domingo, 22 de dezembro de 2013

meu querido editorial: quase tudo como dantes.

Passada a ressaca eleitoral e a análise semifria dos resultados saídos das urnas, seria de esperar alguma mudança em Cabeceiras de Basto. Mais ainda depois de uma campanha marcada pelo discurso de ruptura com 20 anos de virtudes, defeitos e sobretudo muito desgaste. Mais ainda pela expectativa de que a noite de 29 de Setembro marcasse uma viragem na forma de fazer política neste concelho, menos monolítica e muito mais aberta à sociedade civil, ou que pelo menos a deixasse em paz. A vitória relativa do partido socialista obrigaria a isso, especialmente se a oposição, agora em maioria na Câmara, fizesse jus aos seus comícios, artigos de opinião, tempos de antena e altifalantes.

 No entanto, os dias que se seguiram foram marcados por uma quase reposição do popular “Perdoa-me” de Fátima Lopes. No jogo de anca e manobra de bastidores, a evocação de um “bem maior” que deixou a todos perplexos, alguns dos antigos acicatados animais ferozes domesticaram-se mutuamente, permitiram uma coligação entre rivais que resultou, na prática, numa renovação de poder do presidente de câmara cessante, contra a maré da lei de limitação de mandatos. Sim, falo da nomeação de Joaquim Barreto para a Basto Vida, com a alavanca de Mário Leite e Abílio Alves, para que se alongue um pouco a memória curta. Alguns leitores até podem achar que não, mas ao entregar a presidência de uma cooperativa municipal, com grande parte da actividade camarária, atribuiu-se um "papel executivo de presidente de câmara" a quem não foi eleito para isso. Pior ainda quando se delegou o posto a alguém que foi mandatado (e o próprio fez questão de assim assumir) para outra coisa. Ficou assim o concelho preso na engrenagem esquisita de um mecanismo de aparente incompatibilidade ética e institucional: um Presidente de Câmara que presta contas ao órgão (Assembleia Municipal) presidido pelo presidente de uma cooperativa (Basto Vida) que presta contas ao Presidente de Câmara. Um triângulo amoroso a dois, de ângulo esdrúxulo, onde há uma figura que ocupa dois vértices, confundindo todos e que aproveita o palanque mediático para olhar o plenário, onde espelha todos os seus feitios.

O resultado está aí, nos sites oficiais da autarquia, na postura em assembleia municipal, nas fotos e na pose. O fenómeno, mais que inchar o ego do perpetuado, diminui claramente quem foi legitimamente eleito presidente de Câmara e vereador com pelouro, porque fica assim nuzinho na sua falta de vontade e preparação técnica e política para aquilo que foi mandatado. A demonstrar, caso provavelmente sem paralelo no país, a Basto Vida, qual fénix renascida das cinzas da Emunibasto, a partilhar ombro a ombro o protagonismo com a Câmara Municipal. A presidência municipal, quando não é "um monstro de duas cabeças", faz-se representar no mesmo folclore triste de há um ano atrás.

 Parece tudo como de antes. Parece, mas não tem que ser. Aos muitos eleitos da oposição, como aos outros, como a todos os que fazem a participação cívica, cabe a missão que lhe foi mandatada pela maioria dos eleitores cabeceirenses: fazer a denúncia dos atropelos à ética democrática, fazer cumprir um programa de governo que, respeitando as diferenças, integre os sonhos de todos os munícipes. Até lá, Cabeceiras continuará órfã de uma presidência de todos e para todos.

Boas festas e Feliz 2014.

editorial do Jornal O Basto, 17 de dezembro de 2013

5 comentários:

Anónimo disse...

quereides o quê? o tempo de há 20 anos atrás ? no tempo do campilho do psd? é so ver o antes e depois.....os deuses q nos livrem de tal a bem de todos nós...

Anónimo disse...

Mas quer quereides quer não, apesar dessas décadas todas, o paralelismo existe e até com personagens repetidas...

Anónimo disse...

ó Pi, vai dar uma volta ao bilhar grande e fica por lá...

Anónimo disse...

meu caro anónimo das 01:35, tb tendes razão no que dizeis....

Anónimo disse...

Tem mesmo? só se te estiveres a referir ao último alinhamento das baterias que agora em vez de estarem apontadas ao psd, passaram a estar apontadas a tudo qunto for independente e afins.
Mas aquela "expulsão" sem cartão foi mesmo de mestre. e não é que ninguém se conseguiu impor?
Ora agora mando eu, Ora agora mando eu! Porra afinal manda sempre o mesmo. Isso quer dizer que os dados estão viciados.