Louçã e o futuro do Bloco

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Francisco Louçã abandona o cargo de "coordenador" do Bloco de Esquerda através de uma carta dirigida aos "ativistas e ao povo do Bloco". Um passo (quase) brilhante. De uma forma inteligente despede-se da liderança mas sem "se despedir da luta", no entanto desvirtua a carta ao dar indicações claras do modelo organizacional (coordenação bicéfala) que ele pretende para o Bloco, dando a entender um certo paternalismo que, na minha opinião, é altamente pejorativo. Francisco Louçã é, sem dúvida, um político carismático e que certamente marcará a política portuguesa da III República. Um dos mais "bem preparados" políticos, possuidor de uma eloquência e de uma inteligência ímpar, orador mais importante da política portuguesa, Francisco Louçã retira-se da liderança do Bloco com um feito único: conseguiu, juntamente com os fundadores, constituir e singrar um projeto político desafiador. Claro que Francisco Louçã não escapa à crítica. Padece, também, de virulentos devaneios mundanos. Atente-se ao caso com o eurodeputado Rui Tavares e com o jornalista Daniel Oliveira. É o seu principal defeito, uma certa alergia a uma "social democracia" bloquista que se manifesta em vários ataques pessoais totalmente despropositados. 

Adiante. A escolha do modelo diretivo e dos seus atores acontecerá em novembro, na convenção bloquista. Ali se discutirá o futuro do Bloco. Vários nomes, dos possíveis, foram "lançados" publicamente, dos quais se destacam João Semedo, Catarina Martins e Ana Drago. Muitos mais haverão e é digno que se apresentam publicamente. Simpatizantes e militantes de base devem conhecer publicamente a disponibilidade e as propostas que irão a escrutínio interno. É democrático e politicamente saudável que este processo aconteça sem o atual "ruído mediático" (como está a acontecer propositadamente).

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