segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Projectos de Basto: Ideias e Oportunidades Verdes

Já vem a caminho da futura "rotunda para Cabeceiras" - como lhe hão-de chamar -, a estrada da curva abaixo do Adolfo, o Ferreiro ou black smith da terra, que desviará o trânsito vindo dali e para ali, sem passar na downtown arcoense, de fracas vistas, com passeios mal amanhados, pouco tolerantes com peões de pernas ou em cadeira de rodas, e fachadas, algumas, de meter dó ao mais distraído dos arquitectos naive.

A estrada, ou rua nova, abre no entanto a Vila ao Rio Ouro, dá-lhe uma marginal por instantes, e desvenda dois espaços verdes com potência de serem espaços nobres do burgo, houvesse vontade pública e privada. Um deles, o frondoso olival [assinalado na imagem em contorno turquesa, ou não] que será "criminoso" algum dia ponderar abater por um punhado de apartamentos. O outro [contornado a laranja] é correspondente ao terreno envolvente à "estação de captação de àgua", que julgo público em grande parte, e que daria um belo parque ribeirinho, já com uma ponte pedonal, para servir Arco de Baúlhe, Faia, Santa Senhorinha e Pedraça, e que muito ganharia com a reconstrução da ponte do Vau (a vermelho), meia dúzia de metros acima.

Adenda pelo Carlos M.C. Leite:
Toda esta proposta tem que ser vista não como um acontecimento isolado(tipo ilha) mas como parte integrante da Vila do Arco de Baulhe, não se podendo dissociar da mesma.

Parece-me que a estrada, que ligará rotundas, pode ter uma bom papel estruturador do espaço que trespassa, adivinhando-se que o Plano de Urbanização para aquele espaço promete uma densificação da construção, que já vem desde a Avenida Capitão Elísio Azevedo, e fará que a área de descompressão dessa densificação agora esbarre no rio. O Arco começa a ganhar uma densidade que justifica, o arranjo de um espaço lúdico verde com alguma escala, e deste modo, e com o estender da construção até perto do vale do rio ouro, era bom que se aproveitasse a valência natural que este proporciona. Já no estado que está, aquela área é aprazível, imaginem-na com um bom arranjo paisagístico. Tudo isto coroaria e enriqueceria todo o conjunto edificado que irá aparecer, e o património que já atravessa o rio, é bom que se pense nestas ligações, sobretudo das pontes, pois não me parece que o rio consiga ter um papel determinante na imagem da Vila se notarmos que o mesmo funciona como barreira ao seu crescimento. Já falei que margem oposta à do Arco de Baulhe deve merecer uma atenção, uma vez que se apresenta com melhor insolação, e até porque se mostra á margem do Arco.

O caso do “frondoso olival” talvez, e mais uma vez como forma de descomprimir e de tornar mais salubre aquele núcleo de construção, era plausível de se manter, mas apenas se não puser, em causa a “boa aposta arquitectónica” que se espera para aquele espaço.

É bom que sejamos sensíveis, a este tipo de património vegetal, que alem de dar ao local alguma identidade, pode contribuir para o seu bom funcionamento. Os olivais na minha opinião são jardins de excelência, e este é real, com história e não precisaríamos de fazer um jardim como um cenário construído, à imagem do que mal se construiu no Lugar da Serra tornando aquele espaço algo ridículo. Hoje cada vez mais as pessoas identificam-se com o real, com as memórias com as identidades, que propriamente com as paisagens fictícias, vulgarmente chamadas de paisagens de silicone, por isso espero algum respeito pelo existente de forma a que todo o conjunto ganhe. É preciso ceder para ganhar… e o lugar só nos dá algo se sentir que nós lhe demos também.

A receita para tudo é: sensibilidade e bom senso.

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