terça-feira, 14 de abril de 2009

Os Quintais

«a decisão que levou o nosso município [de Mondim] a integrar esta Comunidade [do Ave] tem sobretudo fundamentos de natureza técnica, assentes num exercício de asserto de dados estatísticos, convenientes à gestão do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) a Norte. Mas esta decisão tecnocrata, oportuna e cuidadosamente construída na Comissão de Coordenação da Região Norte, traduz bem o estado dos relacionamentos pessoais e institucionais que hoje se verificam entre autarcas e autarquias de Basto. No caso de Mondim de Basto, as relações são privilegiadas com Cabeceiras de Basto, de desencontro com Celorico de Basto e praticamente inexistentes com Ribeira de Pena.» [José António Nobre]


A (re)definição dos mapas administrativos em Portugal foi sempre feita à revelia das realidades locais, servindo a tecnocracia vigente, os delírios de burocracia e a forma fria com que assim se vão adaptando flops à estatística e distribuição de investimento à portuguesa. Não será por acaso que, no bailado do puzzle, qual cubo de Rubic, a Região de Basto nunca o foi para além do nome e nunca teve lugar como o sólido pólo de desenvolvimento e de influência em si mesmo.

Mas se antigamente era tudo inerente à distância administrativa e emocional das decisões de gabinete em Lisboa, actualmente os laços estabelecem-se de acordo com as simpatias entre os autarcas locais, como se negociassem a vida, a história e o espaço vital dos seus cidadãos quais hortas próprias entre compadres. Só assim se entende que Mondim de Basto, em pleno vale do Tâmega, seja anexado à "Comunidade Intermunicipal do Ave". Só assim se percebe, que pela birra, se apartem Celorico e Ribeira de Pena dos outros dois concelhos de Basto. (Caro Carlos Leite, mais vale começares a Pensar Tâmega]

Uma coisa é certa: mais facilmente se abrirão via larga e comboios entre Cabeceiras e Mondim do que se cumprirão mais 20 anos de promessas no vale do Tâmega. É onde chega a prepotência e os delírios de grandeza.

3 comentários:

Dario Silva disse...

Mondim do Ave a concelho, já.

Carlos Leite disse...

Os males que afectam Basto estão evidenciados neste post... acho um erro tremendo que o desentendimento político entre os presidentes acabe por afectar de forma tão gravosa a vida de todos os habitantes de Basto.

Enquanto não for pensado Basto de forma séria estaremos a adiar um futuro auspicioso para uma região cujos pólos individualmente não tem peso, escala e nem massa critica suficiente, nem peso decisor na hora de reivindicar fundos para delinear uma estratégia sustentada a longo prazo, o futuro destas terras passa por isso pela cooperação e complementaridade, e estar a separar politicamente o que está unido culturalmente, geograficamente, e quer queiramos quer não economicamente, é um erro politico grosseiro, que quanto mais tempo demorar a sua correcção mais tempo teremos para alcançar um futuro auspicioso.

No entanto penso que mais que isto Basto não está separado pelo facto de não haver vias de ligação entre eles, mas sobretudo por falta de estratégias conjuntas e de bom senso, pois isto resolveria o resto.

Cabeceiras só pensa em Basto quando lhe convém captar centro de emprego, museu, e tribunal todos eles de Basto.
Na altura de ser pensada a Variante do Tâmega que ligaria três pólos de Basto, preferem ligar tão só o Arco a Cabeceiras. (projecto que poderia esperar, e só fará sentido quando tivermos a ligação Celorico-Mondim-Arco feita.
Quem é de Basto é sempre de Basto e não apenas quando há interesse, e quando isso faz bem ao umbigo.

Dario Silva disse...

Já pintaram aquela estrada com se-calhar-três-faixas entre Amarante e Celorico ou há uma desculpa nova?
Já morreu muita gente ou aquilo é só para "local people only"?