a fusão lógica e natural das freguesias de arco de baúlhe com vila nune, faia e pedraça só poderia estar ameaçada por alguma visão estreita e pouco democrática de quem tem as responsabilidades no processo. e é o que está a acontecer para gáudio do ego diminuto dos autarcas que as presidem, sempre mais preocupados em passear a vaidade do seu pequeno poleiro e a cumprir a agenda de quem os encima, do que a servir e a discutir um assunto de tamanha importância com as pessoas a quem realmente deviam prestar contas: os cidadãos e eleitores.
para quem ainda não ouviu falar em nada, todo o processo já estará a ser trabalhado em silêncio, tendo em vista a preservação de capelinhas e vigários anexos. assim sendo, a reforma fica por ajustes menores. aqui no sul do concelho de cabeceiras de basto, fala-se na fusão de arco com vila nune, da faia com santa senhorinha e de pedraça com cavês ou riodouro. (imagine-se lá, com riodouro).
se à primeira vista pode parecer um mal menor face às exigências da troika, isto tem um efeito devastador na importância da vila de arco de baúlhe como pólo dinamizador e agregador, no contexto do concelho. ficando (um bocadinho) maior, perde dimensão geográfica, populacional e política relativa. nesse momento, esvai-se toda a capacidade reivindicativa e de atracção face à macrocefalização do concelho na vila-sede, em refojos.
já sei que me vão chamar bairrista bacoco e alimentador de rivalidades anacrónicas. mas não é nada disso que se trata nem que me alimenta, como dirá quem me conhece no trato do quotidiano. interessa-me um desenvolvimento harmonioso do concelho sem esvaziar as aldeias, sem espezinhar potencialidades e identidades de algumas comunidades até à sua insignificância política, para depois lhes retirar tudo. essa estratégia é errada e os censos 2011 demonstram a tragédia da centralização quer a nível local, quer a nível nacional.
no que a arco de baúlhe diz respeito, este caminho é um desastre, porque aos poderes centrais fica muito mais fácil retirar os já ameaçados serviços de saúde ou dos correios sobre o pretexto da austeridade. nada que fosse admirar depois da extinção do agrupamento de escolas.
o que as outras freguesias fundidas ganham em dimensão para a luta de galos, perdem na dinâmica e na proximidade dos serviços essenciais. a consequência disto é a depressão económica e social. se o objectivo de todos estes arranjos é meramente cumprir o sonho piroso (e de carreira) da elevação da vila de cabeceiras a cidade, à custa da morte de outras povoações e depois de tanto investimento sem consequência prática, então parabéns. mas não contem comigo nem para casamentos, nem para enterros. assim não.
5 comentários:
Vão colocar sempre os intereses, sejam eles quais forem, à frente das reais necessidades e anseios das populações. Só uma revoluçaõ os parará.
Alguém tem de fazer alguma coisa e tem que ser rápido. Panfletos, jornais, blogues, boca a boca, enfim, todos seremos poucos para combater esta teia de interesses.
sou completamente favorável à formação de uma comissão que abra o debate nestas freguesias. é preciso vincar a ideia de que todas elas juntas têm um dimensão maior que actualmente separadas.
O Arco tem e manterá sempre uma certa importância local. Tem comércio, tem uma localização rodoviária estratégica, tem tradições, etc., e mesmo que perdesse parte dos serviços públicos, estes não se deslocariam para muito longe. Mas que merecia melhor tratamento de quem tem o poder, isso é verdade. Não sei se há uma estratégia de rebaixar o Arco: se não há, parece. Tens razão, faz falta um debate extensivo às populações. Mas cuidado com os bairrismos: quem só olhar para a sua árvore não consegue ver a floresta.
O Arco será sempre o parente pobre, enquanto a cãmara for governada por pesoas daquele calibre. Pode ser que este estado de coisas mude. Haja paciência e acima de tudo esperança.
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